Em Linhas Gerais: redes sociais fazem as vezes das praças públicas que não temos, deixando políticos de cabelo em pé

Gessi Taborda

Publicada em 28 de June de 2013 às 17:37:00

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AS PRAÇAS Numa cidade sem praça pública de qualidade para atender as necessidades de congraçamento das pessoas (faltam os equipamentos mais primários, como bancos e sanitários), como acontece com Porto Velho em decorrência dos péssimos prefeitos que passaram pelo paço nos últimos anos, a juventude descobriu nas redes sociais o melhor local para a troca de informações, para a expressão de suas reivindicações e vontades.
As manifestações ocorridas em Porto Velho – como de resto no país – foram organizadas pelas redes sociais. É nesse novo espaço de confraternização que as opiniões encontram eco entre as pessoas.

VOZES CALADAS Os políticos estão ouriçados com a força das ferramentas virtuais, principalmente quem vivia aprontado no passado e não era exposto perante a opinião pública, porque tinham o controle da chamada mídia amestrada. E o povo era sufocado pela mídia comprada – muitas vezes com o dinheiro público – sem possibilidade de manifestar sua indignação contra os maus políticos e gestores públicos.
Vozes outrora caladas, que não sabiam onde ou como manifestarem-se, enxergaram nas redes sociais o instrumento para, além de pontuar suas opiniões, encontrar eco junto a outras pessoas.

RELACIONAMENTO Os governos em Rondônia (de qualquer nível) não costumam ter assessores de qualidade. Preferem a intimidade dos áulicos e às vezes de membros da própria família. Por isso ficam basbaques diante do que anda acontecendo, da presença maciça da juventude nas manifestações.
Mesmo quando estavam dentro de seus “quartos-bolhas”, que os isolavam do mundo real em seus computadores, a voz dos jovens tinha força capaz de colocar um governo e uma corporação em situação de crise.
Agora, que ao que tudo indica a bolha foi estourada e os jovens redescobriram as ruas, e que a ressonância dessas vozes foi amplificada sobremaneira; governantes e prestadores de serviço devem se inteirar desta nova realidade e criarem meios de se relacionarem eficientemente com este público.

MOBILIZAÇÃO Ontem ocorreram novas manifestações em Rondônia. Algumas específicas, como a dos servidores do Detran que chegou com seu grito de desesperança nessa gestão do governo do PMDB rondoniense até a entrada da Assembleia, com muitos discursos e cartazes com palavras de ordem.
Mas no momento já não havia praticamente nenhum parlamentar na Assembleia. Os deputados esgotaram no dia 26 a pauta de deliberações, o que possibilitou a antecipação do recesso. E assim, ontem não houve a sessão, que seria a última do mês de junho.
Mesmo assim, a voz dos servidores do Detran tiveram força para denunciar desmandos, afirmar que o dinheiro do contribuinte (o Detran tem uma enorme capacidade de recolhimento de taxas) não está sendo bem aplicado naquela autarquia.

SITUAÇÃO DE CRISE Praticamente não adiantará mais aos governantes comprar o silêncio das grandes redes de televisão e dos jornalões; nem a cooptação o apoio dessas emissoras (com gordas verbas de publicidade) e dos jornalões. Nossa juventude descobriu que capilaridade das redes sociais supera qualquer outro meio de comunicação.
Usando essa plataforma, os manifestantes podem levar o grito de indignação, por exemplo, à casa do ex-prefeito Ali-Babá, tirando-o da aparente tranquilidade em que vive sem demonstrar qualquer receio do futuro, após tudo o que fez contra essa tão mal amada Porto Velho. Dirigentes públicos até então protegidos pela blindagem da impunidade estão hoje sujeitos a uma situação de crise.

INCERTO O resultado das manifestações aqui em Rondônia é incerto. As passeatas podem até sair das ruas, se o pessoal se cansar. Mas certamente as cobranças, os gritos de indignação, vão continuar dentro das praças virtuais. Porém, a lembrança de força e capacidade de mobilização deve permanecer gravada nas cabeças de muitos políticos, e é certo que as declarações oficiais deverão ceder lugar para uma ação concreta, se esses políticos pretendem continuar na vida pública.

BAGRE Mais uma dessas intervenções nascidas de alguma “cabeça de bagre” da burocracia municipal. Depois de um longo imobilismo, alguma cabeça coroada tem coragem imagina resolver o problema do trânsito na região do Conjunto Marechal Rondon acabando com a rotatória da avenida Rio Madeira com a Tiradentes.
Não há justificativa técnica para isso. Na maioria do período (fora da hora do rush) aquele é um local sem volume de trânsito que justifique um semáforo. Parece que o fornecedor desse equipamento (pelo qual o contribuinte paga uma grande bufunfa) mantém intacto o esquema da gestão anterior, responsável pelo excesso de semáforos que servem para represar o tráfego nessa cidade tão esperançosa de uma fluidez no trânsito.

PONTE AMEAÇADA Bem, eu espero que tudo não passe de mais uma conversa para boi dormir da administração municipal. Não é possível que depois de tantas idas e vindas; depois de todo o sufoco para ser fazer a ponte sobre o Rio Madeira, técnicos (???) da prefeitura levantem a hipótese de negar autorização para que a ponte sobre o Madeira, na BR-319 entre em operação.
Pois (pasmem, leitores!) é exatamente isso que consta de mais um factoide distribuído pela Coordenadoria de Municipal de Comunicação. Tudo com o objetivo de resguardar “os vizinhos do empreendimento de possíveis incômodos e tudo o que possa afetar as famílias que moram no entorno da ponte”, como consta no texto do tal factoide.

CARTAS Repetida mil vezes a história do presidente que saía e que entregou ao que entrava 3 cartas e disse: “Na primeira crise abra a primeira carta. Na segunda crise a segunda carta. E na terceira a terceira carta”. O novo presidente guardou as cartas por gentileza. Veio a primeira crise e se lembrou e abriu a primeira e leu: Coloque toda a culpa nos governos anteriores. Veio a segunda crise e abriu a segunda e leu: Faça uma reforma ministerial e transfira as responsabilidades para seus ministros. Veio a terceira crise e a terceira carta foi aberta. Dizia: Agora, escreva 3 cartas e as entregue a seu sucessor.
Dilma já abriu a terceira carta?