Deputados de oposição defendem criação de CPI sobre monitoramento de mídias sociais
Deputados apontam irregularidade em contrato do governo com empresa privada para monitoramento de "detratores" em redes sociais
Deputados dizem que 116 colegas estão sendo monitorados
Deputados da oposição protestaram nesta quinta-feira (3), no Plenário da Câmara, contra notícias de que o governo está monitorando as atividades de deputados, jornalistas, economistas e influenciadores em mídias sociais. A liderança do governo não se pronunciou.
As deputadas Érika Kokay (PT-DF) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) anunciaram que estão colhendo assinaturas para formar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Detratores, nome como são identificados os influenciadores que se posicionam contra o governo em seus perfis públicos em mídias sociais.
Para Jandira Feghali, o fato é mais grave por envolver o gasto de dinheiro público com contratações de empresas privadas. "Não basta argumentar que são clipagens. Clipagem não se faz assim, clipagem é natural em qualquer governo, existe assessoria de imprensa para isso", refutou.
"Certamente, é algo inconstitucional e tem que ser averiguado. Conte sempre com o meu apoio", respondeu o deputado Luís Miranda (DEM-DF), que presidia a sessão.
Érika Kokay destacou que o contrato do governo com a empresa de monitoramento de mídias sociais é de R$ 2,7 milhões. "Há que se estabelecer aqui, sim, a CPI para investigar lista de detratores, esses que estão sendo perseguidos, na mais nítida expressão do arbítrio de quem desrespeita a Constituição, tira e coloca a democracia para dançar na beira do abismo."
Já a líder do Psol, Sâmia Bomfim (Psol-SP), afirmou que seu partido entrou com uma representação na Procuradoria-Geral da República para apurar as informações. Para a deputada, o monitoramento ameaça a liberdade de expressão. "Isso é um rompimento completo das liberdades democráticas. As redes sociais são um instrumento sim para manifestar as nossas opiniões", disse.
Segundo Sâmia Bomfim, as informações sobre o monitoramento teriam sido fornecidas para o ministro da Economia, Paulo Guedes, e para o próprio presidente Jair Bolsonaro. "São 116 parlamentares monitorados. Eu estou entre eles, assim como vários parlamentares do Psol. Mas há também vários parlamentares da base do governo."
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