Alunos indígenas recebem ensino de qualidade da rede Estadual
Em Espigão do Oeste, distante 541 quilômetros de Porto Velho, o Poder Executivo possui 3.582 estudantes na Rede de Ensino Estadual, desses, 277 são indígenas
Hoje todas as escolas das aldeias de Espigão do Oeste têm internet de boa qualidade, assistindo 277 alunos indígenas
Não importa a distância, se faz chuva, sol, ou se estamos em um período atípico devido a pandemia mundial. O Governo de Rondônia, por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), investe na qualidade do ensino para os alunos nos 52 municípios do Estado. Além de investimentos em infraestrutura, equipamentos e tecnologia, a Educação rondoniense conta com “heróis”, os professores, que estão sempre prontos para enfrentarem qualquer batalha para que esse ensino de qualidade chegue aos estudantes.
Em Espigão do Oeste, município distante aproximadamente 541 quilômetros de Porto Velho, o Poder Executivo possui 3.582 estudantes na Rede de Ensino Estadual; desses, 277 são indígenas. Ao todo, o município possui 13 Escolas de jurisdição da Coordenadoria Regional de Educação (CRE), sendo seis no centro urbano, uma no distrito de Nova Esperança e seis escolas indígenas.
O coordenador da CRE, Adjalma Rocha, explica que cinco escolas atendem a comunidade Cinta Larga e uma atende o povo Suruí. “É emocionante falar do empenho dos nossos professores que trabalham com amor pela profissão. É um desafio muito grande levar a Educação para as escolas indígenas que ficam entre 90 e 200 quilômetros de distância. Uma equipe de supervisores acompanhada pelo motorista, sai entre 3 horas e 4 horas da manhã para chegar 8 horas a 9 horas da manhã na unidade escolar da aldeia, para fazer o trabalho. Os supervisores já levam o almoço de casa, e geralmente retornam somente no final da tarde ou à noite”. Relembra, o coordenador, sobre os desafios enfrentados pela equipe.
Adjalma Rocha lembra ainda que, no início, a equipe tinha que descer até as aldeias para levar os kits alimentação e realizar a visita periódica nos estabelecimentos de ensino. Outro ponto que dificultou durante o período de pandemia, foi a falta de internet nas aldeias.
“Nosso maior gargalo era a internet que não tinha nas comunidades indígenas, porém, a Seduc realizou uma grande mobilização e hoje todas as escolas das aldeias de Espigão do Oeste têm internet de boa qualidade”, pontua Adjalma Rocha.
BUSCA ATIVA
O programa “Busca Ativa” escolar do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) com o tema “Fora da escola não pode!”, desenvolvido pela Seduc, para resgatar os alunos que, durante a pandemia, por algum motivo, estavam afastados das atividades escolares, também foi executado pelos professores de Espigão do Oeste.
De acordo com o coordenador da CRE, no começo da pandemia apenas 30% dos alunos realizavam as atividades escolares. “A CRE de Espigão do Oeste vem realizando diariamente a “Busca Ativa”. Partimos para a luta e contratamos carro de som; fui para as três rádios da cidade, no distrito, realizamos visitas. Junto com os professores, diretores, supervisores e técnicos, fizemos carreatas de mobilização, indo nos comércios, colocando cartazes, visitas em domicilio, sábado e domingo. Hoje, estamos com todos alunos ativos. Não temos nenhum estudante evadido”, frisou.
MEDIAÇÃO TECNOLÓGICA
Aulas on-line garante que ensino chegue em regiões remotas de Rondônia
O programa da “Mediação Tecnológica” nasceu com o intuito de promover o fortalecimento e a expansão do ensino de qualidade em regiões remotas, ou seja, uma ferramenta facilitadora do ensino, por meio da tecnologia. As aulas chegam com uma metodologia inovadora para o aprendizado dos estudantes em sala de aula.
O município de Espigão do Oeste possui cinco polos de “Mediação Tecnológica” na zona rural e mais três polos nas aldeias. “A nossa mediação tecnológica, não parou durante o período mais crítico da covid-19. Trabalhamos o tempo todo e estamos com todos os alunos ativos. A ‘Mediação Tecnológica’ é o projeto mais importante que o Estado de Rondônia criou. Ela chega nas comunidades, em que o professor habilitado não conseguiria chegar. Chega com aula de qualidade, e principalmente na pandemia foi o que fez toda a diferença. Rondônia saiu na frente, graças as aulas da ‘Mediação Tecnológica'”, ressaltou o coordenador da CRE.
Para Adjalma Rocha, a “Mediação Tecnologia” é vista pela comunidade como essencial. “É algo que veio para ficar. Nossos alunos da ‘Mediação de Tecnológica’ de Espigão do Oeste têm tirado de 940 a 980 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Todos que se destacaram no Enem, foram ou são alunos do projeto”, finalizou.
A gerente do “Mediação Tecnológica”, Daniele Brasil, pontuou que a ferramenta existe desde 2016 e atende os municípios de Rondônia. “A ‘Mediação Tecnológica’ foi criada para atender as comunidades, consideradas de difícil acesso: indígenas, quilombolas, ribeirinhos, sitiantes; atende o Ensino Médio do 1º ao 3º ano, com 13 componentes curriculares, além dos 12 componentes tradicionais, um a mais que é a NBAZ, onde os alunos podem estudar agroecologia, zootecnia; estudar sobre plantações e criações do nosso Estado, por conta do potencial agropecuário que temos, além de estudar extrativismo”, explica.
Professores traçaram estratégias para atender alunos das comunidades indígenas Suruí e Cinta Larga
Segundo ela, os estudantes, desde 2016 contam com netbooks como apoio para as aulas. “Durante a pandemia os professores, juntamente com o coordenador da ‘Mediação Tecnológica’, traçaram estratégias para melhor atender os alunos. Em Espigão do Oeste, observamos que os nossos estudantes concluíram com êxito o ano letivo de 2020, em 2021 continuam sendo atendidos e concluíram o calendário escolar”.
A aluna do Ensino Médio do 3º ano da Escola Sertanista Benedito Brigido da Silva, Carina Cinta Larga, da terra indígena Roosevelt em Espigão do Oeste, agradeceu os professores pela dedicação. “Nós alunos indígenas, em nenhum momento pensamos em desistir, mas sim vencer cada desafio. Minhas aulas são tecnológicas, e já é um avanço muito grande dentro da minha aldeia, com professores capacitados”.
Carina é aluna e mãe de estudante e ainda é representante das mulheres da aldeia. Ela comenta que incentiva as mulheres a repassarem aos filhos a importância de estudarem, pois eles são o futuro do povo deles.
“Nos agarramos à Educação, porque queremos um futuro melhor para o povo Cinta Larga. Sofremos muito para que o ensino chegasse para nós e hoje é uma realidade, com aulas presenciais e on-line”, destaca Carina.
Ela ainda completa: “Já os alunos do Ensino Fundamental, a equipe da Seduc, entregava os kits de apostilas na aldeia. Os professores tinham todo o cuidado: usavam máscaras, álcool em gel e mantinham o distanciamento. Na última reunião, os alunos puderam expor as dificuldades e desafios encontrados durante esse período para as lideranças, professores e coordenação da Seduc. Agora, as aulas serão retornadas presenciais com todos os cuidados”, finalizou Carina.
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