CNJ e MPT se unem para fortalecer trabalho no sistema prisional
Fora das prisões, pessoas egressas seguem enfrentando estigmas para recolocação em postos de trabalho
Garantir que pessoas que estiveram presas tenham acesso a trabalho e geração de renda dignos é fundamental para atender aos anseios da sociedade por um país mais desenvolvido e inclusivo. No entanto, segundo dados do Executivo Federal, apenas 13% das pessoas privadas de liberdade ocupam postos de trabalho, sendo a maioria ligados a atividades internas nas unidades prisionais ou à produção de artesanato com fins de subsistência. Fora das prisões, pessoas egressas seguem enfrentando estigmas para recolocação em postos de trabalho.
Para reverter esse quadro, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Ministério Público do Trabalho (MPT) assinaram na última semana a Orientação Técnica Conjunta n. 1. O texto dá o passo a passo para que representantes locais do sistema de Justiça e outros atores chave garantam a contratação de pessoas presas ou egressas prevista em lei pela Administração Pública Direta, Autárquica e Fundacional e pelo Poder Judiciário.
O documento é fruto de termo de cooperação técnica firmado em 2020 pelas duas entidades para qualificar o cumprimento da Política Nacional de Trabalho no âmbito do Sistema Prisional (PNAT), instituída pelo Decreto n. 9.450/2018, e da Resolução CNJ n. 307/2019, que criou a Política Judiciária Nacional de Atenção a Pessoas Egressas. O fortalecimento de trabalho e geração de renda no contexto de privação de liberdade integra as ações do programa Fazendo Justiça, parceria entre o CNJ e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), com apoio do Departamento Penitenciário Nacional, para incidir em desafios estruturais na área.
Contexto
Citando arcabouço normativo nacional e internacional sobre o tema, a orientação destaca que muitas atualizações recentes ainda não foram incorporadas no país. “As questões de gênero e orientação sexual, a desregulamentação do trabalho mundial e suas implicações para a inclusão produtiva no sistema prisional e as relações entre entes públicos e privados na geração de trabalho e renda no escopo da justiça criminal não se encontram abordadas nos documentos e normas mais recentes, dentre eles o próprio Decreto n.° 9.450/18”, aponta o texto.
Como principal recomendação estruturante aos poderes públicos locais, a normativa orienta a criação de grupos de trabalho intersetoriais liderados pelos Grupos de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Sistema de MedidasSocioeducativas dos Tribunais de Justiça (GMFs) e pelas Procuradorias Regionais do Trabalho. Os Escritórios Sociais e outros serviços de atenção às pessoas egressas devem apoiar a coordenação local das ações.
O passo a passo para garantir o cumprimento da PNAT inclui o mapeamento de normativas locais sobre o assunto – e o fomento a projetos de lei na ausência destas -, o levantamento de contratos existentes entre a Administração Pública e empresas privadas, a identificação dos índices previstos em lei para o cumprimento de cotas de contratação, assim como medidas a serem adotadas em caso de descumprimento. Por fim, aborda os diferentes papeis a serem desempenhados para o monitoramento e fiscalização dos contratos e os quesitos a serem observados.
A orientação é assinada pelo coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas do CNJ, juiz Luís Lanfredi; pela coordenadora nacional da Coordenadoria Nacional de Promoção da Regularidade do Trabalho na Administração Pública, procuradora regional do Trabalho Ileana Neiva Mousinho; e pelos vice coordenadores, procuradores do Trabalho Mariana Casagranda e Afonso Rocha.
Pfizer: pesquisa revela impacto da pandemia na saúde mental de jovens
Duas mil pessoas foram ouvidas em cinco capitais do país
Efetiva e inclusiva: CNJ destaca atuação do TJRO na justiça criminal
Publicação no site do Conselho Nacional de Justiça destacou entrevista com o juiz Bruno Darwich, da Vara de Execuções Penais de Porto Velho
Grito de guerra em inauguração de restaurante bolsonarista “Coco Bambu” vira piada nas redes (vídeo)
No vídeo em questão, os funcionários gritam frases motivacionais, com um clima de torcida
Comentários
Seja o primeiro a comentar
Envie Comentários utilizando sua conta do Facebook