Infectologista questiona redução do tempo de isolamento e vinculação ao teste obrigatório

Segundo o infectologista e diretor médico da Target Medicina de Precisão, Adelino de Melo Freire Júnior, a medida anunciada pelo Ministério da Saúde é questionável.

Assessoria
Publicada em 11 de janeiro de 2022 às 18:12
Infectologista questiona redução do tempo de isolamento e vinculação ao teste obrigatório

Do ponto de vista do tempo de isolamento, há questionamentos técnicos de segurança em relação a mudança de 10 para 5 dias de isolamento. O embasamento científico para essa decisão é questionável e a motivação para essa mudança é mais econômica do que científica, já que a medida visa, principalmente, diminuir o impacto de absenteísmo em empresas. De acordo com os estudos mais relevantes, uma parcela dos doentes ainda pode transmitir a doença no 5º dia de sintomas”, afirma.

O infectologista ressalta que nos EUA, primeiro país a adotar essa medida, já há uma dificuldade em testagens, como falta de suprimentos e que isso poderá acontecer no Brasil.

O que preocupa é o Ministério da Saúde vincular a redução do tempo de isolamento a realização de testes. Anteriormente, a pessoa cumpria 10 dias de isolamento e, sem testagem, era liberada do isolamento - sendo essa orientação seguida há mais de um ano. O que muda é justamente condicionar a liberação precoce do isolamento a uma testagem e isso pode ocasionar uma falta de testes para quem está doente. Nosso cenário atual é de falta de insumos, falta de teste rápido e laboratórios pedindo mais prazo para entregar os resultados – o que compromete a assistência hospitalar. A cadeia de suprimentos não tem conseguido suportar e poderá comprometer a testagem de quem está doente”, afirma.

Veja abaixo o que disse o Ministério da Saúde sobre a nova recomendação de isolamento e testagem obrigatória

O isolamento de casos leves e moderados de Covid-19 terá um novo prazo estabelecido pelo Ministério da Saúde. A partir de agora, o isolamento deverá ser feito por 7 dias, desde que não apresente sintomas respiratórios e febre, há pelo menos 24 horas e sem o uso de antitérmicos. O anúncio foi feito ontem (10), pelo ministro Marcelo Queiroga, na sede do Ministério, em Brasília.

Aqueles que realizarem testagem (RT-PCR ou teste rápido de antígeno) para Covid-19 com resultado negativo no 5º dia, poderão sair do isolamento, antes do prazo de 7 dias, desde que não apresente sintomas respiratórios e febre, há pelo menos 24 horas, e sem o uso de antitérmicos. Se o resultado for positivo, é necessário permanecer em isolamento por 10 dias a contar do início dos sintomas.

Para aqueles que no 7º dia ainda apresentem sintomas, é obrigatória a realização da testagem. Caso o resultado seja negativo, a pessoa deverá aguardar 24 horas sem sintomas respiratórios e febre, e sem o uso de antitérmico, para sair do isolamento. Com o diagnóstico positivo, deverá ser mantido o isolamento por pelo menos 10 dias contados a partir do início dos sintomas, sendo liberado do isolamento desde que não apresente sintomas respiratórios e febre, e sem o uso de antitérmico, há pelo menos 24h.

Para aqueles que não realizaram a testagem até o 10º dia, mas estiverem sem sintomas respiratórios e febre, e sem o uso de antitérmico, há pelo menos 24 horas, poderá sair do isolamento ao fim do 10º dia. O entendimento de isolamento é a separação de indivíduos infectados dos não infectados durante o período de transmissibilidade da doença. É nesse prazo que é possível transmitir o vírus em condições de infectar outra pessoa. (Fonte: Ministério da Saúde)

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