Moraes promete punir 7/9 golpista
"Bolsonaro poderá ser a primeira vítima da Justiça 'célere, firme e implacável' apregoada por Moraes", diz Alex Solnik
Cerimônia de posse do ministro Alexandre de Moraes como presidente do TSE - 16/08/2022 (Foto: Antônio Augusto/Secom/TSE)
O ministro Alexandre de Moraes acertou em cheio ao organizar uma cerimônia de posse na presidência do TSE totalmente sem precedentes. O momento dramático por que passamos merecia.
Nunca fora realizada num auditório repleto, com 2000 convidados, dentre os quais 22 governadores, embaixadores de mais de 50 países, deputados, senadores, advogados, juristas, ministros do STF, etc.
Nunca foram convidados todos os ex-presidentes da República. Faltaram dois. Fernando Henrique justificou o forfait; de Collor, ninguém falou.
O auditório, que aplaudiu Moraes, calorosamente, em vários momentos (só faltaram os gritos de “bis”, como nas óperas) mostrou ao presidente da República, o convidado especial da noite, que a maioria apoia, em alto e bom som, as urnas eletrônicas, o respeito ao resultado e o estado democrático de direito. Ele era, ali, um estranho no ninho. A sua claque não foi convidada.
Além de não aplaudir, no que foi acompanhado por um dos filhos, Carluxo, mas não por seus aliados no STF, Kássio Nunes e André Mendonça, Bolsonaro ficou visivelmente contrariado com tudo aquilo.
Mais acabrunhado ainda ficou quando Moraes prometeu punir manifestações contrárias ao estado democrático de direito com o mesmo rigor que as fake news e os discursos de ódio.
Não precisou mencionar o 7 de setembro. Todos entenderam.
Bolsonaro poderá ser a primeira vítima da Justiça “célere, firme e implacável” apregoada por Moraes.
Cabe a ele decidir se aborta o teor antidemocrático do evento, com ataques ao STF e às urnas eletrônicas ou se desafia o novo presidente do TSE.
A punição máxima, como se sabe, é a impugnação da candidatura.
Alex Solnik
Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"
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