Desejos carnais - Capítulo 4
Acontece! Todos os dias, infelizmente, milhões de mulheres são trapaceadas
— Geralmente, querida, os homens mentem demais — comentou dona Leonora enquanto segura uma belíssima xícara de café. A tênue fumaça era visível. — E digo isso por experiência própria. Anos e anos sendo traída, ouvindo várias mentiras de um homem que enganava sorrindo. Iludia disfarçando-se de um ser humano exemplar. Acontece! Todos os dias, infelizmente, milhões de mulheres são trapaceadas.
Com um ar de esperteza, Mônica forçou um sorriso. Perguntou:
— A senhora tá preparada pra descobrir a verdade?
— Eu já sei qual é a verdade de toda essa loucura. O que realmente desejo é ver o ato. Sabe? Presenciar a cena.
— Nossa! Tô até com medo!
Dona Leonice riu. Disse:
— Não precisa ficar com medo. Não é com você. E eu tô pagando! Ninguém aqui sai perdendo. Gosto assim! Melhor negociar na lata em vez de arquitetar toda uma narrativa inverossímil. Eu quero o endereço dos dois apaixonados, você pode me ajudar e nós negociamos como duas mulheres adultas.
— Exatamente! - afirmou Mônica com o olhar altivo. Estava sentindo-se muito poderosa e interessante naquele momento.
Então, dona Leonice respirou fundo. Indagou:
— Enviou o endereço pro meu celular?
— Sim - respondeu Mônica entusiasmada. O olhos interesseiros, inquietos. — Conheço um cara que mora lá perto e que frequentemente vê os dois juntos. Entende, né? Lá por aquelas redondezas eles se comportam como namoradinhos, alegres, entregues ao desejo. São discretos por causa da mídia tradicional, das redes sociais e tals. Mas… quem já é antenado mesmo na realidade, percebe que eles ficam. Pra ser sincera, eles se relacionam faz tempo. É só linkar os fatos!
— Que triste! Um filho gay. Se fosse bandido, Mônica, seria melhor.
— É. Difícil ver o filho na homossexualidade neste país. Mas ele parece ser um cara legal. Extravagante, eu sei. Só que… ele só quer ser amado e eu acho que a gente não pode obrigar ninguém a viver uma mentira só pra agradar a sociedade que, convenhamos, tá muito longe de ser perfeita.
Após a fala de Mônica, dona Leonice a fulminou no olhar. Disparou a seguinte frase:
— Guarde os seus achismos, sua CLT. Eu não gosto da ideia de comentários inapropriados quando tô no palco. Entendeu? Vamos manter o profissionalismo. Ou… logo logo você será demitida.
— Mas… eu só disse uma verdade.
— A sua verdade não engloba todas as pessoas neste mundo. Uma simples CLT não é a porta-voz da intelectualidade, de opiniões críveis. É apenas uma mão de obra inserida no capitalismo exacerbado. Compreenda o seu lugar. Observe que nós duas estamos sentadas à mesa, mas há diferenças latentes que nos regem por veredas opostas. Trocamos favores e mesmo assim não compartilhamos da mesma atmosfera.
— Desculpa! Eu… não quis deixar a senhora com raiva.
Dona Leonice riu. Ajeitou suavemente os cabelos loiros, ondulados que lhe rejuvenesciam cinco anos. Comentou:
— Senhora não. Por favor! Leonice. Somente Le-o-ni-ce. Você aparenta ser muito mais velha do que eu, Mônica. Quando eu estive em Roma, Itália, vários homens lindos, fortes, elegantes, flertaram comigo. Ah! A beleza masculina me renova de um jeito que me pego bobinha diante de um cafajeste de 1,90. A gente sabe que não presta, Mônica. Mas… o desejo é incontrolável. Sinto-me uma princesa em apuros. Pronta pra ser resgatada por um partidão sensual.
Controlando a vontade de gargalhar, Mônica abaixou o olhar como se estivesse refletindo em alguma questão importante. Que nada! “Essa mulher é maluca! Além de insuportável, se acha uma rainha. Coitada! Quando tira o vestido, deve ser só pelanca. A boca de bruxa. As rugas perto dos olhos e a louca achando que tá novinha. Ridícula! Só pagando mesmo pra um cara se deitar com essa dinossaura.”
