Tá dominado: cunhado e secretário de Finanças de Confúcio são soltos

O cunhado do governador, o secretário de finanças de Rondônia e o próprio Confúcio são acusados de participar de um esquema que desviou R$ 57 milhões em Rondônia.

Publicada em 25 de November de 2014 às 09:39:00

Da redação do Tudorondonia

Depois de realizar a maior operação dos últimos anos no Brasil, a Platéias, a Polícia Feeral começa a ver frustrada a possibilidade de sucesso das investigações. A justiça determinou a libertação imediata do lobista, ex-assessor do senador Valdir Raupp e cunhado do governador Confúcio Moura (PMDB), o poderoso Francisco de Assis, e do secretário estadual de Finanças, Gilvan Ramos. Os dois foram presos no dia 20 e passaram apenas cinco dias no xadrez, mesmo acusados de participar de uma organização criminosa que roubou 57 milhões dos cofres públicos estaduais rondonienses e, segundo a PF, seria comandada pelo próprio governador, tendo Francisco de Assis como um dos cabeças das  operações do mega-esquema de corrupção da Organização Criminosa instalada no Governo Estadual.

Nos cinco dias que passou no presídio, a dupla sempre teve vida mansa, sendo atendida pela cúpula do sistema penitenciário. Os dois chegaram a ser transferidos do Pandinha, um presídio barra pesada, para o Aruanã, considerado “mais tranqüilo”. Mas não precisaram esquentar a cela, pois já estão de saída.

OPERAÇÃO PLATÉIAS

A Polícia Federal, com apoio da Controladoria Geral da União e do GAECO, deflagrou no dia 20 a Operação Platéias com objetivo desarticular organização criminosa formada por lobistas e agentes públicos responsável por desvio de verba pública e direcionamento de licitações. O prejuízo aos cofres públicos do Estado de Rondônia ultrapassa R$ 57 milhões.

A operação foi a maior da PF nos últimos anos em número de mandados. Aproximadamente 300 policiais federais deram cumprimento a 193 mandados judiciais: 163 pessoas conduzidas coercitivamente, 26 buscas e 4 prisões temporárias. Os mandados foram cumpridos nos estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Bahia, Goiás, Pará, Rio de Janeiro, São Paulo, Sergipe, além do Distrito Federal. Uma das conduções coercitivas ocorreu na Espanha.

Iniciada em 2012, a investigação apurou que empresas interessadas em participar de processos licitatórios do Governo de Rondônia precisavam doar financeiramente formal ou informalmente para campanhas eleitorais. A licitação era direcionada para ser vencida pelas empresas que faziam parte do esquema criminoso. Em alguns casos, havia dispensa de concorrência pública.

Também foram verificados pagamentos indevidos a agentes públicos. Foi criado um “fundo de propina” que chegava a movimentar cerca de R$ 2 milhões por mês.

Foram encontradas irregularidades em contratos das oito secretarias estaduais: Saúde, Justiça, Educação, Desenvolvimento Ambiental, Agricultura, Desenvolvimento Ambiental, Assistência Social, Obras e Serviços Públicos, além da Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (CAERD). Os contratos sob suspeita superam R$ 290 milhões.

Entre os contratos investigados, consta o da construção de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), fornecimento de alimentação a hospitais e presídios, compra de medicamentos, aluguel de viaturas, serviço de vigilância armada em escolas e hospitais, contratação de empresa de publicidade, entre outros.

Os investigados poderão responder, na medida de suas participações, pelos crimes de organização criminosa, fraudes à licitações, concussão e corrupção ativa e passiva.

Platéias refere-se à famosa Batalha de Platéias, ocorrida na província de mesmo nome localizada no sul da Grécia. Foi o último combate das Guerras Médicas travada entre as cidades-Estado gregas e os persas.