Dino, uma presença na História
"A presença de um cidadão de formação comunista entre os ministros da mais alta corte representa bem mais do que um retrato na parede", diz Paulo Moreira Leite
Flávio Dino (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)
A entrada de Flávio Dino no plano máximo do Judiciário brasileiro carrega uma relevância bem maior do que se compreendeu até aqui.
Num país conhecido pela intolerância política e uma tradição repressiva sempre ativa, alimentada por uma cultura escravocrata convertida em musculatura do fascismo do século XXI, a presença de um cidadão de formação comunista entre os onze ministros da mais alta corte de Justiça do país representa bem mais do que um retrato na parede.
Da mesma forma que o macacão de ferramenteiro jamais poderá ser afastado da biografia do líder de projeção universal que senta-se no Planalto pela terceira vez, a pele morena de Flávio Dino carrega séculos de uma história que não tivemos capacidade de compreender em toda grandeza, embora se encontre aí, indelével, diante de nossos olhos, a espera de uma melhor consciência e de mais coragem. Dialoga com os povos da África e da América, sinônimos dos deserdados do planeta, condenados a reescrever a aventura humana a partir de baixo, em permanente aceno a homens, mulheres e crianças que têm direito a um destino melhor.
A Comissão de Senadores que controla o ingresso no STF, mais seletiva fortaleza da Casa Grande Brasileira, só abriu uma festa para o candidato após garantir na mesma audiência uma vaga para o conservador Paulo Gonet, destinado ao cargo do Procurador-Geral da República, aquele que terá, até a aposentadoria, a prerrogativa explosiva de processar o presidente da República, a começar pelo atual ocupante do posto, Luiz Inácio Lula da Silva.
Os dois foram sabatinados numa audiência simultânea jamais realizada na história de uma instituição fundada em 1891, dois anos após a proclamação da República no último país do Novo Mundo a abolir a escravidão.
Numa jornada em tom morno, mas sempre acompanhada de ouvidos atentos, as ideias de Flávio Dino sempre despertaram mais curiosidade do que o conservadorismo cinzento de Gonet. Não é difícil entender o por quê. Ainda que modesta, uma novidade de séculos estava ali.
Alguma dúvida?
Paulo Moreira Leite
Colunista e comentarista na TV 247
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Comentários
Presença de um sujeito sujo, corrupto o estado dele que o diga
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