“Deixe-se adotar...” conquistou dois prêmios nacionais de Comunicação e Justiça
Mas a maior conquista do documentário foi dar visibilidade para a situação de crianças institucionalizadas: a maioria que aparece no documentário foi adotada
“Eu queria muito ser adotada porque... para ter meus pais pra mim. Porque eles são muito importantes pra mim. Porque na vida, lá no abrigo eu nunca tive pais. E... eu gosto de ser adotada, eu não gosto de ser abandonada”. Aos nove anos de idade, foi a primeira vez que Beatriz utilizou a palavra “abandono”, durante a elaboração do vídeo institucional “Deixa-se adotar...” que, em 2014, foi premiado com o 1º lugar na categoria Vídeo Institucional, e em 1º lugar na categoria Júri Popular, ambos os troféus do Prêmio Nacional de Comunicação e Justiça, durante Conbrascom.
Produzido pela Coordenadoria de Comunicação Social do Tribunal de Justiça de Rondônia, sob coordenação do jornalista Adriel Diniz, o vídeo tem roteiro, direção e produção de Ana Carolina Gouveia Cardoso, produção de Simone Norberto, com imagens e edição de Laelho Barrozo. O material foi elaborado para ser exibido no Curso Preparatório para a Adoção realizado pelo Juizado da Infância e da Juventude. Foi uma solicitação da Comissão Estadual Judiciária de Adoção, instituída pela Corregedoria-Geral da Justiça, e teve todo apoio da administração do Tribunal de Justiça. Na categoria de Vídeo Institucional, o trabalho do TJRO disputou com trabalhos do TJ do Rio Grande do Sul e do Tribunal de Contas do Mato Grosso.
O vídeo apresenta a realidade dos abrigos e das crianças que estão em situação de institucionalização. Aborda o tema da adoção, em especial recorte para a questão da adoção de crianças com idade superior a três anos. Foi elaborado para a campanha de comunicação institucional para difundir a adoção com foco na mobilização pela “adoção tardia”, quebrando, com isso, os preconceitos com relação às crianças maiores que permanecem nos abrigos por não se encaixarem no perfil almejado pelas famílias pretendentes.
O filme mostra os aspectos legais e emocionais que envolvem a adoção, ouve profissionais do meio e, sobretudo, demonstra exemplos comoventes de adoção de crianças consideradas “fora dos padrões” almejados pela maioria dos pretendentes. A colaboração das famílias e crianças que passaram pelo processo contribuem para demonstrar que adoção é um caminho de via dupla, onde não só os filhos como também os pais ganham com o gesto que transforma vidas.
O processo de adoção muitas vezes não ocorre por preconceito de cor, idade, sexo e histórico familiar. No entanto, esses critérios não deveriam ser uma barreira. Crianças e adolescentes que moram em abrigos à espera de uma família almejam desejos simples como um almoço no domingo em família, dançar em uma festa na escola para alguém que o aguarda ansiosamente na plateia. São coisas simples da vida que estamos acostumados a viver, que nem ao menos sabemos que fazem tanto sentido assim, mas que essas crianças desconhecem.
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