O cúmulo da desfaçatez

Um dirigente partidário vir a público pedir uma varredura minuciosa nas contas de uma administração à qual serviu seu partido, indicando, inclusive, o candidato a vice-governador, é o cúmulo da desfaçatez.

Valdemir Caldas
Publicada em 20 de julho de 2018 às 08:52

Mesmo em um estado onde coisas exóticas tendem a deixar de sê-lo em virtude da frequência com que acontecem, essa, por exemplo, de um dirigente partidário vir a público pedir uma varredura minuciosa nas contas de uma administração à qual serviu seu partido, indicando, inclusive, o candidato a vice-governador, que hoje ocupa o posto de mando, com a desincompatibilização do titular para tentar concorrer a uma das duas vagas para o senado, é o cúmulo da desfaçatez. Difícil encontrar paralelo em matéria de exotismo pela absoluta estupidez de que se reveste a manobra.

Tal movimentação, que poderia despertar o interesse geral, foi simplesmente ridicularizada por segmentos da sociedade, que, inteligentemente, enxergou na tentativa burlesca interesses pessoais que em nada se alinham com as legitimas aspirações da população rondoniense. A consequência dessa estupidez não poderia ser outra: uma enxurrada de críticas, sobretudo nas redes sociais, à postura do responsável pelo espetáculo grotesco.

Recorde-se que essa mesma figura, logo que assumiu o comando do município de Porto Velho teria sido aconselhado pelo Ministério Público Federal pegar uma vassoura e fazer uma faxina nas contas de seu antecessor, acusado de atos lesivos aos cofres públicos, mas preferiu, sabe-se lá por qual motivo, deixar tudo como estava, ou seja, não fez absolutamente nada em termos de correção. Agora, às vésperas das eleições, vem querer tirar uma de arauto da moralidade pública.

É, no mínimo, estranho, a manifestação desse senhor, que deixou a prefeitura da capital com pífios índices de popularidade. Ele até que tentou a reeleição, mas nem sequer chegou a ir para o segundo turno. Foi defenestrado antes. Prova de que o eleitor não é burro. Pode até se enganar algumas vezes. Agora (repito), pretenso candidato à Câmara Federal, vem atirar pedras no seu ex-aliado político, que, diga-se de passagem, muito ajudou Porto Velho, achando que todo mundo é otário. Não se trata de defender quem quer que seja, mas, também, não dá para concordar com o procedimento desse líder partidário.

São em momentos como esse que a inteligência humana tem a oportunidade de se mostrar inteira, sabendo discernir entre o que é interesse público e o que não vai além da fome de poder e da ganância de pessoas e de grupos.

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