Em Linhas Gerais: Ausência de protagonistas preparados e sem medo do futuro marca centenário de Porto Velho

Gessi Taborda

Publicada em 22 de September de 2014 às 10:30:00

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A GRANDE POLÍTICA
No próximo dia 02 de outubro a capital rondoniense comemora seu primeiro século de existência como município. A lei que criou o município (até então pertencente a Humaitá, no Amazonas) foi assinada e promulgada pelo Jonatas Pedrosa, em 1914. A efetiva instalação do município demorou mais um pouco (24 de janeiro de 1915). Assim, o primeiro centenário de criação efetivamente se dá no próximo 2 de outubro. A coluna vem tratando desse tema, sobretudo nas edições de abertura da semana, como acontece agora, por entender que esse primeiro centenário se reverte de um grande simbolismo e, por isso mesmo, deveria ser comemorado condignamente pela prefeitura e até pelo governo estadual. A data poderia servir de um marco para o renascimento da grande política esperada pelos rondonienses de hoje, mas isso não irá acontecer, por culpa principalmente das gestões desastrosas das últimas décadas a que nossa capital se sujeitou.

PROTAGONISTAS MELHORES

É uma feliz coincidência que o primeiro centenário de nossa capital se dê exatamente no mês em que a mobilização eleitoral está no ápice da escolha de deputados estaduais e federais, além do senador da república. O processo eleitoral terá desdobramentos no segundo turno para os cargos de Presidente da República e governador do estado.
E graças a esse ambiente de debate político, podemos afirmar sem possibilidade de erro que nossa capital não sentirá nada muito especial na rotina de sua vida ao completar esse primeiro centenário, exatamente pela falta de protagonistas sem medo do futuro, com capacidade de gestão e de intervenção na vida urbana, com políticas claras para os setores da economia, da cultura, do desenvolvimento em geral.

FUTURO INCERTO
O futuro de Porto Velho interessa a todos os rondonienses e não somente aos moradores da capital. Com o prefeito que temos certamente o futuro da cidade é incerto. Talvez demore outros 100 anos para que as grandes reformas estruturais, necessárias para garantir um crescimento sustentado e o avanço na qualidade de vida tão sonhado, aconteçam de fato.
Este momento eleitoral e coincidentemente o do primeiro centenário deveria inaugurar – junto com a sociedade portovelhense – o debate sobre as grandes políticas para nossa capital, a ser efetivamente implementadas nas próximas décadas.

SECRETARIA METROPOLITANA

Apenas um candidato na disputa do governo rondoniense tem procurado responder às indagações feitas pelos moradores de Porto Velho, firmando um compromisso de realizar intervenções na capital, se possível com a parceria da prefeitura, para conceber um pensamento metropolitano, construindo obras efetivamente indutoras de um progresso econômico nos setores de sua maior vocação, como o turismo, a indústria e a logística. Apenas Expedito Júnior, o candidato do PSDB, tem defendido claramente a criação de uma pasta voltada para as políticas da metrópole que completa seu primeiro centenário.

BRINCADEIRA INFANTIL

O lamentável prefeito Mauro Nazif não fará nada para se transformar no prefeito transição do centenário. Será só mais um ocupante do paço municipal que – pasmem! – anuncia como sua grande iniciativa na comemoração da data simbólica apenas uma “festa do centenário de Porto Velho para crianças” (título de factoide de sua Comdecom) que – pasmem de novo leitores! – precisou da pareceria de uma cantora completamente desconhecida (Kira Garcês) que produzirá a festa (no dia 28m na praça Aluízio Ferreira) por sabe-se lá qual preço a ser pago pela municipalidade.

DEBATE? DE JEITO NENHUM
E como o tal prefeito vem se revelando desde o início de seu governo como mais uma autoridade parva, até mesmo a oportunidade, pela simbologia da data, não se espere a realização de debates, seminários ou coisa aparecida para, por exemplo, procurar e apontar alternativas a uma eventual instabilidade dos mercados e da recessiva economia que já se tisna o horizonte de geração de emprego e renda, a ser enfrentado por Porto Velho a partir do próximo ano.
Também não se esclarecerá nesse centenário se vai se fazer uma reforma (coisa das mais necessárias) na utilização dos recursos do município, tendo em vista reduzir desperdícios visíveis, bem como da dependência das contribuições nacionais, buscando racionalizar o orçamento comunitário.

GESTÃO CONJUNTA
A proposta de criação da Secretaria Metropolitana feito por Expedito Júnior só terá sucesso se houver a criação de um instrumento de gestão conjunta para intervenções na área da capital, com a tal secretaria funcionando como uma espécie de agência de fomento econômico e social.
Difícil acreditar que um prefeito incapaz de afastar a parentada de sua administração, mesmo tendo historicamente sido contrário ao nepotismo, aceite compartilhar seu “poder” com uma retaguarda política negocial – mesmo que seja bom para a comunidade – mais sólida do que a própria prefeitura.

EXAGERO
O senador (ainda) Ivo Cassol sempre foi assim, exagerado, na colocação de seus pontos de vista. Mas se julgar um perseguido político na mesma linhagem de Tiradentes, convenhamos, é alguma coisa completamente absurda. Cassol – sejamos realistas – recebeu uma condenação que certamente vai aposentá-lo precocemente da vida pública, possivelmente como derivação do complexo de vira-lata sempre presente nas gestões dos governantes do Estado. Se pensasse realmente grande, certamente não teria caído nessa enrascada. Acreditar na própria inocência é um modo de encontrar um pouco de conforte nessa enorme tempestade à sua frente.

E CONTINUA

E parece estar tudo liberado na propaganda eleitoral. Os responsáveis por essa propaganda (e os próprios partidos adversários) não irão proibir o candidato a senador Acir Gurgacz de continuar mentindo ao eleitorado, fazendo promessas de executar obras (em todas as áreas) que são, como se sabe, da competência do Executivo. Parlamentares (como é o caso do Senador) não tem essa atribuição. O eleitor mais fácil de ser enganado pode estar acreditando nas promessas de Acir e decidir dar-lhe o voto enganado por uma mentira repetida e, pelo visto, aceita por quem fiscaliza essa tal de propaganda gratuita (???) no rádio e na TV.

PERGUNTINHA

Como pode a sra. "presidenta" falar em sua propaganda política que no seu governo não houve corrupção e no próximo mandato a "luta" contra a corrupção vai ser ainda maior? É falta de óleo de peroba?


INVERSÃO

O prefeito não foi capaz de dar utilidade à faixa transformada em área de estacionamento proibido na Avenida Calama, que serve apenas para alimentar a fúria de sua fábrica de multas. Deveria liberá-la o trânsito de todos os veículos, pelo menos e não mantê-la como um corredor de ônibus que ninguém sabe e ninguém viu. É algo como a inversão do trânsito no período central da Sete de Setembro. O Ministério Público precisa urgentemente ver isso, afinal, mudar de lado como se muda de roupa numa cidade como Porto Velho, de ruas estreitas, não é normal, mesmo vindo de um fraco prefeito.