Em Linhas Gerais: Desaquecimento da construção civil ameaça deixar à míngua dezenas de trabalhadores e frustrar jovens desejosos de ingressar no mercado

Gessi Taborda

Publicada em 04 de fevereiro de 2016 às 12:22:00

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FILOSOFANDO

“Quando os homens são puros, as leis são desnecessárias; quando são corruptos as leis são inúteis”. Benjamin Disraelli (1804/1881), Filósofo, poeta, político e escritor britânico.

É O CAOS

Se você está desempregado e não tem uma profissão definida, regulamentada, com formação de qualidade, prepare-se para uma situação ainda mais arrochada, especialmente se você imagina que pode se salvar na construção civil.

Uma fonte bem informada disse à coluna que as construtoras que promoveram o verdadeiro “boom” do setor de imóveis em Porto Velho estão desesperadas. Já receberam de volta pelo menos 38% das unidades vendidas em lançamentos. Novas incorporações nem existem mais. Isso significa baubau para empregos de pedreiros, mestre de obras e ajudantes de construção.

E nesse ambiente tétrico, nem prefeito e nem governador fazem coisa alguma, a não ser as tradicionais promessas eleitoreiras (que não serão cumpridas) como a construção da rodoviária e do Ceasa. Querem, mais uma vez, enganar o bobo na casca do ovo.

LEÃO

A partir de agora, a idade mínima dos dependentes que devem ter o Cadastro de Pessoa Física (CPF) informado na Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) cairá de 16 para 14 anos. Outra mudança é a obrigatoriedade de profissionais da saúde e advogados autônomos informarem o CPF de todos os clientes que lhes pagaram rendimentos.

PRAZO

O prazo de entrega da declaração do IRPF 2016 (ano-base 2015) vai de 1º de março a 29 de abril, às 23h59min59s. Estão obrigadas a entregar a declaração, as pessoas físicas que ganharam, no ano passado, R$ 28.123,91 em rendimentos tributáveis. Isso equivale a R$ 2.343,66 por mês, excluindo o décimo terceiro salário, que tem tributação própria.

SEM CONFIANÇA

Você costuma confiar decididamente no médico que procura pela primeira vez ao primeiro sinal de que alguma coisa não vai bem com sua saúde? Se a resposta for sim, você corre sério risco de estar cometendo um grave erro.

Médico não erra apenas quando assume cargo público e passa a atuar em cima de interesses próprios e não do povão, dos eleitores que depositou, com o voto, confiança nele.

ALERTA ANTIGO

Há mais de uma década as entidades médicas vêm reiteradamente alertando a sociedade sobre os riscos da abertura de escolas de medicina sem qualificação. Tais denúncias não se mostraram suficientes para vencer os interesses econômicos e políticos associados à indústria do ensino superior.

Desconfiar é quase uma obrigação. O próprio Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) documentou o despreparo de muitos de nossos futuros médicos: mais da metade dos estudantes submetidos à avaliação daquele Conselho foram reprovados. Visto ter sido a prova aplicada apenas em voluntários, muito provavelmente os resultados seriam ainda piores caso fossem todos obrigados a realizá-la.

AQUI É MISTÉRIO

Em Rondônia até tentamos, mas não obtivemos respostas se aqui também se faz periodicamente a avaliação daqueles formados nas faculdades do estado e nem se informou sobre resultados dessa suposta avaliação.

PERMISSIVIDADE

Assim, face à permissividade de sucessivos governos e à frouxidão da legislação vê-se hoje no Brasil 178 faculdades de medicina, em sua maioria desprovida do corpo docente qualificado na área médica ou hospital universitário próprio. Nessas instituições são anualmente autorizadas 17 mil novas vagas ao ano.

E esse cenário desolador não é diferente por aqui. Até hoje Rondônia não tem o seu hospital universitário. E quem esperava que aquela construção fruto do trambique de um desses “mafiosos de branco” deverá continuar lá, em pé, como mais um elefante branco, onde não se poderá instalar o tal hospital universitário da Unir, como tanto se propalou.

CATASTRÓFICO

Enquanto o estado rondoniense não resolver estas questões básicas de Saúde, especialmente a de formação dos futuros médicos não resta a menor dúvida de que estamos sujeitos a índices catastróficos no que tange ao atendimento médico, especialmente no segmento da saúde pública, onde ainda recentemente publicou-se a notícia de que “até no programa Mais Médicos” se identificou a contratação de cubanos que não era médicos de verdade.

OS BONS

Certamente existem bons profissionais no segmento médico local. Apenas para ilustrar mais o assunto aproveito para destacar o nome do dr. Eduardo Wannsa, médico do Hospital das Clínicas que acompanha de perto minhas limitações de saúde, especialmente em relação ao diabetes e tem garantido a mim não só conforto no tratamento mas também recuperação em todos os momentos críticos.

E próprio dr. Eduardo não esconde sua preocupação com a situação calamitosa na formação de boa parte dos médicos de hoje.

MORALIZAÇÃO

Wanssa, como tantos outros profissionais sérios, opina de forma clara sobre o assunto: “Não resta a menor dúvida de que a solução passa pela moralização do ensino médico, aqui obrigatoriamente incluídas as avaliações das escolas e de seus alunos”, disse-me recentemente.

LEGISLAÇÃO

Aliás, o próprio Eduardo lembrava que dormita no Congresso Nacional há seis anos mantém na gaveta projeto de lei (PL 65/2003) que estabelece parâmetros para autorização de abertura e renovação de cursos de medicina.

Mas ele mesmo comentou: A legislação é necessária, porém não suficiente para garantir a qualidade dos graduados. Faz-se obrigatório também avaliá-los. Entendemos que o processo de habilitação para o exercício da medicina não se deve restringir apenas a uma prova de fim de curso.

VIDAS HUMANAS

Uma coisa é você conviver com os erros praticados por um médico no exercício de cargo público, como acontece com Rondônia, que tem um governador oriundo dessa categoria, identicamente ao que acontece com o prefeito da capital do estado.

Outra coisa é enfrentar erros de profissionais médicos no exercício da profissão quando o que está em jogo é sua própria vida.

Nos países desenvolvidos, o modelo de avaliação médica é adotado há mais de 100 anos ultrapassando circunstâncias semelhantes no Brasil.

Na vida pública os médicos que optam pela gestão pública podem ser avaliados pelo povo a cada eleição. Não há justificativa para que essa avaliação não seja uma rotina nos círculos da profissão.