Ônibus: Ameaçadas de perder a mina de ouro, empresas que massacram o povo há décadas tentam passar por vítimas

Para desmascarar de vez as duas empresas que deveriam ser classificadas como inimigas da população, ao lado da Eletrobras, Caerd e empresas de telefonia, a Três Marias e a Porto Velho confessam publicamente que simplesmente não pagam impostos...

Publicada em 27 de April de 2015 às 14:20:00

Rubens Coutinho, editor do Tudorondonia*


O Sindicato que representa as empresas Três Marias e Porto Velho decidiu partir para o confronto aberto com a Prefeitura de Porto Velho.

Há décadas, as duas empresas massacram a população de Porto Velho, cobrando uma das tarifas de ônibus mais caras do País em troca de um serviço de quinta categoria.

Agora, na iminência de perderem a verdadeira mina de ouro que é a exploração do transporte público de passageiros na capital do Estado, a Três Marias e a Porto Velho tentam se passar por vítimas de uma suposta manobra da Prefeitura para tirá-las do negócio. E partiram para o ataque, levantando suspeitas de que a Prefeitura está tentando favorecer outro grupo econômico, denúncia que deve ser investigada pelo Ministério Público e Tribunal de Contas.

Mas a atitude da Prefeitura em pelo menos tentar dar um basta em décadas de sofrimento dos usuários do transporte coletivo não as vitimiza e deve ser louvada.

Ora, vítima é a população, que sempre foi tratada como lixo por essas duas empresas acostumadas, em administrações anteriores, a fazerem gato e sapato do usuário sem serem incomodadas pela Prefeitura.

A Três Marias e a Porto Velho nunca fizeram qualquer investimento sério para melhorar a prestação de serviço.
Quando anunciavam a "chegada de novos ônibus", a intenção oculta, que logo ficava clara, era o aumento da tarifa . E eram sempre veículos insuficientes para cobrir a demanda. Aonde foram parar, por exemplo, os ônibus com ar condicionado que chegaram a circular em algumas linhas antes dos empresários obterem da Prefeitura o reajuste ?

Com uma frota sucateada e obsoleta, as empresas querem tirar mais dinheiro do bolso dos usuários, pleiteando uma tarifa irreal e abusiva de R$ 3,20 sem, contudo, oferecer nenhuma melhoria nos serviços.

Agora, diante da real ameaça de serem colocados para fora do negócio que tinham como seu como que por direito divino, levantam graves suspeitas sobre a administração pública municipal.

Como nunca foram fiscalizadas, dizem estar sofrendo perseguição política (?) da atual administração.
Bom mesmo, para estas empresas, era no tempo de Roberto Sobrinho, prefeito do PT, cujos secretários municipais de Transporte e Trânsito eram camaradas, fechando os olhos para os desmandos das duas concessionárias de serviços públicos.

Mostrando o desespero de quem pode perder, a qualquer momento, uma fonte de dinheiro que parecia até então inesgotável, a Três Marias e a Porto Velho gritam contra a tentativa da Prefeitura de contratar uma terceira empresa.

Para expressarem sua revolta, elas se escondem por trás do Sindicato das Empresas de Transporte, o famigerado SET, que veio a público, neste fim de semana, pregar  uma mentira que não engana a ninguém.

Por meio de nota, o sindicato contou a seguinte lorota: “...Depois de 52 meses sem reajuste de tarifa, (a Prefeitura) quer descartar as empresas que tenazmente ainda lutam para prestar um serviço adequado”.

De fato, as empresas “lutam tenazmente”, mas para espoliar ainda mais o consumidor, aumentando o preço de um serviço (já muito bem remunerado) oferecendo em troca a continuidade de abusos.

Da nota do sindicato só se extrai uma única verdade. Falta, de fato, preocupação da Prefeitura em realizar investimentos em infraestrutura e projetos de mobilidade urbana.

Esta constatação, no entanto, não transforma as empresas em vítimas, como elas querem fazer transparecer.

Dizer que não prestam um serviço de qualidade mínima porque as ruas da cidade estão em péssimas condições; alegar que o valor da tarifa, R$ 2,60, não é suficiente para manter seus custos e proporcionar investimentos na renovação da frota; afirmar que sempre fizeram renovação da frota, mas que, com “o atual desequilíbrio contratual , esta renovação não tem se dado com o volume desejado pelas próprias empresas”, enfim, dizer tudo isso é tentar convencer a população de que as duas empresas só não prestam um serviço de primeiro mundo porque a Prefeitura de Porto Velho não deixa.

Por último, para desmascarar de vez as duas empresas que deveriam ser classificadas como inimigas da população, ao lado da Eletrobras, Caerd e empresas de telefonia, a Três Marias e a Porto Velho confessam publicamente que simplesmente não pagam impostos e ainda reclamam que deveriam receber algum tipo de subsídio do município para engordar seus cofres.

Classificado como um dos piores prefeitos de Rondônia, Mauro Nazif (PSB) tem sido uma decepção para os moradores de Porto Velho que depositaram nele suas esperanças, mas, se conseguir quebrar esse monopólio diabólico que só serve para enriquecer ainda mais meia dúzia de empresários gananciosos, estará dando um importante passo para melhorar sua imagem junto à população, especialmente aquela expressiva parcela que todos os dias é torturada nas sucatas travestidas de ônibus que trafegam nas ruas da capital .

*Rubens Coutinho, jornalista e editor do Tudorondonia, é usuário do transporte coletivo na capital