A faixa reciclada
"Sentimos a luz da energia espiritual e cívica sendo resgatada", escreve Ricardo Mezavila
(Foto: Reuters)
Primeiro de janeiro de 2023 e, finalmente, o Brasil acordou sem o permanente e insuportável cheiro de enxofre que perdurou por quatro longos anos, onde o desrespeito aos princípios básicos de uma sociedade diversa foi potencializado por atitudes, palavras e decisões que fizeram com que a porta do inferno ficasse aberta e atrativa aos fracos, aos tolos e aos maus.
Quando Lula subiu a rampa do Palácio do Planalto na companhia dos representantes do povo brasileiro, mulher, negro, indígena, criança, operário e de uma pessoa com deficiência, sentimos a luz da energia espiritual e cívica sendo resgatada.
A faixa presidencial, antes de se acomodar pela terceira vez no peito de Lula, passou pelas mãos do cacique Raoni, Ivan Baron, Wesley Rodrigues, Murilo de Quadros, Jucimara dos Santos, Flávio Pereira, o jovem Francisco até chegar nas mãos da catadora Aline Sousa que colocou a faixa no Presidente.
Aline, de trinta e três anos, é catadora desde os 14 anos e faz parte da 3ª geração de catadora da família, sucedendo sua mãe e avó. Atualmente é responsável pela Secretaria Nacional da Mulher e Juventude da Unicatadores.
E foi assim que, ao som de ‘O trenzinho do caipira’ de Villa Lobos, o Brasil plural subiu a rampa, inclusive a cachorrinha ‘Resistência’ adotada da vigília Lula Livre.
Ao final, nada mais simbólico do que a faixa presidencial que foi ultrajada, humilhada, desrespeitada, desonrada pelo pior presidente da história, fosse retirada do lixo e reciclada para que o atual Presidente a dignifique com a sabedoria e a honra do povo brasileiro.
Escritor, Pós-graduado em Ciência Política, com atuação nos movimentos sociais no Rio de Janeiro.
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