​Operação "Meganha" : Polícia prende 11 agentes e diretor de presídio; advogados são suspeitos

Agentes penitenciários recebiam vantagens para facilitar "vida" do preso no Ênio Pinheiro.

Publicada em 09 de março de 2017 às 10:51:00

Matéria atualizada às 17 horas

A Polícia Civil do Estado de Rondônia por meio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO) deflagrou , na manhã desta quinta-feira (09/03), a operação denominada "Meganha". Onze agentes penitenciários, incluindo um diretor, foram presos. Pelo menos dois advogados sob suspeita estãos endo investigados. 

O objetivo da operação é combater atos ilegais de favorecimento ao preso realizados por uma organização criminosa que atuava dentro do Sistema Carcerário local, além de outros crimes. A ação,  coordenada pelos Delegados da DRACO contou  com o apoio de cerca de 200 policiais civis, entre eles,  a colaboração direta de 20 delegados conduzindo quase 50 equipes. Vale ressaltar que a equipe do Comando de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar também atuou na Operação, dando todo suporte dentro do presídio.

O Delegado da Polícia Civil lotado na DRACO, Marcos Vinicius, revela que a Draco iniciou sua investigação contra apenados que praticavam crimes de tráfico de drogas, furtos e roubos e, durante esta investigação, foram identificados atos ilegais por parte de alguns agentes penitenciários do Sistema Carcerário local. "Vários monitoramentos foram realizados, assim como, acompanhamento dos acusados e, de acordo com as investigações, alguns dos agentes públicos lotados no Presídio Ênio Pinheiro, favoreciam alguns presidiários em troca de vantagens pessoas, tais como,  dinheiro, abastecimento do veículo particular, entre outras", explica o Delegado.

De acordo com a Delegada da Polícia Civil também lotada na DRACO, Ingrid Brandão, as investigações demonstraram que os presidiários beneficiados tinham estreita relação com os agentes públicos. "Houve casos apurados durante a investigação de o preso dirigir o veículo particular do agente penitenciário, almoçar em restaurante e o preso pagar a conta, assim como, de ir buscar o filho do agente público na escola, dando a entender o laço de confiança e aproximação do agente público com o preso, em alguns casos", disse a Delegada Ingrid.

Aline Neiva, Delegada da Polícia Civil e integrante da especializada DRACO, explica que as condutas do agentes públicos foram ilegais em várias circunstâncias. "Os presos beneficiados, saíam do Presídio Ênio Pinheiro sem cumprir as normas internas de saída do sistema prisional, tinham total liberdade com os agentes penitenciários e não utilizavam algemas durante o percurso da escolta que era realizada em carros particulares dos agentes públicos", comentou a Delegada.

Em um dos casos investigados, o preso solicitou a compra de refrigerante e bebidas alcoólicas de dentro do presídio e, com a ajuda de um agente penitenciário, os produtos foram colocados para dentro do sistema carcerário, porém foram interceptados pela equipe de plantão da unidade prisional.

Durante a "Operação Meganha", foram cumpridos 48 mandados de busca e apreensão, mais de 30 pedidos de mandados de prisão preventiva e a solicitação de 06 afastamentos dos cargos públicos. Os agentes públicos devem responder pela facilitação de entrada de aparelho celular em presídio, organização criminosa,corrupção passiva, prevaricação imprópria, entre outros.

De acordo com informações da coordenação da Operação Meganha, outros envolvidos também foram identificados durante a investigação policial e devem prestar esclarecimentos da Delegacia Especializada nos próximos dias, além dos que foram conduzidos no dia de hoje.

 

Meganha/Histórico

É difundida a tese de que a palavra viria de “me ganha”, do verbo “ganhar” – como numa frase supostamente dita por um delinquente: “me ganha” (no sentido de “me pega,se conseguir”).

Originalmente, o substantivo “meganha” aplicava-se aos chamados “soldados de polícia”, membros das antigas “forças públicas”, brigadas paramilitares provinciais, responsáveis pela segurança pública e a custódia dos presos nas então províncias (posteriormente Estados) do País.

Com a mudança das próprias instituições policiais brasileiras e a extinção das antigas “forças públicas” e dos “soldados de polícia”, o termo meganha teve seu sentido expandido até abranger todo e qualquer policial, inclusive guardas prisionais.

Destacou-se, desde o início das investigações, a participação de agentes penitenciários nas práticas criminosas da organização criminosa, logo o título da operação tem correlação com esses agentes públicos.

Fonte: ASCOM/PCRO