Dia de luta contra o reumatismo é lembrado hoje no país

Entidade alerta para importância do diagnóstico precoce da doença

Heloísa Cristaldo - Repórter da Agência Brasil/Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil
Publicada em 30 de outubro de 2020 às 08:30
Dia de luta contra o reumatismo é lembrado hoje no país

Dores e inchaço nas articulações estão entre os sintomas mais comuns das doenças reumáticas. Apesar de estigmatizadas como problemas de idosos, essas doenças compõem um grupo de mais de 120 enfermidades, que acometem as juntas, ossos, músculos cartilagens e tendões, além da pele e dos sistemas respiratório e gastrointestinal. Celebrado em 30 de outubro, o Dia Nacional de Luta contra o Reumatismo alerta para Importância do diagnóstico precoce e o impacto do tratamento adequado na qualidade de vida do paciente.

"As pessoas associam aos mais velhas, mas maioria das doenças reumáticas surge por volta dos 35 e 40 anos tanto em homens quanto em mulheres, no auge da vida profissional dos pacientes", explica o presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), José Roberto Provenza.

Entre as doenças mais comuns estão a artrite reumatoide, artrose, osteoporose, gota, tendinites e bursites, febre reumática e fibromialgia. No entanto, segundo Provenza, a falta de diagnóstico precoce e automedicação estão entre os maiores desafios no enfrentamento às doenças reumáticas.

“O paciente que apresenta uma dor persistente, por exemplo, de 3 a 4 semanas, principalmente com acometimento bilateral de mãos e punhos, rigidez matinal, aumento de temperatura e inchaço nas articulações faz com que tenhamos que chamar atenção”, afirma Provenza. “No entanto, o acesso fácil à anti-inflamatórios e a automedicação retardam a vinda do paciente ao consultório e podem agravar a doença”, completou.

Atualmente, o tratamento de doenças reumáticas conta com as chamadas drogas antirreumáticas modificadoras de doença que podem retardar o progresso de enfermidades. No entanto, elas só fazem efeito adequado quando administradas no surgimento do problema.

“Um paliativo não vai resolver por completo o curso da doença. Em muitas delas, a cartilagem vai sendo corroída e uma vez destruída, ela não recupera mais.  A pessoa vai ficando deformada. Assim, muitas vezes, a alternativa é conduzir o paciente para o ortopedista colocar uma prótese, por exemplo” afirmou Provenza.

“Outro problema é o excesso de propagandas falsas sobre produtos ditos como milagrosos, que prometem cura a doenças reumáticas. Temos que ter muita atenção, porque há dezenas de medicamentos que não têm o menor efeito e isso pode retardar o aparecimento do tratamento sério e do resultado precoce. Deveria haver um rigor maior com a comercialização desses produtos”, acrescentou.

Impacto

Segundo Provenza, outra limitação para o diagnóstico precoce é o reduzido número de especialistas. No Brasil, atualmente são cerca de 1.800 médicos reumatologistas. A Região Sudeste concentra a maioria dos profissionais, aproximadamente 700 médicos estão no estado de São Paulo.

De acordo com a SBR, as doenças reumáticas têm um forte impacto no sistema de saúde do país. Entre setembro de 2019 a agosto de 2020, mais de 100 pessoas por dia foram internadas em hospitais ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS) com sinais e sintomas compatíveis com alguma enfermidade reumática, conforme revela o Datasus1. No total, foram 40.014 hospitalizações.

Caso não sejam tratadas, essas enfermidades podem causar uma série de limitações e levar à incapacidade física, provocando o afastamento do trabalho e a aposentadoria precoce. Estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMU-USP)2 demonstrou que, em 2014, as doenças reumáticas lideraram as concessões de benefícios da Previdência Social, com 19% dos  auxílios-doenças e 13,15% das aposentadorias por invalidez.

Doenças

De acordo com Provenza, a fibromialgia é uma das doenças mais comuns em consultório e afeta 2,5% da população mundial, independente do gênero. Geralmente afeta mais mulheres do que homens e aparece entre 30 a 50 anos de idade. Para orientar a população, a sociedade de reumatologia tem uma cartilha com as doenças mais prevalentes, os sintomas e os possíveis tratamentos.

A doença se caracteriza por uma dor muscular generalizada, crônica, que pode persistir por mais de três meses. No entanto, enfermidade não apresenta evidência de inflamação nos locais de dor. Ela é acompanhada de sintomas como sono não reparador e cansaço. Pode haver também distúrbios do humor como ansiedade e depressão, e muitos pacientes queixam-se de alterações da concentração e de memória.

Artrite reumatoide

Entre as mais comuns e graves está a artrite reumatoide, uma doença que tem o potencialmente deformante caso não tratada precocemente. A causa é desconhecida e acomete as mulheres duas vezes mais do que os homens. Inicia-se geralmente entre 30 e 40 anos e sua incidência aumenta com a idade.

Os sintomas mais comuns são os da artrite (dor, edema, calor e vermelhidão) em qualquer articulação do corpo sobretudo mãos e punhos. O comprometimento da coluna lombar e dorsal é raro mas a coluna cervical é frequentemente envolvida.

Gota

A gota é uma doença inflamatória que acomete sobretudo as articulações e ocorre quando a taxa de ácido úrico no sangue está em níveis acima do normal.

No entanto, nem todas as pessoas que estiverem com a taxa de ácido úrico elevada (hiperucemia) desenvolverão a gota. A maioria dos pacientes é de homens adultos entre 40 e 50 anos e, principalmente em indivíduos com sobrepeso ou obesos, com vida sedentária e usuários de bebidas alcoólicas com frequência. As mulheres raramente desenvolvem gota antes da menopausa e geralmente tem mais de 60 anos de idade quando a desenvolvem.

Espondilite Anquilosante

As manifestações da doença podem variar de somente um quadro de dores nas costas contínua e significativa localizada principalmente na região das nádegas, ou mais acima na região lombar. É uma doença mais grave e sistêmica, acometendo várias outras juntas, os olhos, coração, pulmões, medula espinhal e rins.

Normalmente, os pacientes desenvolvem os primeiros sintomas no final da adolescência ou no início da idade adulta (17 aos 35 anos de idade).

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