Um banco para Rondônia

O referido banco teve pouco tempo de existência. Mas nesse curto período foi dilapidado pela classe política do Estado. Muitos se beneficiaram do dinheiro fácil daquela instituição financeira. E vivem muito bem até hoje. Dizem que foi apenas um político o repensável pela liquidação do “caixa dos políticos”. Ledo engano.

Professor Nazareno*
Publicada em 26 de abril de 2018 às 08:17
Um banco para Rondônia

O jovem e atrasado Estado de Rondônia não tem banco. Mas já teve: era o Beron, Banco do Estado de Rondônia. Porém, muitos dizem que não era um banco de verdade, “assim como o fusca não era um carro”. O referido banco teve pouco tempo de existência. Mas nesse curto período foi dilapidado pela classe política do Estado. Muitos se beneficiaram do dinheiro fácil daquela instituição financeira. E vivem muito bem até hoje. Na década de 90 do século passado e em plena época do Neoliberalismo do PSDB e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a ordem era liquidar de vez aquele agente público. Por isso, tudo do Estado fora “doado”aos empresários. Foi nessa mesma época que o ex-governador José Bianco demitiu cerca de dez mil servidores públicos causando dessa maneira uma das maiores crises socioeconômicas por aqui.

O Beron não sobreviveu, mas o Estado de Rondônia, a duras penas, continua sobrevivendo infelizmente até hoje. Dizem que foi apenas um político o repensável pela liquidação do “caixa dos políticos”. Ledo engano. Foram muitos oportunistas que arruinaram o ex-banco. E pior: até hoje a dívida com a União continua sendo paga e por isso, depois de quase duas décadas permanece nos dando prejuízos. Muitos dos seus ex-funcionários ainda brigam na Justiça para receber compensações trabalhistas e indenizações. Rondônia é um Estado muito rico, mas de uma gente pobre. E a culpa é toda dos políticos. Como pode um Estado situado entre dois biomas reconhecidos no mundo inteiro, o Cerrado e a Amazônia, e dono de uma das mais ricas biodiversidades do planetater tantos problemas como Rondônia?E por que os políticos nada fazem?

Como pode haver pobreza e miséria em um Estado que tem um dos maiores rebanhos bovinos do Brasil? Fala-se em mais de 12 milhões de cabeças de gado. Aqui não há seca, como em muitos Estados nordestinos. Não há desastres naturais como terremotos, geadas ou nevascas. Não temos vulcões, mas temos a Assembleia Legislativa do Estado e em Porto Velho temos a Câmara de Vereadores. Além disso, nossos políticos são talvez os piores do Brasil. A nossa população é muito pequena e a extensão territorial é enorme. Somos maiores do que o Reino Unido. Não fosse a maldita classe política, talvez estivéssemos melhor. Este Estado precisa de um banco. Que tal ROBAN, o Rondônia Banco? Bem diferente do velho Beron, na nova instituição somente aqueles mais pobres e necessitados teriam direito às benesses.

Rondônia não tem banco, Porto Velho, que é uma capital, não tem porto decente,não tem saneamento básico, água tratada nem mobilidade urbana, as estradas daqui não são duplicadas, o curso de Medicina na única universidade pública não tem hospital universitário, o aeroporto internacional da capital não faz um voo sequer para fora do Brasil, a ponte que liga o “nada a coisa alguma” não tem iluminação, a rodoviária da capital se parece um pocilga,nossa educação é sofrível em todos os aspectos, a saúde pública padece diariamente com o seu “açougue” problemático, somos talvez o único Estado do Brasil em que não há universidade estadual, os nossos três senadores estão enrolados com a Justiça e a maioria dos políticos reza para se reeleger a fim de se livrar dos seus processos. Porém com todas essas mazelas, o povo estranhamente é feliz e todo final de tarde vai ao Espaço Alternativo fazer “fotinhas” para postar no Facebook.

*É Professor em Porto Velho.

Comentários

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    André D'Orazio 27/04/2018

    E os partidos politicos que poderiam utilizar o fundo partidário para exibir e esclarecer o cidadão de onde sai os $$ do dito GOVERNO (comum a frase nos bate papos ), nada fazem, pois também estão na fila para se beneficiar deste mesmo $$. (fruto de saque do cidadão através dos impostos ). Enfim, iremos pagar todas as mordomias da classe POLÍTICA e seus apaniguados até que chegará um dia em que o POVO receberá uma certa básica no final do mês e mais, se comprovar que trabalhou de alguma forma para produzir algo ao país, senão, nem isso terá direito. E já estamos com 60% da renda do cidadão comprometida com a estrutura dos governos, então, estamos bem perto disto acontecer.

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    André D'Orazio 27/04/2018

    E os partidos politicos que poderiam utilizar o fundo partidário para exibir e esclarecer o cidadão de onde são os $$ do dito GOVERNO (comum a frase nos bate papos ), nada fazem, pois também estão na fila para se beneficiar deste mesmo $$. (fruto de saque do cidadão através dos impostos ). Enfim, iremos pagar todas as mordomias da classe POLÍTICA e seus apaniguados até que chegará um dia em que o POVO receberá uma certa básica no final do mês e mais, se comprovar que trabalhou de alguma forma para produzir algo ao país, senão, nem isso terá direito. E já estamos com 60% da renda do cidadão comprometida com a estrutura dos governos, então, estamos bem perto disto acontecer.

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    Ronaldo 27/04/2018

    Tudo imigrantes, nenhum filho da terra

  • 4
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    Mariana 27/04/2018

    E agora o tiro de misericórdia dado pelo ex Governador Confucio prolongando a dívida que já era impagável para a casa de 19 bilhões de reais e para o pobre povo de Roubonia pagar até 2048!! É mole? Nazareno esqueceu deste pequeno detalhe?

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    Maria da Paz 26/04/2018

    Excelente o texto esclarecedor pena que nuitos que leem não entendem a mensagem.

  • 6
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    CARLSON LIMA 26/04/2018

    Professor Nazareno boa tarde, apenas reforço dizendo que Porto Velho também não tem um terminal de integração para atender a demanda da população, mas o povo continua sendo o povo feliz. Parabéns pelo texto esclarecedor é uma pena que alguns leitores respondem suas postagens apenas pelo anuncio da postagem, são os eleitores emotivos "os puxa saco dos políticos defendendo seus cargos". Já dizia o filosofo CAPACHÃO, os culhões dos chefes é o trampolim do sucesso!

  • 7
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    Prof. Raimundo 26/04/2018

    "Torno-me solidário ao senhor, Prof. Nazareno, tudo em que li no presente artigo é real, não foi por falta de recursos naturais, produtivo e/ou econômico que levou a decadência, e, por fim, a falência do nosso Banco do Estado (BERON), saudades batem em meu coração nas datas em que receberia o meu salário do Estado, quantos sentimentos de um servidor orgulhoso em mim expressava naquele momento, pelo garbo em poder dizer que aquela instituição financeira me pertencia, através do Estado de Rondônia. Destarte, mais saudades me tocam e me fazem refletir e concluir pela falta de um governo audaz, honesto e determinado aos verdadeiros objetivos da população, que, foi nosso saudoso GOVERNADOR JORGE TEIXEIRA".

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