Expedição flagra 25 patos-mergulhão em UCs do Jalapão

Essa é uma boa notícia para o Dia do Cerrado, o berço das águas, comemorado na última quarta-feira, dia 11 de setembro. A Ave mais ameaçada do mundo é um bom indicador para a qualidade da água e do ambiente equilibrado

ICMBIO
Publicada em 16 de setembro de 2019 às 12:33
Expedição flagra 25 patos-mergulhão em UCs do Jalapão

Casal de pato-mergulhão localizado durante a expedição. (Foto: Paulo Antas)

Na última quarta-feira (11) comemora-se o Dia do Cerrado, considerado o berço das águas, e um dos biomas extremamente ameaçados. Porém, a boa notícia veio com o resultado da expedição que pesquisadores e biólogos realizaram percorrendo o Rio Novo, na região do Jalapão, e em um de seus afluentes, o Rio Verde, nas áreas da Estação Ecológica da Serra Geral do Tocantins, Área de Proteção Ambiental (APA) do Jalapão e o Parque Estadual do Jalapão (PEJ). Eles visualizaram aproximadamente 25 indivíduos do pato-mergulhão adultos, a espécie é considerada uma das aves mais ameaçadas de extinção do mundo. Entre estes, foram identificados alguns casais em fase reprodutiva ou cuidando de filhotes, adultos em fase de muda de penas e ninhos ativos.

O pato-mergulhão é um dos animais mais emblemáticos e raros do Cerrado, encontrado somente em alguns pontos de Minas Gerais, Goiás e Tocantins. Vive em rios e riachos de águas límpidas, quase sempre com corredeiras e margeados por vegetação nativa. Por essas características, é reconhecida como espécie "bioindicadora". Ou seja, sua presença revela um ótimo estado de preservação dos ambientes. O Cerrado possui grandes reservas subterrâneas de água doce que abastecem as principais bacias hidrográficas do país. Essa riqueza hídrica é fundamental para o abastecimento humano, a geração de energia e a produção agrícola. Por isso, encontrar o pato-mergulhão é um bom indicador para a qualidade da água e para o ambiente equilibrado, já que o Cerrado é um dos biomas extremamente ameaçado.

Expedição percorre 150 quilômetros pelo Rio Novo. (Foto: Marcelo Barbosa)

A expedição

A expedição, organizada pelo Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) em parceria com as equipes da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e da Fundação Pró-Natureza (Funatura), percorreu cerca de 150 km de extensão do Rio Novo, durante cinco dias de trabalho (27 de agosto a 2 de setembro) no mosaico de áreas de UCs que possuem potencial reprodutivo da espécie pato-mergulhão (Mergus octosetaceus). O biólogo do Naturatins Marcelo Barbosa relatou que a expedição realizou a avaliação da população de pato-mergulhão local e mapeada as áreas com reprodução in situ atuais. As informações obtidas devem contribuir com o conhecimento e desenvolvimento da espécie na região, destacando a importância do investimento em ações para a preservação da ave em seu habitat natural.

Neste ano foi incluída a Estação Ecológica da Serra Geral entre as áreas de reprodução desta espécie muito ameaçada. De acordo com registros entre 12% a 15% da população mundial do pato-mergulhão está no Rio Novo. A inclusão de mais uma UC neste esforço é uma ótima notícia, uma vez que auxilia a preservação da espécie e a unidade passa a ter o registro de reprodução.

O pesquisador da Fundação Pró-Natureza (Funatura) Paulo Antas pontuou que ocorreu uma expansão do período reprodutivo do pato-mergulhão no Rio Novo. De acordo com ele, os pesquisadores encontraram na expedição exemplares do pato-mergulhão em todas as fases do seu ciclo de vida, desde a nidificação, filhotes recém-nascidos, até casais adultos. A presença desta ave em processo reprodutivo, é um indicador que ainda há um ambiente equilibrado e qualidade da água local. Para o técnico do Instituto de Ruraltins Valtécio Carvalho o respeito à biodiversidade é um dos princípios do desenvolvimento sustentável.

Ninho ativo localizado durante a expedição. (Foto: Paulo Antas)

Preservação

Marcelo Barbosa conta que, desde 2007, o Naturatins acompanha este trabalho e apoia iniciativas de conservação da espécie. O biólogo esclarece que estas ações buscam colaborar com o Plano de Ação Nacional (PAN) do pato-mergulhão, que é uma iniciativa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Anualmente, o grupo de trabalho reúne representantes de órgãos ambientais governamentais e não-governamentais, para o planejamento da agenda futura de atuação. Neste ano, este encontro está previsto para ocorrer no mês de novembro.

Paulo Antas considera muito importante o controle da prática do Rafting estabelecido pelo Naturatins durante o período reprodutivo da espécie. O período vem coincidindo com o final da estação reprodutiva do pato-mergulhão e de mudança das penas dos adultos. Os patos têm uma característica única entre as aves, neste período trocam as penas de voo, que se estende por duas a três semanas, quando a espécie tem como opção somente o mergulho, para escapar de potenciais predadores. O controle desta prática esportiva evita que as aves se dispersem por longas distâncias e fiquem impedidas de retornar aos ninhos.

A pesquisa é coordenada pela Funatura e tem abrangência nacional, com duração de quatro anos e conta com o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

* Com informações do Instituto Natureza do Tocantins

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