A gangue do esparadrapo

Na sociedade dos imbecis, os criminosos deputados bolsonaristas que obstruem os trabalhos na Câmara são heróis, critica Ricardo Nêggo Tom

Fonte: Ricardo Nêggo Tom - Publicada em 07 de agosto de 2025 às 19:26

A gangue do esparadrapo

(Foto: Saulo Cruz/Agência Senado)

Durante participação no programa “Roda Viva”, o cientista Miguel Nicolelis classificou o bolsonarismo como uma doença, e avaliou que a ignorância virou moda na nossa atual conjuntura social. Indivíduos incapazes de distinguir o que é certo do que é errado, cada vez mais ganham voz em redes sociais que funcionam como uma espécie de vírus, disseminando desinformação e dando reconhecimento e notoriedade a quem fala mais bobagens. Uma sociedade de imbecis que elege seus iguais para representá-los na política, institucionalizando a ignorância, a mentira, a burrice e, claro, o mau-caratismo. Isso explica a maioria de extrema-direita que ocupa cadeiras no Congresso Nacional.

Uma sociedade imbecilizada – ou parte dela – é capaz de naturalizar uma tentativa de golpe estado na qual o chefe da quadrilha se apresenta como o salvador da pátria, e de defender tal ação criminosa pedindo anistia para todos os envolvidos na trama, apesar de todas as provas que evidenciam a intenção de abolir violentamente o estado democrático de direito. Inclusive, com um plano para matar o atual presidente da República, o seu vice, e o ministro do STF que hoje relata o inquérito da mesma tentativa de golpe. Embora tenhamos de ter o cuidado de não imbecilizar crimes, é importante que estejamos atentos ao potencial criminoso da imbecilidade. Nelson Rodrigues previu que os idiotas dominariam o mundo, mas não podemos nos submeter a sua idiotia, e a uma oligofrenia que se espalha como metástase social na mente de grande parte da população.

Subverter ainda mais um senso comum que já é subvertido por essência, é a missão do bolsonarismo. A tentativa de impor a todo custo a sua idiotia ideológica, se apresenta em todas as áreas da sociedade, e por todos os meios necessários. A religião, sobretudo, o cristianismo evangélico, é um dos braços fortes desse projeto de dominação alicerçado na distopia social. Quando deputados bolsonaristas decidem obstruir os trabalhos no Congresso se amordaçando com esparadrapos na boca, ameaçando parar o país caso criminosos não sejam postos em liberdade, e encontrando apoio popular para tão insana e irresponsável atitude, observamos com clareza que o processo de imbecilização e naturalização de crimes institucionais está evoluindo com êxito. E quanto maior for o número de representantes dessa oligofrenia social no parlamento, maiores serão os riscos à ordem democrática.

Aos que insistem que não houve golpe porque não se consumou o ato, imaginemos o caso do sujeito que levou a sua amante para casa enquanto sua esposa estava ausente. No momento em que ambos se preparavam para cometer o “delito” que os levou até ali, o sujeito lembra que não tem preservativo e vai à farmácia para comprar. Nesse ínterim, a esposa do sujeito chega em casa de surpresa e flagra a amante do marido no local do “crime”. Teria o sujeito a cara de pau de dizer que não houve traição porque ele não estava presente no local quando sua esposa chegou, e que por isso, não houve a consumação da sua trairagem? Sim, se o sujeito for um imbecil bolsonarista – com o perdão do pleonasmo – e entender que um crime se julga pela sua jurisprudência pessoal e não pelos fatos e provas que constam nos autos do processo.

O que estamos presenciando é uma vagabundagem parlamentar sem precedentes na história do país, onde uma gangue política exerce o seu mandato soprando apitos de cachorro para uma turba de desajustados e dissonantes cognitivos que pretendem transformar o Brasil num sanatório ideológico. Ignorando os anseios e as reais necessidades da população, deputados bolsonaristas prometem transformar o país inteiro num inferno, caso o diabo que inspira suas ações não seja solto. Como verbalizou sem nenhum pudor o deputado Sóstenes Cavalcante, ao anunciar uma “coordenação centralizada” que estaria trabalhando para desestabilizar a ordem enquanto a anistia aos golpistas não fosse pautada na Câmara. “O Brasil não terá paz”, declarou o boneco de ventríloquo de Silas Malafaia, o verdadeiro deputado por trás da cara de galinha carijó de Sóstenes.

