Moro manda indireta a Bolsonaro: 'criatura do pântano' em luta pelo poder

"As tentativas de acabar com a Lava Jato representam a volta da corrupção. É o triunfo da velha política e dos esquemas que destroem o Brasil e fragilizam a economia e a democracia

Brasil 247
Publicada em 08 de outubro de 2020 às 11:44
Moro manda indireta a Bolsonaro: 'criatura do pântano' em luta pelo poder

Jair Bolsonaro e Sergio Moro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

O ex-juiz Sérgio Moro, que elegeu Jair Bolsonaro ao perseguir e prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato, reagiu à declaração de seu ex-chefe, que disse ter acabado com a Lava Jato porque a corrupção também acabou no Brasil. Segundo ele, Bolsonaro se rendeu à velha política e está se transformando numa "criatura do pântano". Detalhe: a condenação de Lula por Moro é contestada pelos maiores juristas do Brasil e do mundo. Abaixo, o tweet de Moro e reportagem da Reuters:

 

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira que acabou com a Lava Jato porque, segundo ele, não há mais corrupção no governo, no momento em que se alia politicamente a investigados da operação no Congresso e se aproximou de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) críticos à investigação.

“É um orgulho, uma satisfação que eu tenho dizer para essa imprensa maravilhosa nossa que eu não quero acabar com a Lava Jato, eu acabei com a Lava Jato, porque não tem mais corrupção no governo”, disse Bolsonaro, sob palmas, em evento no Palácio do Planalto para lançamento do programa Voo Simples, de medidas para o setor aéreo.

“Sei que não é virtude, é obrigação”, afirmou o presidente, ao destacar que faz um governo de “peito aberto”.

Bolsonaro indicou o desembargador Kassio Nunes, do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1), para a cadeira ocupada atualmente pelo decano do STF, Celso de Mello, que se aposenta na próxima semana.

Nunes é tido como garantista e conta no Supremo e no Congresso, respectivamente, com o respaldo de ministros e parlamentares críticos da Lava Jato.

Na solenidade no Planalto, sem citar o nome do desembargador, Bolsonaro fez uma defesa de suas indicações. “Quando eu indico qualquer pessoa para qualquer local, eu sei que é uma boa pessoa tendo em vista a quantidade de críticas que ela recebe da grande mídia”, ironizou.

O desembargador vai ser sabatinado pelo Senado no dia 21 de outubro e, se for aprovado, empossado a seguir como ministro do STF, a primeira indicação de Bolsonaro para a corte.

Bolsonaro foi eleito em 2018 no rastro da bandeira de combate à corrupção e fazendo uma defesa enfática da Lava Jato. Escalou para seu governo o ex-juiz Sergio Moro, símbolo da operação, como ministro da Justiça e Segurança Pública.

Contudo, após desentendimentos com Moro, que o acusou de tentar interferir na Polícia Federal, o presidente demitiu-o do governo no final de abril e acabou por se aproximar de investigados na operação.

Comentários

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    Negro 08/10/2020

    O orgulho e a vaidade cegaram o "TRAÍDOR" Sérgio Moro. Simples assim!

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