Delírios petistas (leia-se, da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ao modo Folha)
"Cabe a Gleisi vocalizar o som das bases, o que ajuda a balizar os rumos do programa vitorioso nas urnas. Viu, Folha?", escreve Denise Assis
Deputada Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT (Foto: Stuckert)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como sabemos, é o presidente da República. A Gleisi não. Nem sequer está no primeiro escalão do governo porque, como bem ensinou a história recente, quando o Partido dos Trabalhadores (PT) foi governo por três vezes, pecou por colocar em Brasília todos os grandes quadros do partido, deixando a militância ao Deus dará. Ficou claro que não dá para engarupar todos nos ministérios.
Gleisi ocupa a honrosa presidência do partido que está na cadeira da presidência e tem o dever de fazer chegar a Lula as principais queixas, críticas e reivindicações do PT. Cabe a ela vocalizar o som das bases, o que ajuda a balizar os rumos de quem está na condução do programa vitorioso nas urnas. Viu, Folha? Esse é um detalhe da maior importância. Houve a escolha feita pelo povo, de uma linha de atuação em nome da sociedade, diferente do que pensam os seus editores, (graças a Deus), e o “mercado”.
No editorial de hoje, (12/12), carregado de misoginia, lê-se expressões do tipo: Na fantasia do PT. Pausa! O PT é Gleisi e Gleisi é o PT. Portanto, é ela quem está, segundo o Aurélio online, (Fantasiosa: desprovida de realidade; sem relação com o que é real; imaginoso). No entender da sua equipe de editores, as mulheres são assim. O editorialista prossegue o texto, partindo do princípio de que “apenas interesses perversos e forças malignas o impedem de solucionar todas as carências do país —em renda, educação, saúde, saneamento, infraestrutura— por meio do aumento contínuo do gasto público”. Nem Gleisi defende isto, tampouco é o que o ministro da Fazenda Fernando Haddad está propondo. Portanto, há aí um nítido desejo de “dividir para – não governar -, na interpretação livre do jornal paulista, dos princípios de Maquiavel. E prossegue: “Por caricatural (relativo à caricatura) que pareça, o delírio (perturbação mental caracterizada pela presença de alucinações, desorientação, confusão etc. Modo de pensar desorganizado, ilógico; loucura), “se repete, em formulações variadas, nas manifestações de seus quadros e nos inúmeros documentos divulgados ao longo dos mais de 40 anos de vida do partido. No mais recente, datado de sexta-feira (8), a legenda arremete contra a ditadura do Banco Central ‘independente’ e do austericídio fiscal”.
Segundo eles, com muito didatismo, diga-se, “o tal austericídio, como se sabe é a meta apresentada pelo próprio governo petista de equilibrar as receitas e despesas do Tesouro Nacional no próximo ano, eliminando o déficit. Esse propósito seria uma imposição de um BC atrelado ao mercado financeiro, de rentistas e, claro, seus porta-vozes na mídia”. Sem disfarce, é isso mesmo. Se Gleisi fala em “austericídio”, a folha faz nesse parágrafo um “sincericídio”.
Sabe-se que a política responsável e exitosa do primeiro governo de Lula foi esta: arrumar as contas deixadas de pernas para o ar, pelo “príncipe”, desorganizadas por dívidas onerosas com o FMI. Lula promoveu o aumento de salários, empregos e consumo. O governo do PT conseguiu elevar o nível de vida da população, propiciando o surgimento de uma nova classe consumidora: a classe C. Sabe o que aconteceu depois do golpe de 2016, contra a política de Dilma Rousseff (PT)? A classe C foi morar na rua, triplicando por 10 o número dos que agora são beneficiados pelo programa “Ruas Visíveis”. A classe C tornou-se miserável, sumiu dos cadastros dos benefícios que, por sua vez, perderam o seu caráter de programas sociais.
“Assim o explicitou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que no dia seguinte, em evento partidário, apresentou publicamente sua divergência ao ministro da Fazenda, com a defesa de um rombo de até 2% do PIB. Fala-se aqui de mais de R$ 200 bilhões”, prosseguem.
Conversem um pouquinho com o economista Ladislau Dowbor, que ele explica muito claramente como funciona esse tal de “reajuste fiscal”. Segundo ele, nessa cantilena são carreados para o bolso dos rentistas cerca de R$ 600 bilhões só de lucros advindos dessa manobra que a “pobraiada” não entende de jeito nenhum! Mas são eles os tungados. O que não vai para o social, vai para a Faria Lima, Dowbor ensina. Ih! Até rimou.
“Seria menos perigoso se desvarios (falta de sanidade, de juízo – Aurélio on line.) do gênero não passassem de bravatas para inflamar militantes. Viu-se sob Dilma Rousseff, porém, que a fé cega na capacidade infinita do Estado pode gerar desastres reais. Agora, o PT não se constrange em enfraquecer Haddad, um quadro seu, e pôr em risco o governo”.
Essas loucas do PT, quando ganham um naco de poder perdem o juízo, de acordo com a Folha! Confesso que estou até com peninha do ministro Haddad.
“Pouco importa à sigla que a meta de déficit zero seja objeto de descrédito unânime. A mera tentativa de reduzir o gigantesco desequilíbrio das contas, por meio de algum controle da despesa, já é tida como um arrocho cruel” – engatam.(...) “Enxergar austeridade excessiva nesse cenário é alucinação (ação ou efeito de alucinar, de perder o sentido, o entendimento ou a razão) que faz o PT crer que, com ainda mais gasto e déficit, fará a atividade econômica se expandir e gerar mais receita —tese que Haddad cuidou, diplomaticamente, de desmentir”.
Para a Folha, que não foi eleita para tocar nenhum projeto de país, orienta: “justifica-se elevar a despesa quando o país está em recessão e é preciso estimular o consumo e o investimento. Já tomar esse expediente como moto-contínuo levaria, mais uma vez, a uma espiral de dívida, inflação, juros e baixo crescimento”. Combinado, viu, Folha!
“Não convém que o ministro da Fazenda assuma o papel de defensor solitário da racionalidade no partido e no governo.” (Particularidade ou característica do que é racional; qualidade daquilo que se baseia na razão). O único conceito positivo contido no editorial vai para: Fernando Haddad! (Como são ponderados, esses homens!!!)
Mas nem todos. É bom que se diga. Caso seja ele o presidente de um partido com ares de progressista, que bote dentro do palácio os indigentes e queira trazer de volta para os aeroportos esses pobres “cafonas”, a serem resgatados para a classe C, aí será definido assim, como a Folha arremata o seu editorial:
“Luiz Inácio Lula da Silva, que se apraz em arbitrar os embates petistas, já cometeu a imprudência (Comportamento, ação ou discurso da pessoa imprudente. Ação irresponsável; falta de observação àquilo que poderia evitar um mal) política de esgarçar as contas do Tesouro logo no primeiro ano de mandato”. Só para lembrar, a título de informar àquele jornal (que pretensão a minha! Informar a um jornal!!!). Luiz Inácio Lula da Silva deixou o governo para a presidente Dilma Rousseff, com superávit primário. Ah! E para vocês que bateram muito na economia da Dilma, ela é atual presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, em inglês), conhecido como o Banco do Brics, e foi eleita como a Mulher Economista de 2023 pelo sistema Cofecon/Corecons, que reúne o Conselho Federal de Economia e os Conselhos Regionais de Economia do Brasil. Quanto Desvario!!!!
Denise Assis
Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".
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