Homenagem no Plenário lembra exemplo de amor, fé e caridade de Chico Xavier
O parlamentar abriu a sessão relatando que Francisco Cândido Xavier nasceu em uma família com nove filhos de um vendedor de bilhete de loteria e de uma lavadeira, ambos analfabetos, na cidade mineira de Pedro Leopoldo, em 1910
Girão (C), que comandou a homenagem, e convidados na sessão especial no Plenário
Senadores e convidados celebraram a memória do médium espírita Chico Xavier numa sessão especial na tarde de ontem (11). A iniciativa partiu do senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que lembrou que a homenagem é parte de uma trilogia que também já reverenciou em Plenário Allan Kardec e Bezerra de Menezes.
O parlamentar abriu a sessão relatando que Francisco Cândido Xavier nasceu em uma família com nove filhos de um vendedor de bilhete de loteria e de uma lavadeira, ambos analfabetos, na cidade mineira de Pedro Leopoldo, em 1910. Órfão de mãe, aos cinco anos foi entregue à madrinha, que não o tratava bem, e com muito sacrifício conseguiu completar o curso primário.
Eduardo Girão narrou que, aos 22 anos, caixeiro de um pequeno armazém, Chico publicou a primeira edição do Parnaso de Além-Túmulo, coletânea de poemas psicografados que fez sensação nos círculos literários brasileiros e o tornou conhecido nacionalmente.
— Começava aí sua história de vida pública. Ao Parnaso, seguiram-se mais de 400 livros, que venderam mais de 50 milhões de exemplares. Mas Chico Xavier viveu no mundo sem ser do mundo. O médium era, sobretudo, um filantropo. Embora viesse a se tornar o escritor brasileiro de maior sucesso comercial da história, ele cedeu integralmente os direitos autorais de suas obras para instituições de caridade espalhadas por todo o nosso país — destacou.
Ainda conforme o senador, embora fosse reconhecido como um dos maiores líderes espirituais do Brasil e um dos mais importantes expoentes do espiritismo, Chico jamais cobrou um centavo pelas mais de 10 mil cartas que psicografou, "consolando milhares de famílias, que se deslocavam de todas as partes do Brasil na esperança de receberam notícias de seus entes queridos desencarnados".
— É esse um exemplo de fé em Jesus e desprendimento de interesses materiais, o que precisa ser por nós sempre lembrado, para servir como referência; de alguém que nos pede, como ele nos pediu, que doemos a paz e a alegria; de alguém que nos move, como ele nos moveu, para o exercício espiritual da caridade; de alguém que nos mostra, como nos mostrou, que, embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora a fazer um novo fim — afirmou.
Missionário e homem de bem
O presidente da Federação Espírita do Distrito Federal, Paulo Maia Costa, afirmou que, como missionário, Chico Xavier extrapolou a esfera do espiritismo e, por isso, teve de enfrentar resistências e dificuldades ao longo de sua jornada.
— Foi um homem de bem realmente, um missionário. E como todo grande missionário, enfrentou a indiferença, o descrédito, a mentira e diversos desafios. Nunca, na sua biografia, que tantos escreveram, tentou revidar ou revidou os ataques às feridas que abriram para ele. E a resposta sempre foi a da outra face, a do silêncio, a do amor, a da caridade — avaliou.
A vice-presidente da Federação Espírita Brasileira, Marta Antunes Moura, disse que conheceu o líder espírita quando era criança e o admira sobretudo por ser um homem de bem.
— Chico Xavier, que está no meu coração, no coração da minha família e de muitos amigos, não é só aquele ser de dom psíquico acima do comum. Como inúmeras criaturas, inúmeros representantes do nosso planeta que trazem um dom na área da ciência, na área da tecnologia, na área da filosofia, na área das artes, nós realmente admiramos o Chico profundamente, sobretudo por ser um homem de bem. É o que fica. Aquela criatura amorosa, sincera, de um raciocínio muito lúcido, que nós jamais esqueceremos.
Novo ciclo
Ao lembrar que Chico Xavier deixou o mundo terreno aos 92 anos, em 2002, o jornalista e diretor de cinema Marcel Souto Maior disse que morte é uma palavra que não combina nada com o homenageado.
— Ele deixou o corpo físico para trás, ali em Uberaba [MG], para dar início a um novo ciclo na sua trajetória, em outro plano, em outra dimensão. E para quem não acredita e põe em dúvida a sobrevivência dos espíritos, como alguns dos muitos amigos céticos que eu tenho? Dá para a gente falar em morte? E aí eu posso dizer a vocês: com absoluta convicção, não, não dá para falar em morte — refletiu.
Para o presidente da Comunhão Espírita de Brasília, Adilson Mariz de Moraes, a doutrina espírita é bem clara, mas há dificuldade de compreensão por muitas pessoas. O líder médium veio justamente para jogar luz e abrir novos caminhos.
— Ele surge como uma brisa suave a soprar sobre as letras que o nosso querido codificador trouxe, levando com mais claridade o entendimento da doutrina dos espíritos para todos. Então ele vem e faz um trabalho suave, tranquilo e espalha o amor que essa doutrina possui, e isso se solidifica dentro de cada um de nós. É importante entendermos a doutrina, mas mais ainda vivenciá-la — opinou.
Aborto e drogas
A sessão especial contou com a participação de dezenas de convidados. Alguns deles, como o ex-deputado federal Luiz Bassuma, aproveitaram a oportunidade para criticar os que defendem a liberação do aborto. Já a coordenadora do movimento Brasil Sem Drogas, Andreia Salles, atacou tentativas de legalização de entorpecentes.
— Hoje existem 14 mil famílias usando canabidiol. Para abastecer 14 mil famílias é necessário 1,1 mil metros quadrados de plantio da cannabis. Para que legalizar plantio em larga escala em todo o Brasil se não for para comercializar e vender e ganhar dinheiro com isso? Ganhar dinheiro na dor do dependente químico? — questionou.
Andreia Salles lembrou ainda que tramita no Senado o PL 5.158/2019, do senador Eduardo Girão, que garante canabidiol para famílias que precisam da substância de graça no SUS. Segundo ela, no entanto, a proposta não anda porque não gera lucro.
— O plantio em larga escala é perigoso. Quem precisa de remédio tem que encontrar gratuitamente no sistema de saúde pública. Mas não precisa plantar droga em larga escala — defendeu.
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