As apostas atraem quatro vezes mais usuários do que as criptomoedas no Brasil

Cerca de 14% da população afirmou ter feito pelo menos uma aposta online, enquanto apenas 4% declararam investir em moedas digitais

Fonte: Assessoria - Publicada em 17 de maio de 2025 às 11:07

As apostas atraem quatro vezes mais usuários do que as criptomoedas no Brasil

Basta olhar os números mais recentes do Raio-X do Investidor Brasileiro, pesquisa anual da Anbima em parceria com o Datafolha, para perceber a mudança de hábito. Cerca de 14% da população afirmou ter feito pelo menos uma aposta online, enquanto apenas 4% declararam investir em moedas digitais.

Em outras palavras, há hoje no país quase quatro apostadores para cada entusiasta de cripto. A lacuna se abre justamente quando o ambiente regulatório de apostas ficou mais nítido e surgiram plataformas licenciadas para operar. As casas de apostas legais no Brasil passaram a disputar espaço no horário nobre da TV e patrocínio de clubes de futebol.

Com isso, além da segurança da legalidade, o país do futebol ganha cada vez mais fãs de apostas esportivas e de jogos de cassino. Por mais que já haja iniciativas para regular o mercado de criptoativos, o de jogo online está, certamente, bem mais avançado nesse quesito.

Um fluxo de dinheiro que já beira R$30 bilhões por mês

A popularização do Pix retirou a fricção que antes existia entre o desejo de apostar e o ato de transferir recursos. Dados apresentados pelo Banco Central à CPI das Apostas Esportivas mostram que os brasileiros movimentam entre R$20 bilhões e R$30 bilhões todos os meses em plataformas de apostas.

Esse valor inclui cassinos online e “bets” de quota fixa. O próprio BACEN calcula que cerca de 85% desse montante retorna aos jogadores em forma de prêmios, mas ainda assim sobra um pulso de vários bilhões que se converte em receita para as operadoras e impostos para o governo.

Ao todo, 24 milhões de pessoas fizeram ao menos uma transferência para sites de jogo no ano passado, número superior à soma de correntistas de algumas fintechs já bem estabelecidas no país. A Lei 14.790/2023, em vigor desde janeiro de 2025, criou um marco para o mercado de quota fixa no Brasil.

Definiu taxa de licença de R$30 milhões, alíquotas para diferentes tributos e exigiu que as operadoras mantenham contas bancárias segregadas, façam verificação de idade e publiquem chances reais de retorno. Esses requisitos deslocaram para a informalidade centenas de sites que não pretendem cumprir as regras, enquanto reforçaram a percepção de segurança em torno das empresas licenciadas.

Criptomoedas seguem de nicho, apesar dos preços recordes

No mesmo intervalo em que as apostas ganharam massa, o setor cripto continuou a oscilar em ciclos de euforia e correção. O Bitcoin chegou a ultrapassar $100 mil de dólares, recuperando parte das perdas do primeiro trimestre. Ainda assim, somente 4% dos brasileiros dizem ter alguma exposição ao segmento, de acordo com a Anbima.

A volatilidade extrema, a necessidade de custodiar chaves privadas e a ausência de cobertura do Fundo Garantidor de Créditos criam barreiras psicológicas que não se aplicam ao ato de apostar R$10 no resultado de um jogo. Nas arquibancadas virtuais, o apostador não precisa assistir a tutoriais sobre blockchain nem enfrentar procedimentos de know-your-customer demorados.

Ele abre a conta em segundos, envia Pix, recebe bônus promocional e pode sacar no mesmo dia. O ciclo de recompensa curto contrasta com o discurso de “hold” que predomina no varejo cripto, em que o investidor é aconselhado a suportar grandes oscilações para colher retornos no longo prazo.

Além disso, as casas de apostas patrocinam os 20 clubes da Série A, transmissões de e-sports e até reality shows, criando familiaridade e reduzindo a sensação de risco, algo que os projetos de criptomoedas, em grande medida, ainda não conseguiram replicar em escala. É claro que, no Congresso, a CPI das Apostas Esportivas também debate limites à publicidade.

Mas, com a regulamentação estabelecida, o governo espera elevar a arrecadação federal em cerca de R$10 bilhões já em 2025, repetindo o modelo de países como Reino Unido e Espanha. Do lado cripto, a Comissão de Valores Mobiliários deixou claro que vai exigir registro de ofertantes e segregação de patrimônio para custódias ainda este ano.

Desde junho de 2023, o Banco Central do Brasil (BCB) assumiu a supervisão do mercado de criptoativos, conforme estabelecido pela Lei nº 14.478/2022. Em novembro de 2024, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que exige que as corretoras de criptoativos tenham sede no Brasil, igual que as empresas de apostas.

Para ambos os lados, algumas propostas seguem em análise. Mas, enquanto isso, a disputa pela atenção do brasileiro segue aberta. De um lado, a promessa de diversão instantânea e, do outro, a aposta no futuro da tecnologia financeira. A marca dos “quatro para um” mostra que a jornada educativa do mercado de cripto terá de ser tão simples e intuitiva quanto um clique se quiser reequilibrar esse placar.

