Lula entra no jogo

O Lula que entrará em cena não é o Lulinha “paz e amor”, da candidatura vitoriosa em 2002, resultado de decisões da ocasião. Funcionou, porque de verdade Lula é de conciliação e diálogo

Denise Assis
Publicada em 10 de março de 2021 às 14:49
Lula entra no jogo

Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia

Chacoalharam o tabuleiro. Em entrevista coletiva na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, nesta quarta-feira, às 11h, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar que entrou na disputa. Apesar de estar sendo acolhida com cautela pelo Partido dos Trabalhadores (PT), a decisão do ministro Edson Fachin de anular nesta segunda-feira, (08), todas as condenações do ex-presidente Lula, pela Justiça Federal do Paraná, no âmbito da Operação Lava Jato, ele entra no jogo com grandes chances para 2022.

A decisão do ministro Fachin deve ter abalado Bolsonaro, que vive o seu pior momento político, com os óbitos pela covid atingindo a média de 1500 por dia, o filho Eduardo Bolsonaro sob a mira do FBI (EUA), suspeito de ter participado das articulações para a invasão ao Capitólio, no dia 6 de janeiro e Flávio sendo alvo de suspeitas sobre a compra da mansão de seis milhões. Isto, sem falar no vai e vem do seu (ainda) ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que não se entende com os números de vacinas que diz ter encomendado, não dá conta de fazê-las chegar e, muito menos, de distribuí-las aos estados, cujos governadores já o ignoram e partem para cuidar da população.

Em compensação, Lula que já havia dado o sinal verde para Fernando Haddad sair pelo país a expor o programa do partido, agora é lançado, como bem definiu o ex-senador (MDB), Roberto Requião, como “candidato natural” à presidência, capaz de unir as esquerdas. Segundo Requião, Lula com os seus direitos recuperados, tem todas as condições de aglutinar forças e fazer frente a Bolsonaro com grande chance de vitória. “Sem dúvida que ele é o nome. Muda tudo”, prevê.

A notícia veio um dia depois do Ipec, instituto de pesquisa criado pelos ex-diretores do Ibope, ter anunciado Lula com 50% de potencial de votos para a corrida presidencial, deixando Bolsonaro para trás, com um índice de 38%. Para analistas políticos que se manifestaram a respeito da decisão de Fachin, após a analisar questões técnicas e processuais sobre a competência da 13.ª Vara Federal de Curitiba para julgar o petista, caso seja esta, mesmo, a decisão de Lula, a de entrar na disputa para valer, tudo vai depender da forma como se apresentar.

Claro que a mídia tradicional levou em conta analistas com viés conservador, verdadeiros tradutores do “medo” da direita da Faria Lima. Para eles, o ex-presidente só terá chances se “pisar esse chão devagarinho”. Começam, desde já, a delinear o discurso a ser feito pela “elite empertigada” sobre um suposto Lula “radical” de esquerda. Evidente que não estão falando de um Lula que leu, conversou, articulou com lideranças internacionais durante os 580 dias em que esteve preso em Curitiba, onde os seus processos não deveriam ter estado e muito menos ele, acusado sob falsas premissas, e em uma instância sem autoridade para processá-lo. O Lula que entrará em cena não é o Lulinha “paz e amor”, da candidatura vitoriosa em 2002, resultado de decisões da ocasião. Funcionou, porque de verdade Lula é de conciliação e diálogo. Seus governos provam isto. Desta vez, porém, Lula está de fato em paz, e esbanjando amor.

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