Anistia não pode sequer ser uma questão para agentes do nazifascismo
A justiça que se faz hoje é a que não se fez em 17 de abril de 2016

Jair Bolsonaro (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)
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Bolsonaro era um deputado apagado e considerado inimputável por seus colegas em função de sua incompetência e desqualificação, mas também de sua condição cognitiva. Ninguém imaginaria que um sujeito com suas características poderia chegar onde chegou. Não apenas ao cargo mais alto do país, que é a Presidência da República, mas também à condição de líder político capaz de mover o coração e a mente das massas.
Como um homem político tão ruim poderia ter se tornado tão importante? Justamente por isso. Porque a “ruindade” do Bolsonaro – assim como a de seus filhos e assemelhados - causa efeitos de poder. Todos são impactados com o que ele tem e faz de pior. Com ele, a hipnose sempre esteve garantida. Não se fala mais de outra coisa em situações de pânico e trauma senão de Bolsonaro. A coisa é Bolsonaro. A máquina do ódio e do medo. Se de um lado o ódio propagado traz compensação a quem odeia, de outro o medo é inevitável num círculo vicioso. Os donos dos meios de produção, os ricos, tentam manipular isso.
Mas até os ricos se deram mal. A democracia venceu, mas a que custo.
Agora todo cuidado é pouco. Assim como sempre houve candidatos a Hitler pelo mundo afora, e vários deles ocupam cargos importantes hoje em dia, há vários candidatos a Bolsonaro no Brasil. Quem quer ver a destruição e se regozija com ela vai seguir adorando o líder autoritário, e muitos vão seguir imitando o canalha que deu certo para ir cada vez mais longe na direção do poder, garantidos na metodologia psicopolítica que ele vem usando: ameaçar sempre, vitimizar-se quando necessário, confundir psíquica e mentalmente todo o tempo.
Não dá para continuar caindo na cilada que trouxe Bolsonaro até a presidência e até a posição de líder político insubstituível. Anistia não pode sequer ser uma questão para agentes do nazifascismo. Ou Bolsonaro e seguidores obedecem à lei ou teremos novamente o Estado de exceção. A justiça que se faz hoje é a que não se fez em 17 de abril de 2016, quando ele fez a gritaria do Golpe, inclusive elogiando um torturador.
Se não quiserem repetir a dose, Bolsonaro tem que ser punido.
Marcia Tiburi
Professora de Filosofia, escritora, artista visual
126 artigos
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