Prefeito ainda mantém brilho nos olhos, sinal de que pode empolgar

Gessi Taborda 

Publicada em 19 de janeiro de 2017 às 08:36:00

Em Linhas Gerais

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FILOSOFANDO

A vida é uma história contada por idiota, cheia de som e de fúria, sem sentido algum.” WILLIAM SHAKESPEARE (1564/1616), poeta, dramaturgo, ator e escritor inglês que acabou se transformando no mais influente dramaturgo do mundo.

 

E A BASE?

O novo prefeito da capital rondoniense, o tucano Hildon Chaves, está nesta fase inicial da gestão movimentando-se muito (se comparado ao antecessor que foi inerme) e prometendo também. O primeiro mês de sua posse ainda não terminou e já temos colocados na praça projetos encruados ao longo de décadas, tais como recuperação da EFMM (e não só da praça de mesmo nome), rodoviária internacional, recuperação de estradas distritais, remoção de moradores de áreas de risco, uma festa de arromba para comemorar os 102 anos de vida da capital (dia 24), isto sem falar na doação de um terreno para construção de um novo shopping, etc. Nesse rosário de promessas nem uma palavrinha, ainda, sobre o Ceasa, tema consagrado na sua campanha.

 

COMO MÚSICA

Acreditar que tão cedo assim o prefeito já viabilizou investimentos para tocar tantos projetos é meio difícil, especialmente para quem mantém os pés fincados na realidade. As declarações do prefeito e de seus acólitos podem soar como música nos ouvidos de quem viveu os últimos sob os efeitos das desastradas gestões dos petralhas e da inerte Turma do Quibe. Finalmente temos um prefeito ágil, que vai às ruas e faz pelo menos limpeza de praças públicas.

 

VENDER ILUSÃO

Mas dai a acreditar que o novo prefeito já conseguiu dinheiro às pampas para intervenções mais contundentes na extinção dos entraves ao nosso desenvolvimento e melhoria das condições urbanas da cidade há uma longa distância. Enquanto o novo prefeito não trilhar pelo roteiro das prioridades que nortearam sua campanha, inclusive a da devassa sobre os ralos por onde se escoaram os recursos municipais, pelas medidas de saneamento das finanças públicas combatendo praticas como a do empreguismo é melhor ficar um pé atrás, entendo tudo isso como a tentativa de se “vender uma ilusão”.

 

É PRECISO MAIS

Não será com declarações como as feitas nesse período pelo Ocampo à frente da cultura – vibrando com a “doação” de 400 mil reais para o carnaval – que conseguiremos empolgar investidores a acreditar que vale a pena colocar seu dinheirinho por aqui. Porto Velho tem que fazer mais do que isso para recuperar a credibilidade dos investidores do próprio estado, do país e internacionais.

Ainda somos a cidade das praças e logradouros dominados pela pirataria e camelôs. O mesmo acontece com as calçadas. Em relação ao trânsito nada mudou: ainda prevalece a indústria das multas e o cidadão continua sem ter como estacionar seu veículo, especialmente o centro, com as vagas dominadas especialmente pela ditadura dos motoqueiros. Os terrenos baldios estão por toda a parte, a sinalização de trânsito é caótica, isso para não se falar da falta de sinalização com placas de ruas, etc, etc.

 

SILÊNCIO

Robson Oliveira – um dos melhores jornalistas rondonienses – foi o grande assessor político de Hildon Chaves durante a campanha. Imaginava-se seu aproveitamento num cargo importante da nova gestão municipal. Isso não aconteceu. Robson, pelo visto, preferiu continuar suas atividades como advogado muito prestigiado e excelentemente remunerado na banca de outro nome de destaque da advocacia local, Diego Vasconcelos.

Como jornalista Robson fez uma profunda observação sobre os desacertos da comunicação (social) política do novo prefeito em relação às críticas feitas por analistas políticos e em veiculações de sites da internet especializados em conteúdos políticos. Um estranhíssimo silêncio tomou conta do gabinete, dando ideia de que há um sentimento de mágoa dos novos áulicos em relação ao jornalista que foi recente guru de Hildon.  

 

PUXASAQUISMO

Há uma tendência de quem gravita ao redor do prefeito em demonizar ou desqualificar os críticos do novo bambambã da cidade. Para Robson isso revela um “excesso” de puxa-saquismo ou mesmo intolerância gerada pela ignorância de como se processa a verdadeira comunicação política num ambiente democrático e republicano. As ponderações do “guru” de Hildon durante a campanha caiu num vácuo inesperado.

 

A CANETA

Uma pessoa acostumada a conviver sempre com os “tycons” nas entranhas do poder falava ontem que é um erro de avaliação superestimar a influência do presidente regional do PSDB, o ex-senador e empresário Expedito Júnior, nos arraiais que cercam o novo prefeito da capital rondoniense. Segundo ele, Hildon ainda mantém para si “o poder da caneta”. Pode até ouvir os tucanos mais emplumados mas só decide de acordo com suas próprias convicções.

 

UMA E OUTRA COISA

Tenho acompanhado os caminhos escolhidos por alguns escribas da mídia local em relação ao novo prefeito Hildon Chaves. Muitos já fazendo uma oposição declarada ao tucano substituto da Turma do Quibe na prefeitura. A posição da coluna é a mesma que norteia sua existência de várias décadas: a independência em relação ao núcleo do poder.

A gente não pode ser oposição que tudo está errado, enquanto tem algumas coisas certas, por menor que sejam. Mas também não dá para ser situação que diz que tudo está certo, quando há coisas erradas. É claro que a coluna não concorda com a criação e nomeação de tantos cargos desnecessários, como essa estória de “uma casa” militar na prefeitura.

 

OLHOS BRILHANTES

Até agora a coluna espera explicações do novo prefeito capazes de convencer de que um norte programático está mesmo em curso.

Não há motivo para esconder: a coluna contribuiu – e muito – para o resultado do processo eleitoral. Não ficou apenas na torcida por Hildon Chaves. Engajou-se na sua bandeira. E assim crê que as melhorias exigidas pela população de Porto Velho virão a médio e longo prazos. Certamente Hildon terá um monte de projetos interessantes.

Ainda não é momento de se decepcionar com algumas decisões calcadas (pelo menos aparentemente) na insegurança (própria da falta de experiência) e no desejo centralizador. Pelo menos nas fotos, dá pare ser ver que o novo prefeito tem brilhos nos olhos e capacidade de se empolgar.

 

SENSAÇÃO RUIM

Não dá para imaginar como a população de Vilhena consegue conviver com tantos exemplos de corrupção nos entremeios de sua política. Sei não, mas imagino que episódios como o da posse de vereadores presos por corrupção (e mesmo assim eleitos pelo voto) como aconteceu nos últimos dias reforçam a sensação de impunidade que ainda paira sobre nossos políticos.

Com toda a repercussão que esses fatos tiveram na imprensa não só local, mas também nacional, chega a ser bizarro que a nova prefeita da cidade de Vilhena tenha nomeado parentes na atual gestão; numa clara demonstração de que o nepotismo se mantém em várias práticas de Rondônia como uma prática inexpugnável.

 

PERDIDOS

Se o genial Plínio Marcos ainda estivesse por aqui, certamente escreveria uma nova versão de sua peça mais famosa, desta vez em homenagem a Rodrigo Maia e Jovair Arantes: “Dois perdidos numa política suja”.