Mães em desvantagem: economia do cuidado aumenta a desigualdade entre gêneros no trabalho

As especialistas em diversidade e inclusão, Kaká Rodrigues e Renata Torres, repercutem estudos da ganhadora do Prêmio Nobel sobre as mulheres no mercado de trabalho e como isso atinge diretamente as mães

Fonte: Assessoria - Publicada em 07 de maio de 2024 às 10:06

Mães em desvantagem: economia do cuidado aumenta a desigualdade entre gêneros no trabalho

A economia do cuidado vem ganhando cada vez mais destaque nos últimos anos. Não por acaso, uma pesquisa recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra que as mulheres trabalham 11 horas por semana a mais que os homens em trabalhos domésticos e de cuidados com outras pessoas, sem receber valor algum por essa ocupação. Essa conta traz uma relação intrínseca com a maternidade: as mães com filhos pequenos precisam ter uma dedicação maior ainda, o que afeta diretamente seus trabalhos remunerados e aumenta a diferença entre homens e mulheres no mercado de trabalho.

A disparidade entre os gêneros tem outros fatores agravantes, conforme constatou a vencedora do Prêmio Nobel da economia em 2023, a professora Claudia Goldin. Segundo a docente de Harvard, a oferta de cuidados é distribuída de forma desigual na sociedade, recaindo mais intensamente sobre as mulheres, e impulsionada por uma visão patriarcal sobre a maternidade. A cultura organizacional que foi estabelecida nos últimos anos também contribui. O “greedy work”, expressão para caracterizar o emprego que gratifica as pessoas colaboradoras que estão sempre disponíveis, mesmo fora do horário comercial, já coloca essas mães em desvantagem.

A especialista em diversidade e inclusão, Renata Torres, cofundadora da consultoria Div.A - Diversidade Agora!, explica como isso afeta diretamente a sociedade e principalmente as mulheres com filhos. “Esse conceito de ‘greedy work’ está levando pessoas colaboradoras à exaustão na busca por mais remuneração, afetando a saúde psicológica e trazendo estados de burnout em todo o mundo, além de desvalorizar o trabalho de mães, que simplesmente não conseguem oferecer tanto horário disponível quanto dos homens, agravando a desigualdade entre salários”, ressalta.

A afirmação da especialista é confirmada pelo Relatório Nacional de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios, divulgado em março deste ano pelos ministérios do Trabalho e Emprego (MTE) e das Mulheres. Segundo o estudo, elas recebem 19,4% a menos que eles, mesmo exercendo cargo igual ou semelhante, em 49 mil empresas nacionais com mais de 100 funcionários.

Outro apontamento da ganhadora do Nobel é a questão da flexibilidade no trabalho, que continua sendo uma resistência das organizações, mesmo após a expansão deste conceito durante a recente pandemia de Covid-19.

Kaká Rodrigues, também cofundadora da Div.A e especialista em diversidade e inclusão, esclarece como as organizações podem auxiliar as famílias e pessoas cuidadoras neste quesito. “A flexibilidade no trabalho ainda é um tabu nas culturas organizacionais mais conservadoras, que lutaram contra o home office mesmo durante a pandemia e de outras mais que tentam retornar ao trabalho presencial 100%. A adoção de uma cultura organizacional voltada para a flexibilidade não diminuiria as horas de trabalho e daria um controle melhor do tempo livre para as pessoas que necessitem, que são principalmente as mães”, fundamenta a especialista.

Ainda que algumas atitudes não fossem resolver a disparidade de maneira absoluta, já representaria um grande passo na busca pela equidade de gêneros no trabalho. “É preciso que as lideranças comecem a olhar para essas questões com mais atenção e de forma urgente, para que possam evoluir a cultura de suas organizações e propagar um olhar mais empático sobre a relação da maternidade com o mercado de trabalho”, concluem as especialistas da Div.A.

Mães em desvantagem: economia do cuidado aumenta a desigualdade entre gêneros no trabalho

As especialistas em diversidade e inclusão, Kaká Rodrigues e Renata Torres, repercutem estudos da ganhadora do Prêmio Nobel sobre as mulheres no mercado de trabalho e como isso atinge diretamente as mães

Assessoria
Publicada em 07 de maio de 2024 às 10:06
Mães em desvantagem: economia do cuidado aumenta a desigualdade entre gêneros no trabalho

A economia do cuidado vem ganhando cada vez mais destaque nos últimos anos. Não por acaso, uma pesquisa recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra que as mulheres trabalham 11 horas por semana a mais que os homens em trabalhos domésticos e de cuidados com outras pessoas, sem receber valor algum por essa ocupação. Essa conta traz uma relação intrínseca com a maternidade: as mães com filhos pequenos precisam ter uma dedicação maior ainda, o que afeta diretamente seus trabalhos remunerados e aumenta a diferença entre homens e mulheres no mercado de trabalho.

A disparidade entre os gêneros tem outros fatores agravantes, conforme constatou a vencedora do Prêmio Nobel da economia em 2023, a professora Claudia Goldin. Segundo a docente de Harvard, a oferta de cuidados é distribuída de forma desigual na sociedade, recaindo mais intensamente sobre as mulheres, e impulsionada por uma visão patriarcal sobre a maternidade. A cultura organizacional que foi estabelecida nos últimos anos também contribui. O “greedy work”, expressão para caracterizar o emprego que gratifica as pessoas colaboradoras que estão sempre disponíveis, mesmo fora do horário comercial, já coloca essas mães em desvantagem.

A especialista em diversidade e inclusão, Renata Torres, cofundadora da consultoria Div.A - Diversidade Agora!, explica como isso afeta diretamente a sociedade e principalmente as mulheres com filhos. “Esse conceito de ‘greedy work’ está levando pessoas colaboradoras à exaustão na busca por mais remuneração, afetando a saúde psicológica e trazendo estados de burnout em todo o mundo, além de desvalorizar o trabalho de mães, que simplesmente não conseguem oferecer tanto horário disponível quanto dos homens, agravando a desigualdade entre salários”, ressalta.

A afirmação da especialista é confirmada pelo Relatório Nacional de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios, divulgado em março deste ano pelos ministérios do Trabalho e Emprego (MTE) e das Mulheres. Segundo o estudo, elas recebem 19,4% a menos que eles, mesmo exercendo cargo igual ou semelhante, em 49 mil empresas nacionais com mais de 100 funcionários.

Outro apontamento da ganhadora do Nobel é a questão da flexibilidade no trabalho, que continua sendo uma resistência das organizações, mesmo após a expansão deste conceito durante a recente pandemia de Covid-19.

Kaká Rodrigues, também cofundadora da Div.A e especialista em diversidade e inclusão, esclarece como as organizações podem auxiliar as famílias e pessoas cuidadoras neste quesito. “A flexibilidade no trabalho ainda é um tabu nas culturas organizacionais mais conservadoras, que lutaram contra o home office mesmo durante a pandemia e de outras mais que tentam retornar ao trabalho presencial 100%. A adoção de uma cultura organizacional voltada para a flexibilidade não diminuiria as horas de trabalho e daria um controle melhor do tempo livre para as pessoas que necessitem, que são principalmente as mães”, fundamenta a especialista.

Ainda que algumas atitudes não fossem resolver a disparidade de maneira absoluta, já representaria um grande passo na busca pela equidade de gêneros no trabalho. “É preciso que as lideranças comecem a olhar para essas questões com mais atenção e de forma urgente, para que possam evoluir a cultura de suas organizações e propagar um olhar mais empático sobre a relação da maternidade com o mercado de trabalho”, concluem as especialistas da Div.A.

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