Bolsonaro cavou a própria cova
'O Bolsonaro do interrogatório era outro: acuado, sem argumentos e confessando crimes', escreve o deputado Elvino Bohn Gass
Jair Bolsonaro durante interrogatório no STF (Foto: Gustavo Moreno/STF)
Foi um desastre jurídico o depoimento de Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal, na última terça-feira (10). Em vez de apresentar uma defesa técnica diante de acusações gravíssimas, o ex-presidente, já inelegível, confundiu o banco dos réus com o seu “cercadinho” – e acabou produzindo provas contra si mesmo. O que se viu foi um sujeito muito diferente daquele que, aos berros, chamava ministros do Supremo de canalhas e os caluniava em praça pública. O Bolsonaro do interrogatório era outro: acuado, sem argumentos, confessando crimes, admitindo conspirações e expondo sua completa disposição para rasgar a Constituição.
Como disse a jurista Liana Cirne, ele “não negou, não rebateu e não apresentou uma linha de contestação jurídica minimamente séria.” Ao contrário: reconheceu que teve acesso à minuta do golpe, que essa foi discutida com os comandantes das Forças Armadas e que cogitou “alternativas” ao resultado das eleições — como estado de sítio e de defesa. Neste exato momento do interrogatório, quando tentou normalizar a conspiração, Bolsonaro cavou a própria cova. Afinal, não há rigorosamente qualquer “alternativa” à soberania do voto popular. Qualquer tentativa neste sentido terá nome: golpe!
Não bastasse todo o resto, Bolsonaro ainda admitiu o uso sistemático do discurso de fraude eleitoral — uma mentira repetida à exaustão - e que se encontrou com o hacker Delgatti – e este, em depoimento, confessou que lhe foi dada a “tarefa” de tentar sabotar o sistema eletrônico de votação.
Houve tempo, ainda, para um pedido de desculpas ao ministro Alexandre de Moraes por acusações falsas, assumindo que mentiu publicamente sem qualquer prova: uma confissão de fake news.
Estamos, pois, diante do previsível fim de um desastre anunciado. Depois de ter idiotizado seus seguidores e os transformado em golpistas fracassados, Bolsonaro tentou lavar as mãos chamando-os de “malucos” e “pobres coitados”.
Não há mais espaço para dúvidas ou tergiversações. Deve haver, ainda, quem o defenda, mas agora já consciente de que está compactuando com um projeto criminoso que tentou sabotar a democracia brasileira. A estes, a história reserva seu lixo. A Bolsonaro, a Justiça reserva a cadeia.
Elvino Bohn Gass
Deputado federal (PT/RS), vice-líder do governo Lula no Congresso Nacional
66 artigos
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