LOURIVALDO INDO PRO TRABALHO

Penso nele apressado pra chegar no trabalho, penso em todos os outros também apressados, apertados, uma luta por lugar, metáfora cotidiana

Fonte: José Danilo Rangel - Publicada em 23 de maio de 2025 às 08:55

LOURIVALDO INDO  PRO TRABALHO

Não atrapalhou nem o trânsito…

Não dizer do horror, porque não tem 
como; nem calar, porque algo vivo 
se debate entre os dentes, incha: 
uma raiva, uma dor, uma bomba

Penso nele apressado pra chegar
no trabalho, penso em todos os outros
também apressados, apertados, 
uma luta por lugar, metáfora cotidiana

Penso nos gritos dele, penso em todos
os outros lá, ouvindo os gritos dele,

Socorro! Alguém faz alguma coisa!
Filme de terror logo pela manhã…

Penso na máquina que não ouviu
e por isso, não parou, seguiu

Penso no choro.

Penso nele que não voltou pra casa, 
penso em todos os outros voltando 
com o horror nos olhos e esse crime 
pra contar e falar da impunidade

A gente não vale nada…

Penso no pai dele se perguntando
como

Penso no sangue, penso naqueles 
que viram, naqueles que tiveram 
que lavar, naqueles que chegaram 
pra investigar

Naqueles que saíram outros, 
mudados, naqueles que ouviram
a notícia, que viram na TV.

Penso naqueles com medo, porque
podia acontecer com eles
— e elas!

Penso naqueles que lucram, naqueles 
que pensam apenas no lucro, 
mais frios que a máquina,

Penso nesses desgraçados
e seus sapatos chiques
superfaturados

Todo dia esmagando a gente.

LOURIVALDO INDO PRO TRABALHO

Penso nele apressado pra chegar no trabalho, penso em todos os outros também apressados, apertados, uma luta por lugar, metáfora cotidiana

José Danilo Rangel
Publicada em 23 de maio de 2025 às 08:55
LOURIVALDO INDO  PRO TRABALHO

Não atrapalhou nem o trânsito…

Não dizer do horror, porque não tem 
como; nem calar, porque algo vivo 
se debate entre os dentes, incha: 
uma raiva, uma dor, uma bomba

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Penso nele apressado pra chegar
no trabalho, penso em todos os outros
também apressados, apertados, 
uma luta por lugar, metáfora cotidiana

Penso nos gritos dele, penso em todos
os outros lá, ouvindo os gritos dele,

Socorro! Alguém faz alguma coisa!
Filme de terror logo pela manhã…

Penso na máquina que não ouviu
e por isso, não parou, seguiu

Penso no choro.

Penso nele que não voltou pra casa, 
penso em todos os outros voltando 
com o horror nos olhos e esse crime 
pra contar e falar da impunidade

A gente não vale nada…

Penso no pai dele se perguntando
como

Penso no sangue, penso naqueles 
que viram, naqueles que tiveram 
que lavar, naqueles que chegaram 
pra investigar

Naqueles que saíram outros, 
mudados, naqueles que ouviram
a notícia, que viram na TV.

Penso naqueles com medo, porque
podia acontecer com eles
— e elas!

Penso naqueles que lucram, naqueles 
que pensam apenas no lucro, 
mais frios que a máquina,

Penso nesses desgraçados
e seus sapatos chiques
superfaturados

Todo dia esmagando a gente.

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