Especialistas analisam a atuação de dirigentes do Banco Central do Brasil ao longo da história

Pesquisas compiladas em "Os Mandarins da Economia" revelam perfis de condução e ideologias econômicas adotadas por figurões do Bacen em diferentes governos

Assessoria
Publicada em 20 de fevereiro de 2023 às 15:22

Motivo de controvérsias, as definições relacionadas às taxas de juros colocam a atuação do Banco Central nos holofotes e fomentam discussões sobre a autonomia do órgão responsável por gerir a política econômica do país. O debate sobre estas decisões do BC, hoje sob a tutela de Roberto Campos Neto, ganha uma nova camada com o lançamento do livro Os Mandarins da Economia, publicado pela editora Almedina Brasil.

A obra conta com organização de Adriano Codato, professor de Ciência Política na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pesquisador do CNPq, e Mateus de Albuquerque, doutorando em Ciência Política na UFPR, onde desenvolve pesquisa sobre o Conselho Monetário Nacional com apoio da CAPES.

No lançamento, um grupo de especialistas discorre sobre aqueles que ditam a trajetória dos juros, câmbio, taxas de inflação, reservas internacionais, balança comercial e condições de liquidez da economia: os diretores e presidentes do Bacen. Isso porque, se estes líderes pensam e agem politicamente, é importante conhecer suas bases educacionais e principiológicas, suas relações com instituições como os think tanks ou o grau de autonomia mediante o mercado financeiro.

Sem caráter biográfico, os estudos apresentados sobre os banqueiros centrais recaem em suas formações intelectuais, movimentos de carreira, redes de relacionamento dentro e fora do Estado, taxas de nomeações e demissões. O objetivo é entender como agem esses atores, seja em suas instituições, seja no sistema político e social mais amplo, uma vez que eles se encontram inseridos em diferentes momentos sociais e históricos do país.

Tradicionalmente, pode-se referir a esse grupo como a burocracia do Estado, mas uma locução mais precisa seria a elite estatal. São indivíduos situados nas cúpulas do aparelho do Estado que ocupam e controlam recursos estratégicos de poder. Abordagens estruturais sobre o Estado frequentemente se esquecem (ou explicitamente negam) que o processo real de governo depende muito do pessoal que o dirige (Birnbaum, 1994, p. 11). Por sua vez, também as preferências diante de opções de políticas públicas estão intimamente ligadas aos perfis dos “burocratas”, isto é, suas ideias econômicas, backgrounds de carreira, competências profissionais e contextos (Adolph, 2013, pp. 2-3).

(Os Mandarins da Economia, pg. 23)

 Um dos pontos altos do lançamento é a reflexão sobre a problemática da instabilidade das equipes econômicas, objeto de um amplo estudo estatístico, com dados de mais de cinco décadas, tanto da ditadura militar quanto do período democrático, até 2016, englobando diferentes governos. As origens profissionais, o background educacional e a lógica das seleções dos diretores do Banco Central também são tema de aprofundamento no título.

A missão de entender quem são as figuras por trás de grandes decisões nacionais posiciona Os Mandarins da Economia como ferramenta para aprofundar a compreensão da cena política brasileira atual, a partir da imersão histórica oferecida pelos autores das pesquisas. Uma leitura indispensável para quem acompanha os bastidores do banco dos bancos, incumbido de garantir a estabilidade do sistema financeiro e o poder de compra da moeda brasileira.

Ficha técnica

Livro: Os Mandarins da Economia - Presidentes e Diretores do Banco Central do Brasil
Organizadores: Adriano Codato e Mateus de Albuquerque
Editora: Almedina Brasil
ISBN: 9786554270496
Páginas: 326
Formato: 16x23x1,6
Preço: R$ 99,00
Onde encontrar: Almedina Brasil | Amazon

Sobre os coordenadores

Adriano Codato é professor de Ciência Política na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pesquisador do CNPq.

Mateus de Albuquerque é doutorando em Ciência Política na UFPR, onde desenvolve pesquisa sobre o Conselho Monetário Nacional com apoio da CAPES.

Sobre a editora

Fundada em 1955, em Coimbra, a Almedina orgulha-se de publicar obras que contribuem para o pensamento crítico e a reflexão. Líder em edições jurídicas em Portugal, a editora publica títulos de Filosofia, Administração, Economia, Ciências Sociais e Humanas, Educação e Literatura. Em seu compromisso com a difusão do conhecimento, ela expande suas fronteiras além-mar e hoje traz ao público brasileiro livros sobre temas atuais, em sintonia com as necessidades de uma sociedade em constante mutação.

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