— Compreendeu, amada? — perguntou dona Leonice com um sorriso cínico, os olhos que denotavam muita esperteza. — Os homens dão em cima de mim de uma maneira que… fica quase impossível me sentir feia. Mas eu confesso, querida, que às vezes fico assustada comigo mesma quando acordo e me olho no espelho.
— Acontece — comentou Mônica já incomodada com o delírio da outra. — Mas ainda assim, Leonice, você é bela. Acordar feia é uma triste realidade de várias mulheres. Paciência! Pelo menos existem as maquiagens, hein!
Dona Leonice riu. Disse:
— Você tá querendo conquistar o meu afeto, espertinha.
— Não, não… na verdade, sim. Mas… da maneira correta.
— E qual é a maneira correta, Mônica?
— Eu sendo prestativa.
— Tá! Nós duas invadimos a privacidade sexual do Vicente e o tópico prestatividade sendo exposto. Por favor!
Novamente, Mônica abaixou o olhar. Porém, agora estava sentindo-se humilhada, envergonhada.
— Nós invadimos a privacidade de um homossexual. Olha como nós duas somos perversas. O que altera na sua vida a sexualidade do Vicente? Nada. Mas como o dinheiro tá no jogo, o interesse falou mais alto. Tô mentindo? Claro que não!
— O interesse de ambas, dona Leonice.
— Sim. Eu confesso que tô agindo com uma ousadia negativa. Confesso. Mas é por uma causa muito, muito importante. A paixão cega. E eu tô percebendo que o meu filho tá ficando cego. Insanamente apaixonado. Achando que tá vivendo um romance de filme hollywoodiano e na verdade… tá sendo levado no papo e sendo dominado na cama.
Os olhos ficaram marejados. Continuou:
— Ele é passivo, Mônica! Passivo. Complica mais.
— Dona Leonice, os tempos mudaram. Olha quanta modernidade no mundo. A liberdade sexual tá aí pra escancarar as portas dos armários. Entende?
— De novo comentando o que não é pra comentar?
— Desculpa!
— Desculpada! Mas não dê tantos palpites. Ele pode até ser homossexual, mas é o meu filho. Eu o amo! Muita gente acha que não. Mas… eu não quero ver o Vicente se dando mal. Aceito a homossexualidade dele? Não. No entanto, eu até mato por ele.
— Eita! Não precisa se empolgar tanto, dona Leonice.
— Mato. Se for preciso, eu mato por ele. Sem dó, nem piedade. Mato.
— Mas… matar quem?
— Qualquer lixo que queira ludibriá-lo.
— Dona Leonice…
— Eu tô no Brasil! Sou milionária, branca, formada, inteligente, influente. Acha mesmo que não posso me dar ao luxo de eliminar alguém e ainda sair por cima?
— Nossa! Assim eu fico até com medo.
— Mas é pra ficar com medo mesmo.
— Nossa!
Para amenizar a tensão do momento, dona Leonice deu uma risada. Indagou sentindo-se poderosa:
— Feliz com os seus 30 mil reais?
— Muito — respondeu Mônica. — Muito mesmo.
— Guarde-o! Invista esse dinheiro, querida! Não brinque com dinheiro, hein!
— Pode deixar.
— Ótimo! E o que nós conversamos aqui, fica aqui.
— Combinado.
— Assim que eu gosto. Aprende rápido.
— Eu… realmente preciso dessa grana.
— Maravilha!
— Vai me ajudar demais!
— Feliz por você, Mônica!
Então, dona Leonice levantou-se da cadeira e colocou os seus óculos escuros. A postura altiva. Disse:
— Mais tarde eu pego um voo pra Belo Horizonte. Já tá pago o serviço, não me envia mensagens, nem fique me olhando nas redes sociais. Eu vou saber se você estiver bisbilhotando os meus passos. Entendido, Mônica?
— Entendido.
— Que lindo! Se quiser continuar trabalhando, obedeça-me. Eu não tô brincando!
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