Deputadas cobram cumprimento de cotas para candidaturas femininas nas eleições
Presidente do TSE sugeriu que mulheres fiquem com 20% das vagas no Congresso
Renata Abreu: a lógica partidária privilegia quem pode ter mais voto
Deputadas que participaram da comissão geral que debateu, nesta semana, reformas na legislação eleitoral cobraram a fiscalização do cumprimento da regra que estabelece percentual mínimo obrigatório de 30% para o registro de candidaturas femininas nas eleições.
Durante o debate, os participantes falaram em melhorar a participação feminina no Poder Legislativo. Uma das apostas é na reserva de vagas para as mulheres no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras de Vereadores.
A deputada Renata Abreu (Pode-SP) ressaltou que considera a quota de candidaturas uma vitória, mas, como dirigente partidária, explicou qual é a lógica vigente.
“Os partidos, na hora de construir a chapa, colocam quem tem voto, porque é a lógica do sistema proporcional para se atingir um quociente eleitoral. Então, como a mulher passou muitos anos sendo tratada de forma diferente, porque nós não tínhamos o direito de votar, de trabalhar, as mulheres eram preteridas, porque não tinham voto comprovado”, disse.
Segundo a deputada, uma das formas de se chegar a um equilíbrio na representatividade pode ser a adoção das cadeiras efetivas para as mulheres nos parlamentos. Ela acrescenta que a bancada feminina da Câmara busca um consenso em torno de um percentual de vagas que seja viável para a aprovação pelo Congresso.
Durante a comissão geral, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, explicitou o seu apoio à reserva de cadeiras para as representantes femininas. Ele relatou que, ao acompanhar as últimas eleições no México, verificou que havia chapas paritárias: para cada candidato homem, uma mulher.
“Eu acho que 15% por cento apenas de representação feminina no Congresso é muito pouco e, evidentemente, essa é uma questão política que será decidida pelos senhores, mas eu apostaria num avanço progressivo de reservar 20% das vagas para mulheres, para quebrar o ciclo de discriminação”, sugeriu o ministro.
Barreiras
Coordenadora da bancada feminina, a deputada Celina Leão (PP-DF) destacou que, além de votarem e serem votadas, as mulheres têm direito de participar das tomadas de decisão, mas listou algumas barreiras para alcançar este patamar, como a falta de apoio nos espaços públicos e os estereótipos de gênero.
Já a deputada Lídice da Mata (PSB-BA) lembrou que não há sistema democrático que não inclua as maiorias, como mulheres e negros, no caso do Brasil. A deputada Soraya Santos (PL-RJ) se manifestou nesta mesma linha de pensamento.
“Quando se fala em representatividade democrática, não se consegue compreender como, no Brasil, uma maioria vira minoria no sistema eleitoral.”
Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Margarete Coelho lembrou a violência política contra as mulheres
Relatora do grupo de trabalho que analisa a reforma do Código Eleitoral, a deputada Margarete Coelho (PP-PI) citou outra barreira à participação feminina: a violência política contra as mulheres.
“Este é um grande mal, que atinge não as mulheres, não é um problema das mulheres, é um problema da nossa democracia, que exclui maiorias, ou que minoriza maiorias e faz com que o sistema seja extremamente deficitário”, disse.
Durante o debate, o ministro Luís Roberto Barroso sugeriu que as mulheres também tenham pelo menos 30% de participação nos cargos de direção dos partidos. Algumas deputadas elogiaram o titular do TSE por uma ação recente e inédita: a indicação dos nomes de três advogadas na composição de uma lista tríplice para o cargo de ministro substituto do tribunal.
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