Esperma de salmão: PDRN para rejuvenescimento não pode ser injetado na pele

Apesar da alta procura depois que a atriz Jennifer Aniston disse ter feito o tratamento nos Estados Unidos, biomédica explica porque no Brasil o produto não pode ser utilizado como um injetável

Assessoria
Publicada em 01 de setembro de 2023 às 13:27
Esperma de salmão: PDRN para rejuvenescimento não pode ser injetado na pele

De tempos em tempos surgem na internet tratamentos polêmicos ou, ao menos, inusitados. Quase sempre incentivados por famosos, dessa vez não foi diferente quando a atriz estadunidense Jennifer Aniston comentou que estava fazendo tratamento para rejuvenescimento com espera de salmão, também conhecido como polydeoxyribonucleotide (PDRN). No Brasil, uma empresa que comercializa o ativo realizou lives para divulgar a técnica que é semelhante aos skinboosters (hidratação injetável na pele) e muitos profissionais iniciaram o tratamento, que promete resultados diferenciados.

A controvérsia, segundo a biomédica Ana Clara Brathwaite, é que o produto não tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como medicamento e por isso não pode ser injetado na pele. “O registro dele atualmente é apenas como cosmético grau 2, o que chamamos de dermocosméticos. Isso significa que só pode ser utilizado de maneira tópica, como um xampu antiresíduos ou um hidratante rejuvenescedor. Um produto injetável deve ser registrado como medicamento e, para isso, precisa apresentar todos os testes que mostram reações adversas e possíveis efeitos colaterais. Para os registros de cosméticos grau 2, esse processo não é tão detalhista e esse é o problema”, explica a especialista.

A composição é interessante para entregar o resultado que propõe: 20mg/ml de ácido hialurônico, 5mg/ml de PDRN e 1mg/ml de niamicida. Já conhecido do mundo estético, o ácido hialurônico é um umectante poderoso que atrai e retém água, mantém a pele com aparência saudável e hidratada, e reduz a aparência de linhas finas e rugas.

A niamicida funciona como antioxidante, clareia manchas, fortalece a barreira de proteção da pele, reduz a inflamação e a hiperpigmentação da pele, regula a produção de sebo e ainda ajuda na produção de NAD+, uma coenzima vital que desempenha um papel importante no metabolismo energético celular.

O PDRN, por sua vez, já é bastante utilizado na medicina por sua capacidade de estimular a regeneração celular da pele, dos ossos, das articulações, ajudando a acelerar a cicatrização de feridas, a reparar tecidos danificados e até no controle de dores crônicas. Ele ainda é anti-inflamatório e alguns estudos sugerem que o PDRN pode ajudar a hidratar a pele e melhorar sua textura e elasticidade, por meio da regeneração do colágeno e da elastina.

“Não quero dizer que o procedimento é ruim. Muito pelo contrário, já temos dados clínicos que mostram que realmente tem bons resultados, mas ainda não temos literatura científica bem embasada sobre o uso do PDRN injetável para estética e muito menos o registro na Anvisa, que é crucial. Meu posicionamento como profissional é utilizar apenas o que é regulado pela agência, justamente para evitar riscos para o paciente e para a sociedade. Porque, a partir do momento que o profissional utiliza algo que não é registrado de forma adequada para aquele fim, não temos mais respaldo nenhum”, explica Ana Clara.

A biomédica ainda ressalta que o PDRN tem sim o registro para ser utilizado de maneira tópica na pele, já que tem o registro como dermocosmético, apesar de ser comercializado em seringas, como os skinboosters. “Mas provavelmente os resultados não seriam eficazes porque ele não tem os mecanismos específicos para fazer a permeação desses ativos na pele, que seriam conseguidos através de nanotecnologia, do tamanho das partículas e outros detalhes que os produtos tópicos precisam apresentar para ter eficácia”, finaliza.

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