Há 40 anos a professora aposentada Alaide Maria Mussato Forato, de 76 anos, de Amparo (SP), vive com uma deformidade no rosto por conta de um câncer na face. Tudo começou aos 36 anos, com uma espinha que ela foi espremer e nunca cicatrizava, então, em 1984 foi submetida a uma cirurgia, que não removeu o tumor pela raiz, assim como não foram indicadas sessões de radioterapia ou quimioterapia.
Ao longo de todos esses anos de tratamento teve que aprender a conviver com a dor. “Não tem analgésico que passe”, diz. O que Alaide nunca abriu mão foi de tocar a vida. “Continuo fazendo todas as minhas atividades normalmente. O dom da vida não pode ser desperdiçado”.
Até hoje ela já teve muitas próteses, pois o material de silicone sofre desgastes naturais com o tempo e a estética do próprio rosto muda também. “Nunca abandonei o tratamento de reabilitação facial. As próteses me devolveram a dignidade. É muito desagradável andar com curativos no rosto, ainda mais no meu caso, que a extensão da cavidade é grande”.
No ano passado descobriu um novo tumor, que comprometeu a meninge. Por isso, foi submetida a uma cirurgia delicada de mais de 8 horas, 25 sessões de quimioterapia e radioterapia. Ela sobreviveu, mas com sequelas na face ainda mais extensas.
Na próxima sexta, dia 9 de agosto, ela recebe a nova prótese no Instituto Mais identidade, fruto de mais de 10 sessões para confecção de um produto personalizado. “É tão bem feita que parece a pele da gente”, elogia. Alaide ressalta que contar sua história de superação é uma forma de incentivar outras pessoas que vivem enclausuradas em casa com medo de sair na rua a buscar ajuda.
O que faz o Instituto Mais Identidade?
No Instituto Mais Identidade, fundado no ano de 2015 e reconhecido como OSCIP em 2019, o serviço gratuito de reabilitação vai além da excelência e já beneficiou mais de 200 pacientes não só com próteses oculopalpebrais, mas também reabilitando a região do nariz, orelha e maxilares. A sede da ONG fica em São Paulo, em um espaço cedido pela Universidade Paulista (UNIP), e já recebeu pacientes de 13 estados do país.
A ONG conta com o apoio da UNIP, do Rotary Clube Jardim das Bandeiras e grandes empresas, a exemplo da AMBEV e Yamaha, assim, todo tratamento prestado é gratuito. A busca não é apenas restaurar faces, mas devolver a dignidade aos pacientes que são acompanhados por uma equipe multidisciplinar que contempla cirurgiões, psicólogos, assistentes sociais, designers.
“Acreditamos e investimos no trabalho. Ele se alinha com a proposta da universidade de disseminar conhecimentos que tenham uma efetiva contribuição social. Pessoas despossuídas de sua identidade vivenciam o medo de serem excluídas e estigmatizadas”, diz a UNIP em nota. A seriedade e transparência na gestão dos recursos habilitam a ONG a buscar recursos provenientes de leis de incentivo, como o Programa Nacional de Apoio a Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência (PRONAS/PCD), gerido pelo Ministério da Saúde. “Contar com esse aporte foi fundamental para montar e manter uma equipe especializada na produção de próteses faciais de alta tecnologia, otimizando processos, aperfeiçoando resultados e reduzindo custos de produção. Na rede particular uma prótese pode custar R$ 100 mil. Para o paciente, o valor de uma prótese é inestimável. Ela recupera não apenas a aparência, mas também autoestima, funcionalidade e relações profissionais e pessoais”, finaliza o presidente da instituição, Dr. Luciano Dib.
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