Começou a temporada de caça a um 'outsider'

Pesquisa Quaest é usada como argumento para inflar figura de candidato “de fora da política”, apesar da vantagem de Lula

Fonte: Denise Assis - Publicada em 13 de outubro de 2025 às 11:45

Começou a temporada de caça a um 'outsider'

A exatamente um ano da eleição de 2026, a mídia tradicional começa a exibir as suas reais intenções. Sem cerimônia, sem corar. Sem medo de jogar o país novamente nos braços de um títere que se mova manipulado por eles e o “mercado”. Sem medo de nos legar um novo “Bolsonaro”, que nos deixou um país na bancarrota, uma imagem desgastada do ponto de vista da política internacional, com atrasos em todos os setores sociais e que, infelizmente, tirou a tampa da panela onde a ultradireita vinha cozinhando seguidores a fogo brando. Até que um exército de alucinados, marchando em ritmo de hinos marciais, foi para a rua rezar para pneu e, com celulares apontados para o céu, chamavam etês para auxiliá-los no golpe planejado pelo presidente que chegou lá, com apoio dela, a mídia.

Ao destacar da pesquisa Quest um dado visivelmente pinçado do resultado de uma pergunta induzida, tentam jogar no caldeirão da indefinição o rumo de um pleito que vem se desenhando à luz da política. Mas eles querem um “outsider”.

Descrevem a contragosto o cenário para o presidente Lula: “em todos os cenários para 2026, Lula vence os seus adversários sejam eles quem forem, como mostram todas as pesquisas”. Faltou acrescentar um cínico: “por enquanto”. Até que com suas varinhas de Hare Potter, possam impregnar no respeitável público o sentimento da necessidade de um “outsider”, como descrevem. Sugerem até o perfil: o de um “Pablo Marçal”. Que Deus e Nossa Senhora Aparecida, no seu dia (12/10), nos livre dessa praga.

“Um dado inédito da última Quaest, no entanto, reforça a ideia de que o brasileiro se anima com a ideia de um outsider para a disputa presidencial”, escreve o colunista, reproduzindo, - como já indiquei aqui, no 247, num artigo sobre o pesquisismo -, o que diz a pesquisa.

“Na resposta à pergunta "para o Brasil hoje, qual seria o melhor resultado da eleição?" isso fica patente”, carimba o escriba.

“A opção "alguém de fora da política" obteve 23% das preferências. Somente abaixo dos 33% de Lula, mas acima dos 15% da opção "outro candidato de direita" e dos 14% que cravaram Bolsonaro”, demonstra.

E, tal como previ no meu artigo (https://www.brasil247.com/blog/a-hora-e-a-vez-do-pesquisismo), segue “apenas” reproduzindo os dados colhidos na pesquisa. Inocentemente, é bom que se diga. (Contém ironia).

“É verdade que quando se compara essa pesquisa de agora com a Quaest de setembro, verifica-se que, com a melhora de Lula neste mês, a alternativa "candidato fora da política" perdeu um pouco de tração.

Não é simples o surgimento de um novo Pablo Marçal. Mas a pesquisa mostra que há espaço de sobra para alguém ocupar esse posto”, avisa, de forma asséptica – eu poderia jurar que ele escreveu a coluna enluvado. Sua análise soa quase como uma defesa do tipo: a culpa é dos números, eu não tenho nada com isso não.

Assim, calcado numa pesquisa que entre os dias 2 e 5 de outubro, ouviu presencialmente 2.004 pessoas de todo o Brasil, o jornalista, com ares de distanciamento e imparcialidade, vai iniciando o processo que nos rendeu um Bolsonaro, vários generais golpistas, e todos os dissabores que conhecemos de cor e salteado. Mas não sem antes advertir: “Sua margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos”.

Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

Começou a temporada de caça a um 'outsider'

Pesquisa Quaest é usada como argumento para inflar figura de candidato “de fora da política”, apesar da vantagem de Lula

Denise Assis
Publicada em 13 de outubro de 2025 às 11:45
Começou a temporada de caça a um 'outsider'

A exatamente um ano da eleição de 2026, a mídia tradicional começa a exibir as suas reais intenções. Sem cerimônia, sem corar. Sem medo de jogar o país novamente nos braços de um títere que se mova manipulado por eles e o “mercado”. Sem medo de nos legar um novo “Bolsonaro”, que nos deixou um país na bancarrota, uma imagem desgastada do ponto de vista da política internacional, com atrasos em todos os setores sociais e que, infelizmente, tirou a tampa da panela onde a ultradireita vinha cozinhando seguidores a fogo brando. Até que um exército de alucinados, marchando em ritmo de hinos marciais, foi para a rua rezar para pneu e, com celulares apontados para o céu, chamavam etês para auxiliá-los no golpe planejado pelo presidente que chegou lá, com apoio dela, a mídia.

Ao destacar da pesquisa Quest um dado visivelmente pinçado do resultado de uma pergunta induzida, tentam jogar no caldeirão da indefinição o rumo de um pleito que vem se desenhando à luz da política. Mas eles querem um “outsider”.

Descrevem a contragosto o cenário para o presidente Lula: “em todos os cenários para 2026, Lula vence os seus adversários sejam eles quem forem, como mostram todas as pesquisas”. Faltou acrescentar um cínico: “por enquanto”. Até que com suas varinhas de Hare Potter, possam impregnar no respeitável público o sentimento da necessidade de um “outsider”, como descrevem. Sugerem até o perfil: o de um “Pablo Marçal”. Que Deus e Nossa Senhora Aparecida, no seu dia (12/10), nos livre dessa praga.

“Um dado inédito da última Quaest, no entanto, reforça a ideia de que o brasileiro se anima com a ideia de um outsider para a disputa presidencial”, escreve o colunista, reproduzindo, - como já indiquei aqui, no 247, num artigo sobre o pesquisismo -, o que diz a pesquisa.

“Na resposta à pergunta "para o Brasil hoje, qual seria o melhor resultado da eleição?" isso fica patente”, carimba o escriba.

“A opção "alguém de fora da política" obteve 23% das preferências. Somente abaixo dos 33% de Lula, mas acima dos 15% da opção "outro candidato de direita" e dos 14% que cravaram Bolsonaro”, demonstra.

E, tal como previ no meu artigo (https://www.brasil247.com/blog/a-hora-e-a-vez-do-pesquisismo), segue “apenas” reproduzindo os dados colhidos na pesquisa. Inocentemente, é bom que se diga. (Contém ironia).

“É verdade que quando se compara essa pesquisa de agora com a Quaest de setembro, verifica-se que, com a melhora de Lula neste mês, a alternativa "candidato fora da política" perdeu um pouco de tração.

Não é simples o surgimento de um novo Pablo Marçal. Mas a pesquisa mostra que há espaço de sobra para alguém ocupar esse posto”, avisa, de forma asséptica – eu poderia jurar que ele escreveu a coluna enluvado. Sua análise soa quase como uma defesa do tipo: a culpa é dos números, eu não tenho nada com isso não.

Assim, calcado numa pesquisa que entre os dias 2 e 5 de outubro, ouviu presencialmente 2.004 pessoas de todo o Brasil, o jornalista, com ares de distanciamento e imparcialidade, vai iniciando o processo que nos rendeu um Bolsonaro, vários generais golpistas, e todos os dissabores que conhecemos de cor e salteado. Mas não sem antes advertir: “Sua margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos”.

Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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