De companheiros a golpistas

Durante anos, Michel Temer foi bajulado e paparicado por Lula e sua turma, até o dia em que resolveu aplicar uma rasteira na Dilma, de quem era vice, para assumir a presidência da República.

Valdemir Caldas
Publicada em 06 de janeiro de 2018 às 09:51

Antes de denunciar a compra de deputados para inflar a base de sustentação do governo Lula na Câmara, cujo escândalo de corrupção ficou conhecido como mensalão, o então deputado e aprendiz de barítono, Roberto Jefferson, era o queridinho de petistas e uma espécie de amuleto da sorte para Lula. Hoje, porém, Jefferson não passa de um escroque, um golpista, que deveria estar mofando atrás das grades por denunciar companheiros de butim.

Durante anos, Michel Temer foi bajulado e paparicado por Lula e sua turma, até o dia em que resolveu aplicar uma rasteira na Dilma, de quem era vice, para assumir a presidência da República. Hoje, Temer, Renan e Jucá, dentre outras figurinhas da política nacional, que chafurdarem com membros da cúpula petista na mesma pocilga, são chamados de golpistas.

Como se vê, o petismo não gosta de ser contrariado. Quem se atreve a fazê-lo pode acabar em maus lençóis. Antonio Palocci foi ministro de Lula e amigo do peito do ex-presidente. Apanhando pela Lava Jato, Palocci caiu na asneira de dar nomes aos bois. Foi execrado por Lula e seu pessoal. Dirceu, o ex-todo-poderoso ministro da Casa Civil de Lula, passou uma temporada em cana, mas não entregou seus comparsas. Dias atrás, um vídeo correu nas redes sociais, mostrando Dirceu remexendo as cadeiras num regabofe.  João Vaccari, apelidado de mochila, devido ao acessório que carregava nas costas para transportar a propina que recebia em nome do PT, continua preso, mas, até hoje, não deu com a língua nos dentes. São por essas e outras que Dirceu e Vacari são endeusados por petistas.

No Brasil, se um politico é acusado de meter as mãos sujas no dinheiro público, ao invés de merecer o repúdio popular, ele passa a ser endeusado. O caso de Lula é emblemático, apenas para ficar nesse exemplo. Mas há outros. O petismo acha que Lula não pode ser condenado pelo simples fato de que as acusações não partem de vestais.

Tenha santa paciência! As denúncias que pesam sobre os ombros do ex-presidente são gravíssimas. Muitas delas, aliás, sobejamente comprovadas. É inútil tentar esconder o sol com uma peneira. Os indícios são fortes. Basta que o petismo controle seu ímpeto e deixe que os órgãos competentes façam seu trabalho, para que todos (mesmo os acusadores de hoje) também prestem contas de seus atos aos tribunais.

Essa história de querer impor regime de terror diante da possibilidade (cada vez mais próxima) de Lula ser condenado, não cabe na moldura dos dias atuais. É algo que ficou no passado. Foi corroído pela ferrugem do tempo. Jefferson não é um padrão moral no qual se deve espelhar, mas, reconheça-se, não fosse por ele, até hoje a sociedade brasileira não teria conhecido a dimensão do mensalão. Concorde ou não com Jefferson, o que ele fez foi tornar pública sua insatisfação. E pagou por isso.

Comentários

  • 1
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    j pauloj 06/01/2018

    Golpe entre os quadrilheiros tudo bem, não pode é aplicar golpe na comparsa e aplicar golpe no povo brasileiro c reformas contra trabalhadores e aposetados em nome da crise que ajudou a criar com a corrupção do governo que compartilhava.

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