Enquanto não houver determinação política, população não terá água tratada

Enquanto isso, a população continua usando água da pior qualidade (quanto chega às torneiras), servida pela CAERD, mais conhecida pelo excesso de cargos comissionados que abriga em sua esquálida estrutura do que pelos serviços que deveria prestar à população.

Valdemir Caldas
Publicada em 12 de maio de 2017 às 09:04

Em março de 2009, o então governador de Rondônia e, hoje, senador Ivo Cassol, ao visitar uma obra de ampliação do sistema de abastecimento de água em Porto Velho, localizado na região leste da cidade, anunciou que a população teria cem por cento de água tratada. A obra fazia parte do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).

Em novembro de 2009, o então vereador Cláudio Carvalho (PT) resolveu acionar o Ministério Público Federal por suspeita de superfaturamento na obra. Naquela ocasião, o então presidente da Câmara Municipal de Porto Velho e, hoje, deputado estadual José Hermínio Coelho, chegou a ameaçar criar uma CPI para investigar o caso.

A CPI não saiu, mas as obras foram suspensas. O problema se arrasta até hoje. Enquanto isso, a população continua usando água da pior qualidade (quanto chega às torneiras), servida pela CAERD, mais conhecida pelo excesso de cargos comissionados que abriga em sua esquálida estrutura do que pelos serviços que deveria prestar à população.

No final de 2015, o plenário da Câmara de Vereadores de Porto Velho aprovou o Programa de Parceria Público-Privada, abrindo, assim, caminho para a terceirização de serviços públicos nos mais diferentes setores da administração municipal, dentre eles esgotamento sanitário e água tratada.

Em abril deste ano, uma nova polêmica. Dessa vez, envolvendo a prefeitura de Porto Velho e a presidência da CAERD. O prefeito Hildon Chaves teria sido informado pelo Tribunal de Contas da União sobre o cancelamento do compromisso assinado entre o governo de Rondônia e o Ministério das Cidades, o que teria levado a Caixa Econômica a devolver à União mais de setecentos milhões de reais que seriam aplicados em obras de esgotamento sanitário e ampliação de rede de água potável. O governador Confúcio Moura interveio e a coisa se acalmou.

Agora, porém, quando tudo parecia correr às mil maravilhas, eis que o jornalista Paulo Andreoli entrou em campo e lançou uma nuvem de desconfiança sobre a credibilidade da empresa cotada para abocanhar a concessão das obras na capital, publicando bombástico material sobre o assunto.

A discussão ora tratada sobre o futuro da política de abastecimento de água da cidade passa, necessariamente, pela compreensão sobre os interesses políticos que envolvem esse tema e a determinação dos gestores públicos em fazer valer os aspectos realmente importantes para a população que mora em Porto Velho.

Dai a importância de que a atual administração do Município compartilhe com a sociedade organizada o plano de ação no que se refere à gestão da água, colocando um fim nesse puxa-encolhe, que nada de proveito traz à população.

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