Espera-se que o deputado Hugo Motta se manifeste e restabeleça a ordem na casa, nem que seja acionando a Polícia Legislativa para retirar os delinquentes que sequestraram o plenário da Câmara, e estão pedindo como resgate a prisão de Moraes e a soltura dos criminosos do 08/01. A idiocracia não pode substituir a democracia, embora o bolsonarismo venha se esforçando para impor o seu conceito de sociedade ideal a todos. Se Jesus multiplicou os pães, Bolsonaro - o messias que não faz milagres - multiplica os idiotas, e eles se espalharam por todos os cantos da terra para defender o seu salvador. Aquele que não são dignos de calçar a tornozeleira. Porém, a maioria do povo brasileiro não se converteu à estupidez bolsonarista, e nem pretende passar o resto de suas vidas no inferno sócio existencial que o mito oferece como céu para os seus apoiadores. Portanto, é hora de exigirmos que os presidentes da Câmara e do Senado tomem providências enérgicas e exorcizem esses demônios do submundo do bolsonarismo da casa do povo.

O governo precisa dar sequência a pautas importantes como a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil, a taxação dos mais ricos e o fim da escala 6x1, e não pode perder tempo com uma gang defensora de um vagabundo que tentou dar um golpe no país. Vão trabalhar, vagabundos bolsonaristas! E façam o favor de devolver aos cofres públicos os dias não trabalhados, nos quais vocês estavam fazendo cosplay de meliantes faccionados e tomaram a “boca” em nome do chefe da gangue que comanda a ação cumprindo pena em prisão domiciliar. O Brasil não merece o bolsonarismo. O bolsonarismo não merece existir. A nossa existência não merece ser dividida com esse mal. O bolsonarismo é uma organização criminosa que precisa ser defenestrada sem dó, sem piedade e sem anistia.

Ricardo Nêggo Tom

Músico, graduando em jornalismo, locutor, roteirista, produtor e apresentador dos programas "Um Tom de resistência", "30 Minutos" e "22 Horas", na TV 247, e colunista do Brasil 247

268 artigos

A gangue do esparadrapo

Na sociedade dos imbecis, os criminosos deputados bolsonaristas que obstruem os trabalhos na Câmara são heróis, critica Ricardo Nêggo Tom

Ricardo Nêggo Tom
Publicada em 07 de agosto de 2025 às 19:26
A gangue do esparadrapo

(Foto: Saulo Cruz/Agência Senado)

Durante participação no programa “Roda Viva”, o cientista Miguel Nicolelis classificou o bolsonarismo como uma doença, e avaliou que a ignorância virou moda na nossa atual conjuntura social. Indivíduos incapazes de distinguir o que é certo do que é errado, cada vez mais ganham voz em redes sociais que funcionam como uma espécie de vírus, disseminando desinformação e dando reconhecimento e notoriedade a quem fala mais bobagens. Uma sociedade de imbecis que elege seus iguais para representá-los na política, institucionalizando a ignorância, a mentira, a burrice e, claro, o mau-caratismo. Isso explica a maioria de extrema-direita que ocupa cadeiras no Congresso Nacional.

Uma sociedade imbecilizada – ou parte dela – é capaz de naturalizar uma tentativa de golpe estado na qual o chefe da quadrilha se apresenta como o salvador da pátria, e de defender tal ação criminosa pedindo anistia para todos os envolvidos na trama, apesar de todas as provas que evidenciam a intenção de abolir violentamente o estado democrático de direito. Inclusive, com um plano para matar o atual presidente da República, o seu vice, e o ministro do STF que hoje relata o inquérito da mesma tentativa de golpe. Embora tenhamos de ter o cuidado de não imbecilizar crimes, é importante que estejamos atentos ao potencial criminoso da imbecilidade. Nelson Rodrigues previu que os idiotas dominariam o mundo, mas não podemos nos submeter a sua idiotia, e a uma oligofrenia que se espalha como metástase social na mente de grande parte da população.

