Enterrando o bolsonarismo
Denúncia de Marcos do Val tem de levar à condenação de alguém: ele, o inominável ex-presidente ou o já preso ex-deputado citado na “conspiração”. Ou de todos
Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
Os bolsonarentos piram: a) maconha medicinal liberada em São Paulo pelo governo depositário do entulho de extrema direita, ainda que devido a interesse pessoal do governador fluminense; b) perda da eleição para a presidência do Senado, com voto impresso; d) a queridinha do presidente do PL para eleições futuras não conseguir captar votos para seu candidato Marinho; d) a nova bomba e arquivo vivo agora é Marcos do Val.
Na verdade, a patacoada da conspiração apresentada pelo ainda senador precisa ser muito bem averiguada. Pode ser o caso de atribuir ao conjunto de ações o rótulo de “conspirador serial”, mas com poucas chances de avançar no âmbito judicial. Proposta de tipificação do crime de conspiração foi apresentada há tempos no Congresso Nacional, mas sequer foi discutida e sempre é arquivada ao final da legislatura. A mais recente é o PL 500/2019 que passou os últimos quatro anos aguardando a designação de relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados. Porém, a denúncia de Marcos do Val, ainda que em múltiplas versões, tem de levar à condenação de alguém: ele, o inominável ex-presidente ou o já preso ex-deputado citado na “conspiração”. Ou de todos.
A academia tem procurado também explicações científicas sobre o comportamento dos terroristas, em particular os que atuaram em Brasília no 8 de janeiro, mostrando a trágica repetição da História. O problema é que, estando longe de seu intento, os fanáticos continuam a praticar seus atos criminosos. Dos grupos bolsonarentos – aos quais pertenço, infelizmente, por dever de ofício – já recebi convites para “novenas” e momento de “reflexão” com dia e hora marcados. A linguagem cifrada religiosa não deixa dúvidas.
Assim para se derrotar devidamente o bolsonarismo não basta denunciar o conjunto quase anedotário de acontecimentos. Ainda que justa a discussão sobre os danos da judicialização da política, há que se considerar que delegar ao Judiciário a palavra final nada mais é que respeitar a Constituição. Concordo que isso deva ser evitado, mas é muito diferente de delirar quanto a um inexistente equivalente de poder moderador de algum outro órgão de Estado, como as Forças Armadas, por exemplo. Fazer política errando dentro dos limites legais é infinitamente melhor do que continuar a incentivar golpes.
E ficar atento, denunciando todo e qualquer deslize, especialmente os praticados pela mídia dos jornalões. Se uma imagem vale por mil palavras, as múltiplas justificativas não explicaram a má escolha da foto-montagem daquela malfadada capa da Folha de S. Paulo, com a simulação de um tiro no presidente Lula. Ou foi proposital, vai saber! Ao menos, a esmagadora maioria dos leitores teve bom senso ao condenar tal falta de jornalismo, que fez com que a autora da “arte” viesse a público para se justificar.
Adilson Roberto Gonçalves
Pesquisador científico em Campinas-SP
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