Com saúde não se brinca - Valdemir Caldas

A Lei Complementar no. 141/2012 obriga os gestores da saúde, nas mais diferentes esferas de poder, a apresentarem, quadrimestralmente,

Publicada em 17 de July de 2014 às 16:43:00

O Secretário Municipal de Saúde de Porto Velho, Domingo Sávio Fernandes de Araújo, compareceu ao plenário da Câmara
Municipal, terça-feira (15). Não que tenha sido convocado ou convidado para nada. Foi o próprio secretário que solicitou ao
presidente da Casa, Alan Queiroz (PSDB), por meio de ofício, a realização de uma audiência para apresentar o que chamou de Plano de Saúde Municipal.

A Lei Complementar no. 141/2012 obriga os gestores da saúde, nas mais diferentes esferas de poder, a apresentarem, quadrimestralmente, relatório circunstanciando de suas atividades, informando, dentre outras coisas, o valor e a fonte
dos recursos aplicados no período, oferta, expansão e produção dos serviços postos à disposição da população, indicando, ainda, se houve auditórias realizadas no período e quais foram suas recomendações.

Quem ouviu o secretário e não conhece o dia-a-dia da saúde municipal pode imaginar que o portovelhense vive num pais de primeiro mundo. Curiosamente, o diagnóstico feito pelo senhor Domingos deixou alguns parlamentares radiantes. Não menos, é claro, que assessores da SEMUSA, que estavam no plenário e devem ter ficado com as mãos calejadas de tanto baterem palmas para o chefe.

Na prática, porém, a realidade é completamente diferente, embora o candidato Nazif tenha prometido mudar a face deformada do sistema, assim que assumisse o comando do município, mas o que se tem visto é uma sucessão de desastres, um misto de incompetência e descaso para com a saúde da população, hoje, entregue à sua própria desdita, já que o poder público abdicou de uma de suas maiores responsabilidades, que é proporcionar um sistema de atendimento efetivo e de qualidade aos que dele precisam.

Um governo só pode ser considerado digno quando consegue transformar os recursos extraídos do povo em forma de impostos, taxas e contribuições, em instrumentos de bem-estar social para os cidadãos. De outro modo não é governo, é mistifório. Domingos conseguiu convencer aliados do prefeito Nazif de que a saúde municipal anda às mil maravilhas, mas quem depende do sistema sabe que ele está na UTI, à espera de um choque de competência. Para quem se vangloria de ter expertise no setor, o secretário deveria saber que, com saúde, não se brinca.