A Redução do Volume Pulmonar faz parte dos recursos terapêuticos minimamente invasivos para o tratamento dos casos graves de Enfisema Pulmonar desde 1995, quando foi publicado o primeiro estudo (1) que mostrava a eficácia do procedimento, com alívio da falta de ar, aumento da tolerância aos exercícios, melhora da qualidade de vida e aumento da sobrevivência, se comparado ao tratamento clínico otimizado utilizado até então pelos doentes graves.
Profissionais de inúmeros países, incluindo do Brasil, aderiram a esse tratamento inovador e se tornaram referência quando o assunto é Redução do Volume Pulmonar, como o caso do Cirurgião Torácico Luís Carlos Losso, responsável pelo Núcleo de Tratamento Intervencionista do Enfisema Pulmonar, do Hospital Edmundo Vasconcelos, de São Paulo (SP) (2)
O Dr. Losso explica: “Os avanços do tratamento farmacológico e não-farmacológicos, como cessação de tabagismo, reabilitação, oxigenoterapia, imunização, educação e monitorização centrada no doente, contribuíram significativamente no tratamento e controle clínico da doença; entretanto há um grupo de doentes graves e muito graves para os quais todo esse moderno arsenal terapêutico não consegue resultados que melhorem a sua qualidade de vida ou reduzam a sua mortalidade. Para esses doentes, a Redução do Volume Pulmonar pode trazer alívio de seus sintomas”.
Avanços da Engenharia Biomédica, com o desenvolvimento de microdispositivos para uso endobrônquico, bem como o aprimoramento das plataformas robóticas (e seus recursos minimamente invasivos de precisão) trouxeram enorme segurança para os procedimentos de Redução do Volume Pulmonar. Há 30 anos essas opções técnicas vêm sendo aperfeiçoadas e, hoje, pode-se oferecer aos doentes bem selecionados por Pneumologistas e equipes especializadas em doenças pulmonares avançadas como enfisema grave, o melhor tratamento disponível.
O médico enfatiza que a Redução do Volume Pulmonar não é a primeira escolha terapêutica para os pacientes com Enfisema Pulmonar. “Os casos leves e moderados são tratados de forma clínica otimizada, levando-se em consideração que essa é uma doença crônica progressiva que não tem cura e, quando se torna grave, o paciente perde sua qualidade de vida. É nesse momento que o doente deve ser avaliado por uma equipe multidisciplinar especializada em Enfisema Pulmonar grave, para uma avaliação de Redução do Volume Pulmonar”, revela.
O que é o Enfisema?
Os pulmões saudáveis são compostos por milhões de pequenos sacos aéreos (alvéolos) com paredes elásticas. São nos alvéolos que ocorrem as trocas gasosas. No Enfisema Pulmonar, as vias aéreas muito pequenas e as paredes desses sacos aéreos estão danificadas. Os alvéolos se rompem, produzindo destruição no pulmão. Essas partes danificadas do pulmão são amplas e retêm o ar em seu interior. No Enfisema, quando se respira, a parte danificada do pulmão se infla mais do que o normal e comprime as partes mais saudáveis do órgão. O aumento na quantidade de ar dentro dos pulmões é chamado hiperinflação. É desconfortável respirar quando o pulmão se torna hiperinflado.
Como é realizada a Redução do Volume Pulmonar?
O procedimento é realizado por uma operação torácica minimamente invasiva, sob anestesia geral e por pequenas incisões em um dos lados do tórax; são removidos de 20 a 30% do tecido pulmonar mais doente; e, são inseridos drenos torácicos para impedir o acúmulo de líquidos ou de ar no interior do tórax, os quais são removidos após alguns dias; o tempo de internação hospitalar dependerá da evolução pós-operatória, em geral cerca de 10 dias; caso haja intercorrências, a duração da internação irá aumentar.
Quais são os benefícios e riscos da Redução do Volume Pulmonar?