Subverter ainda mais um senso comum que já é subvertido por essência, é a missão do bolsonarismo. A tentativa de impor a todo custo a sua idiotia ideológica, se apresenta em todas as áreas da sociedade, e por todos os meios necessários. A religião, sobretudo, o cristianismo evangélico, é um dos braços fortes desse projeto de dominação alicerçado na distopia social. Quando deputados bolsonaristas decidem obstruir os trabalhos no Congresso se amordaçando com esparadrapos na boca, ameaçando parar o país caso criminosos não sejam postos em liberdade, e encontrando apoio popular para tão insana e irresponsável atitude, observamos com clareza que o processo de imbecilização e naturalização de crimes institucionais está evoluindo com êxito. E quanto maior for o número de representantes dessa oligofrenia social no parlamento, maiores serão os riscos à ordem democrática.

Aos que insistem que não houve golpe porque não se consumou o ato, imaginemos o caso do sujeito que levou a sua amante para casa enquanto sua esposa estava ausente. No momento em que ambos se preparavam para cometer o “delito” que os levou até ali, o sujeito lembra que não tem preservativo e vai à farmácia para comprar. Nesse ínterim, a esposa do sujeito chega em casa de surpresa e flagra a amante do marido no local do “crime”. Teria o sujeito a cara de pau de dizer que não houve traição porque ele não estava presente no local quando sua esposa chegou, e que por isso, não houve a consumação da sua trairagem? Sim, se o sujeito for um imbecil bolsonarista – com o perdão do pleonasmo – e entender que um crime se julga pela sua jurisprudência pessoal e não pelos fatos e provas que constam nos autos do processo.

O que estamos presenciando é uma vagabundagem parlamentar sem precedentes na história do país, onde uma gangue política exerce o seu mandato soprando apitos de cachorro para uma turba de desajustados e dissonantes cognitivos que pretendem transformar o Brasil num sanatório ideológico. Ignorando os anseios e as reais necessidades da população, deputados bolsonaristas prometem transformar o país inteiro num inferno, caso o diabo que inspira suas ações não seja solto. Como verbalizou sem nenhum pudor o deputado Sóstenes Cavalcante, ao anunciar uma “coordenação centralizada” que estaria trabalhando para desestabilizar a ordem enquanto a anistia aos golpistas não fosse pautada na Câmara. “O Brasil não terá paz”, declarou o boneco de ventríloquo de Silas Malafaia, o verdadeiro deputado por trás da cara de galinha carijó de Sóstenes.

Espera-se que o deputado Hugo Motta se manifeste e restabeleça a ordem na casa, nem que seja acionando a Polícia Legislativa para retirar os delinquentes que sequestraram o plenário da Câmara, e estão pedindo como resgate a prisão de Moraes e a soltura dos criminosos do 08/01. A idiocracia não pode substituir a democracia, embora o bolsonarismo venha se esforçando para impor o seu conceito de sociedade ideal a todos. Se Jesus multiplicou os pães, Bolsonaro - o messias que não faz milagres - multiplica os idiotas, e eles se espalharam por todos os cantos da terra para defender o seu salvador. Aquele que não são dignos de calçar a tornozeleira. Porém, a maioria do povo brasileiro não se converteu à estupidez bolsonarista, e nem pretende passar o resto de suas vidas no inferno sócio existencial que o mito oferece como céu para os seus apoiadores. Portanto, é hora de exigirmos que os presidentes da Câmara e do Senado tomem providências enérgicas e exorcizem esses demônios do submundo do bolsonarismo da casa do povo.

O governo precisa dar sequência a pautas importantes como a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil, a taxação dos mais ricos e o fim da escala 6x1, e não pode perder tempo com uma gang defensora de um vagabundo que tentou dar um golpe no país. Vão trabalhar, vagabundos bolsonaristas! E façam o favor de devolver aos cofres públicos os dias não trabalhados, nos quais vocês estavam fazendo cosplay de meliantes faccionados e tomaram a “boca” em nome do chefe da gangue que comanda a ação cumprindo pena em prisão domiciliar. O Brasil não merece o bolsonarismo. O bolsonarismo não merece existir. A nossa existência não merece ser dividida com esse mal. O bolsonarismo é uma organização criminosa que precisa ser defenestrada sem dó, sem piedade e sem anistia.

Ricardo Nêggo Tom

Músico, graduando em jornalismo, locutor, roteirista, produtor e apresentador dos programas "Um Tom de resistência", "30 Minutos" e "22 Horas", na TV 247, e colunista do Brasil 247

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