As apostas atraem quatro vezes mais usuários do que as criptomoedas no Brasil

Cerca de 14% da população afirmou ter feito pelo menos uma aposta online, enquanto apenas 4% declararam investir em moedas digitais

Assessoria
Publicada em 17 de maio de 2025 às 11:07
As apostas atraem quatro vezes mais usuários do que as criptomoedas no Brasil

Basta olhar os números mais recentes do Raio-X do Investidor Brasileiro, pesquisa anual da Anbima em parceria com o Datafolha, para perceber a mudança de hábito. Cerca de 14% da população afirmou ter feito pelo menos uma aposta online, enquanto apenas 4% declararam investir em moedas digitais.

Em outras palavras, há hoje no país quase quatro apostadores para cada entusiasta de cripto. A lacuna se abre justamente quando o ambiente regulatório de apostas ficou mais nítido e surgiram plataformas licenciadas para operar. As casas de apostas legais no Brasil passaram a disputar espaço no horário nobre da TV e patrocínio de clubes de futebol.

Publicidade

Com isso, além da segurança da legalidade, o país do futebol ganha cada vez mais fãs de apostas esportivas e de jogos de cassino. Por mais que já haja iniciativas para regular o mercado de criptoativos, o de jogo online está, certamente, bem mais avançado nesse quesito.

Um fluxo de dinheiro que já beira R$30 bilhões por mês

A popularização do Pix retirou a fricção que antes existia entre o desejo de apostar e o ato de transferir recursos. Dados apresentados pelo Banco Central à CPI das Apostas Esportivas mostram que os brasileiros movimentam entre R$20 bilhões e R$30 bilhões todos os meses em plataformas de apostas.

Esse valor inclui cassinos online e “bets” de quota fixa. O próprio BACEN calcula que cerca de 85% desse montante retorna aos jogadores em forma de prêmios, mas ainda assim sobra um pulso de vários bilhões que se converte em receita para as operadoras e impostos para o governo.

Ao todo, 24 milhões de pessoas fizeram ao menos uma transferência para sites de jogo no ano passado, número superior à soma de correntistas de algumas fintechs já bem estabelecidas no país. A Lei 14.790/2023, em vigor desde janeiro de 2025, criou um marco para o mercado de quota fixa no Brasil.

Definiu taxa de licença de R$30 milhões, alíquotas para diferentes tributos e exigiu que as operadoras mantenham contas bancárias segregadas, façam verificação de idade e publiquem chances reais de retorno. Esses requisitos deslocaram para a informalidade centenas de sites que não pretendem cumprir as regras, enquanto reforçaram a percepção de segurança em torno das empresas licenciadas.

Criptomoedas seguem de nicho, apesar dos preços recordes

No mesmo intervalo em que as apostas ganharam massa, o setor cripto continuou a oscilar em ciclos de euforia e correção. O Bitcoin chegou a ultrapassar $100 mil de dólares, recuperando parte das perdas do primeiro trimestre. Ainda assim, somente 4% dos brasileiros dizem ter alguma exposição ao segmento, de acordo com a Anbima.

A volatilidade extrema, a necessidade de custodiar chaves privadas e a ausência de cobertura do Fundo Garantidor de Créditos criam barreiras psicológicas que não se aplicam ao ato de apostar R$10 no resultado de um jogo. Nas arquibancadas virtuais, o apostador não precisa assistir a tutoriais sobre blockchain nem enfrentar procedimentos de know-your-customer demorados.

Ele abre a conta em segundos, envia Pix, recebe bônus promocional e pode sacar no mesmo dia. O ciclo de recompensa curto contrasta com o discurso de “hold” que predomina no varejo cripto, em que o investidor é aconselhado a suportar grandes oscilações para colher retornos no longo prazo.

Além disso, as casas de apostas patrocinam os 20 clubes da Série A, transmissões de e-sports e até reality shows, criando familiaridade e reduzindo a sensação de risco, algo que os projetos de criptomoedas, em grande medida, ainda não conseguiram replicar em escala. É claro que, no Congresso, a CPI das Apostas Esportivas também debate limites à publicidade.

Mas, com a regulamentação estabelecida, o governo espera elevar a arrecadação federal em cerca de R$10 bilhões já em 2025, repetindo o modelo de países como Reino Unido e Espanha. Do lado cripto, a Comissão de Valores Mobiliários deixou claro que vai exigir registro de ofertantes e segregação de patrimônio para custódias ainda este ano.

Desde junho de 2023, o Banco Central do Brasil (BCB) assumiu a supervisão do mercado de criptoativos, conforme estabelecido pela Lei nº 14.478/2022. Em novembro de 2024, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que exige que as corretoras de criptoativos tenham sede no Brasil, igual que as empresas de apostas.

Para ambos os lados, algumas propostas seguem em análise. Mas, enquanto isso, a disputa pela atenção do brasileiro segue aberta. De um lado, a promessa de diversão instantânea e, do outro, a aposta no futuro da tecnologia financeira. A marca dos “quatro para um” mostra que a jornada educativa do mercado de cripto terá de ser tão simples e intuitiva quanto um clique se quiser reequilibrar esse placar.

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