A maioria dos operados – cerca de 80% – se beneficia da Redução do Volume Pulmonar; aproximadamente 68% deles tem chance de abandono do uso de oxigênio; 85% tem chance de não mais necessitar corticosteroides com uma melhora de 60% na função pulmonar; entretanto, 20% dos doentes que fazem o procedimento não sentem o benefício da intervenção; risco de complicações é de até 35% e a mortalidade é 1 a 4%.
Quais os testes para identificar o candidato ideal para Redução do Volume Pulmonar?
Candidatos para Redução do Volume Pulmonar devem atender a critérios rigorosos. Uma avaliação clínica e fisiológica completa inclui pletismografia respiratória com prova de função pulmonar completa, teste de caminhada de seis minutos, medida da difusão do monóxido de carbono, gasometria arterial, tomografia computadorizada de tórax, eletrocardiograma, ecocardiograma, teste cardiorespiratório de exercício e cintilografia de perfusão pulmonar.
Redução Broncoscópica do Volume Pulmonar com Válvulas
Esta é uma alternativa menos invasiva para Redução do Volume Pulmonar; o procedimento envolve implantação de pequenas válvulas nas vias aéreas que suprem a parte mais comprometida do pulmão doente. É utilizada uma câmera de fibra óptica chamada broncoscopia para inserir as válvulas sob anestesia geral. As válvulas impedem que o ar entre nas áreas mais doentes do pulmão e, portanto, as colapsa. Isso tem efeito semelhante à remoção das áreas do pulmão por operação minimamente invasiva; o tempo de internação hospitalar é de pelo menos cinco dias, salvo ocorram intercorrências.
Quais são os benefícios e riscos da Redução Broncoscópica do Volume Pulmonar?
Em doentes selecionados, as válvulas endobrônquicas podem melhorar a função pulmonar, capacidade de exercício e qualidade de vida. A principal complicação da colocação da válvula é quando ocorre uma rotura de alvéolos e vazamento de ar. Isso pode levar o pulmão a entrar em colapso, chamado pneumotórax. Isso acontece em cerca de 25% dos casos. O pneumotórax pode causar dor no peito e aumentar a falta de ar. Pode ser necessária a inserção de um dreno em seu tórax para o ar ser eliminado. Isso significa alguns dias a mais no hospital. Geralmente, se ocorrer um pneumotórax, será logo após o procedimento. É por isso que você será observado no hospital por cinco dias.
O que é melhor: Broncoscopia ou Operação Minimamente Invasiva?
Ambos os tratamentos são eficazes em doentes cuidadosamente selecionados e a escolha do tipo de intervenção, fica sob a definição de uma equipe multidisciplinar de especialistas em enfisema pulmonar que analisa as características individuais de cada doente.
Estatísticas
- A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é uma doença complexa, heterogênea, multimórbida e progressiva, sendo considerada uma doença multissistêmica, 2023 Gold Report (goldcopd.org)
- É a mais importante causa de morbidade crônica no mundo por seus múltiplos fenótipos: 400 milhões de pessoas com DPOC, Centers for Disease Control and Prevention (cdc.gov);
- A DPOC é uma das três principais causas de morte no mundo: a letalidade é de quatro milhões de pessoas. A previsão da Organização Mundial da Saúde é de que até 2030 a doença será a primeira principal causa de morte globalmente, Organização Mundial da Saúde (who.int);
- No Brasil, a prevalência da DPOC alcança 17% entre pessoas acima de 40 anos, Epidemiology of Chronic Obstructive Pulmonaru Disease in Brazil (sicelo.br);
- Nos Estados Unidos, a DPOC se destaca como a principal causa de morte entre adultos. (copdfoundation.org)
- Os custos globais para o tratamento de patologias relacionadas à DPOC devem atingir US$ 5 trilhões até 2030, reforçando o peso dessa condição na saúde pública mundial. (copdfoundation.org)
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