Em Linhas Gerais: Um roubo leva a outro

Gessi Taborda

Publicada em 25 de November de 2014 às 13:53:00

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UM ROUBO LEVA A OUTRO

Ainda não é o momento de acreditarmos que o poder político rondoniense se converteu em agente do crime. Mas é preciso ampliar as investigações ora feitas por operação policiais como a “Plateias” para verificar se a destinação privilegiada de gastos públicos em rubricas como a publicidade é isso mesmo e não mais uma sordidez que promove a corrupção no sentido e sufoca a mídia independente, enquanto destina milhões para a mídia amestrada. Certamente essa é uma investigação importante para fechar mais um ralo usado em Rondônia de forma totalmente antirrepublicana para o enriquecimento ilícito de uns poucos, normalmente aqueles prontos ao aplauso fácil e a manter os olhos fechados para os grandes desvios do erário.

ESTILHAÇO
A “sorte” (impunidade) que garante aos corruptos de alto-coturno rondonienses a liberdade precisa ter um ponto final. A impunidade desses ladrões do dinheiro do povo funciona como estilhaço que se espalha por todo o interior, onde a política desperta vocações e permite o aperfeiçoamento de corruptos, como nunca se viu antes.
Todos os dias praticamente surgem novos casos. Essa semana o noticiário das imoralidades começou por Machadinho (a cidade de Neodi, que foi o vice na chapa de Expedito), onde Reginaldo Marques Silva foi afastado da presidência da Câmara Municipal para se evitar a continuidade de novos rombos contra o erário, no velho e batido esquema das diárias.

FLORESCIMENTO

Depois apareceu mais uma vez a cidade de Vilhena, onde os desmandos e falta de seriedade na condução dos negócios públicos inspirou a nomeação de servidores comissionados “analfabetos”, pagos com os melhores salários da municipalidade.
Outra cidade onde a corrupção germina e floresce é Ariquemes, terra de origem política do governador Confúcio Moura, chefiada por Lorival Amorim, político que teve uma passagem apagada na Assembleia Legislativa. Lá a corrupção envolve uma UPA inacabada e uma construtora que deixou a obra de lado, depois de pagar propina para engrossar o caixa eleitoral do prefeito, segundo disse José Barroso de Souza, o dono da pequena empreiteira.

É COMO CÂNCER
A corrupção está espalhada pelo estado de Rondônia. Essa corrupção paroquial, envolvendo prefeitos, vereadores e pequenos empresários que se julgam espertos demais para não serem pegos com a boca na botija.
Se não houver punições dos grandes corruptos atuantes no Poder concentrado em Porto Velho, nossas cidades estão sempre na iminência de serem saqueadas por empresas, pelo prefeito, pelos vereadores (de todos os partidos), pela mulher do prefeito, pelos filhos, por parentes. Comerciantes simulam a prestação de serviços. As quadrilhas usam os nomes de moradores como laranjas. E as cidades caem aos pedaços. As punições contra os grandes corruptos certamente terão valor didático para intimidar as ações dessas gangues que muitas vezes não respeitam nem a merenda escolar.

MATADORES SOCIAIS
Uma fonte da coluna com excelente trânsito em Brasília, especialmente nas cortes mais importantes, contou para a coluna que apostar na liberdade do governador Confúcio Moura é correr um enorme risco. Para essa fonte, ainda nesse ano duas grandes figuras da política do estado irão “ver o sol nascer quadrado”. Dessa vez a histórica impunidade não vai salvar a pele de quem ocupou por muito tempo o andar de cima. Ivo Cassol e Confúcio são os dois personagens que, segundo a fonte, terão muito brevemente o início de sua experiência prisional.

HOMENS DE BEM

E tudo isso vai acontecer exatamente porque deixaram todas as evidências dos crimes pr aticados, convencidos que sempre estiveram de que por aqui não se registra BO contra os sonegadores, os que poluem o meio ambiente, os que desmatam ou os que corrompem os agentes públicos, entre outros delitos típicos dos chamados “homens de bem”.

Gente como Confúcio não vitima individualmente. Os crimes praticados pela Organização Criminosa, segundo afirma a Polícia Federal,vitimou a sociedade do estado. O governador (reeleito) não acreditou que a PF, o MP e Judiciário são cada vez orientados por uma postura republicana.



FIM LACÔNICO

O PMDB rondoniense ainda é grande. Mas seu tempo de forte hegemonia política acabou com a revelação das gatunagens promovidas no governo de Confúcio, embora ele tenha conseguido uma reeleição. Dificilmente ele conseguirá sair desse escândalo de corrupção sem a passagem por um bom tempo na cadeia. Ninguém aposta que seu próximo mandato tenha algum valor.

Mas não é o sujeito Confúcio Moura o único que jamais voltará a ser o que foi até a disputa eleitoral desse ano. O próprio PMDB em Rondônia não voltará a ser o partido forte de antes. Agora, o que está em jogo é sua sobrevivência às intempéries provadas pela Operação Plateias, especialmente quando à boca pequena se fala dos percalços futuros que deixam assustado seu maior guru, o senador Valdir Raupp.

Até agora Valdir foi incapaz sequer falar de caminhos a serem percorridos diante do pantanal fétido da corrupção no governo peemedebista. Ele mesmo tem tido pesadelos com outros lances do maior escândalo nacional, o “petrolão” que, é claro, vai chegar nos políticos.



DECADENTE

Em Rondônia, o partido de Raupp e de Confúcio envelheceu nesses últimos dias. Deverá caminhar para a inexorável decadência, exatamente como vem ocorrendo com o PT.

Na próxima eleição o PMDB em Rondônia vai conhecer a redução do ponto extremo de sua trajetória. Os resultados dessa Operação Plateias reduzirá a relevância do partido em sua condição orgânica. O partido se resumirá a Valdir Raupp. A tendência é o PMDB diminuir ainda mais, especialmente se Raupp não escapar das dificuldades jurídicas à sua frente.



VISÃO LIMITADA


O resultado da reunião da Assembleia Legislativa no dia de hoje (25) em relação ao afastamento do governador Confúcio Moura, que surgiu na Operação Plateias como o grande “capo de tutti capi” da organização criminosa criada em seu governo para praticar corrupção, extorsão e cobranças de propinas, não deve decidir coisa alguma. Hermínio já fez um esforço nesse sentido há algum tempo, quando propôs uma CPI para investigar o governo. Diante de tudo que se está vendo uma coisa não muda: a visão limitada dos atuais parlamentares, incapazes de serem protagonistas da política rondoniense. Aliás, uma parte desses deputados (muitos ficarão sem mandato) também correm o sério risco de ter pela frente pesadas condenações.



CASTIGO DOBRADO
Quantas vezes alertei o “irmão” Valter para os perigos à sua frente. Fico com pena do seu sofrimento agora. Logo ele, todo arrogante, clamando pelo sofrimento de crises de hemorroidas na cadeia. E agora o “poderoso” Valter é voto vencido nessa tentativa de dialogo com a autoridade togada. Seu “sofrimento” não emociona nem sua igreja. Hoje, como previ, ele não tem a menor importância.



TERCEIRO MUNDO

Somos mesmo um povão terceiro-mundista, prova disso é que morremos de vergonha de a seleção perder de 7 x 1 para a Alemanha e não de o País mostrar ao mundo um governo corrupto capaz de gerar um escândalo do tamanho da goleada da Copa.