Rondônia prepara-se para sediar evento nacional de classificação de solos

O evento deve acontecer nos próximos dois anos no estado e já foi realizado em diversas regiões do país, desde 1979.

Publicada em 05 de May de 2016 às 18:48:00

Começaram os preparativos em Rondônia para a realização da 12ª Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos, promovida pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS) e reconhecida entre seus membros por "RCC". O evento deve acontecer nos próximos dois anos no estado e já foi realizado em diversas regiões do país, desde 1979, tendo como finalidade aperfeiçoar e discutir o sistema brasileiro de classificação de solos, ferramenta importante para o planejamento de atividades econômicas em nível local, regional e nacional, e também para a gestão de recursos naturais, tanto o solo, como água e vegetação.

Uma particularidade importante das RCCs é que essa Reunião não ocorre em auditórios ou dentro de instituições, mas leva especialistas da área de pesquisa, desenvolvimento e ensino superior nos locais de ocorrência dos solos a serem discutidos e debatidos. Ou seja, o evento é uma atividade itinerante e que irá percorrer os principais ambientes do Estado de Rondônia.

Neste sentido, de 25 a 30 de abril, foi realizada uma das etapas preparatórias da RCC de Rondônia e diversas regiões foram percorridas em um roteiro que se deslocou de Porto Velho a Vilhena, ao longo do eixo da rodovia BR 364, adentrando por rodovias estaduais e estradas vicinais, bem como, pelas rodovias BR 429 e BR 435, com passagens pelas cidades de Ariquemes, Machadinho do Oeste, Jaru, Ouro Preto do Oeste, Teixeirópolis, Urupá, Alvorada do Oeste, Rolim de Moura, Alta Floresta do Oeste, Pimenta Bueno, Vilhena, Colorado do Oeste, Cabixi, Chupinguaia, dentre outras. Segundo a professora do Instituto Federal de Rondônia (Ifro), Stella Matoso, “é importante que o percurso escolhido reflita a diversidade de solos do ambiente amazônico, para que aquela visão equivocada tida pelos leigos e mesmo profissionais acerca da homogeneidade de ambientes na Amazônia seja refutada”.

Especialistas da Embrapa, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade Federal de Rondônia (Unir), Ifro, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) estiveram envolvidos nesta etapa preparatória, os quais foram unânimes ao reconhecer a complexidade dos eventos geológicos que ocorreram onde hoje se situa o estado de Rondônia, determinando a formação de solos com ampla variabilidade de propriedades e quanto a sua capacidade de uso da terra.

O pesquisador da Embrapa Rondônia, Paulo Wadt, destaca que o conhecimento sobre o potencial de uso das terras na Amazônia passa pelo conhecimento aprimorado dos solos e ambientes da região, o qual não pode ficar estagnado em conceitos e definições estabelecidas sobre os solos da Amazônia da época em que a agricultura estava migrando para a região dos cerrados brasileiros. “É importante que especialistas conheçam os solos amazônicos em seu ambiente atual, para refletirem sobre alternativas de ocupação, conservação e preservação destes recursos naturais”, destaca.

Espera-se que mais de 100 especialistas em solos visitem os diferentes ambientes de Rondônia durante o evento, estabelecendo correlações entre a paisagem natural, a geologia local, o uso agrícola e a natureza e propriedades dos solos de cada ponto a ser visitado.

A expectativa dos participantes desta etapa preparatória é de que a RCC de Rondônia, assim como aconteceu nas RCCs de Roraima (2013) e do Acre (2010), eleve a um novo patamar o entendimento da complexidade dos solos do bioma Amazônico, equivocadamente descritos como invariavelmente inférteis e improdutivos. “Desde a RCC do Acre, e depois a RCC de Roraima, houve um enorme avanço no conhecimento sobre os solos amazônicos, inclusive, na revisão de indicadores de acidez do solo, como o alumínio trocável. E em Rondônia, a expectativa é que o avanço sobre o conhecimento continue surpreendendo a todos dada a enorme variabilidade geológica dos ambientes encontrados nesta viagem preparatória”, explica a professora da UFRRJ, Lúcia Anjos.