Município completa 27 anos; seria Apediá, mas o gosto de sua gente prevaleceu
Com população predominantemente do norte, Primavera de Rondônia faz 27 anos. Inicialmente, queriam denominá-la Apediá, por causa dos homônimos de Primavera no Pará e no Pernambuco
Agricultores de Primavera reunidos durante solenidade do Governo do Estado: compromisso com agricultura forte
Primavera de Rondônia, que inicialmente seria Apediá, fica a 545 quilômetros de Porto Velho e nesta terça-feira (22) faz 27 anos projetando a consolidação das produções leiteira e cafeeira. O município imita-se ao norte com Pimenta Bueno, ao sul com Parecis, e a leste com São Felipe d’Oeste.
Dos 3,52 mil moradores, 1,65 mil nasceram em estados da região Norte, notadamente Rondônia; os demais são 223 migrantes nordestinos e 694 sudestinos. No total, 1,85 mil homens e 1,66 mil mulheres. Trinta se casaram em 2019, apenas quatro se divorciaram, informa o Cartório de Registro Civil.
Seus 3,52 mil moradores distribuídos por 605,6 km são em sua maioria pequenos agricultores. O rebanho bovino totaliza 76.120 cabeças, do qual há 5008 vacas leiteiras ocupando 41 mil hectares de pastagens. O laticínio local produz mussarela.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) coletados em 2017, dos 64.398 ha de áreas rurais, 62.866 ha tinham 62.866 proprietários com terras tituladas coletivamente.
Este ano, a 11ª Residência Regional do Departamento de Estradas de Rodagem e Transportes (DER) de Pimenta Bueno executou serviços de patrolamento, encascalhamento, limpeza lateral de vegetação com motoniveladora, levantamento do greide da pista e sistema de drenagem (saídas de água) na rodovia RO-494, popularmente conhecida como “Kapa 24”, que interliga Primavera de Rondônia com as ROs-491 (Linha-45), 489, e 495, aos distritos de Novo Plano e Querência do Norte e ao município de Parecis.
Em janeiro, com investimentos de R$ 682 milhões, o Governo do Estado entregou ao município a ponte sobre o rio Araras, na Linha 34, km 2,80.
AGROPECUÁRIA
O plantel equino de Primavera totaliza 799 cabeças. Outros plantéis: 3.435 galináceos, 524 suínos, 524, e 132 ovinos. A agricultura sustenta-se pelos 500 quilos de amendoim/ha com safra de uma tonelada, numa área plantada de apenas dois hectares; com o arroz em casca, que ocupa 800 ha, rende 1,76 t e tem rendimento médio de 2,2 t/ha; e com os 250 ha de feijão, que rende 105 t, na média de 420 kg/ha; e os 700 ha de milho, que rendem safra de 1,54 t.
Este ano, a Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri) distribuiu 180 mil mudas de café clonal a mais de 70 agricultores familiares de Primavera, visando à revitalização da lavoura cafeeira no Estado. O benefício faz parte do programa Mais Café, pelo qual o Poder Executivo pretende elevar para quatro milhões de sacas a produtividade nos próximos três anos. Os produtores nada precisaram pagar pelas mudas, e cada um recebeu 1,5 mil a 5 mil mudas.
O prefeito Eduardo Bertoletti Siviero, inovou ao publicar no site da Prefeitura os deveres de um detentor desse cargo: “Ele deve lidar com a Câmara e se relacionar com organizações comunitárias, lideranças locais, buscando o seu apoio, quando necessário, consultando-as e ouvindo-as para conhecer suas aspirações e suas necessidades de modo a integrá-las ao processo decisório municipal e governar com a comunidade”.
Esse compromisso vai ao encontro de um fator preocupante aos pequenos municípios rondonienses e amazônicos: a ameaça de retornarem à condição de distrito*. “Ao ser eleito por meio do voto direto, o prefeito, passa a partir daí a fazer parte do poder político executivo e tem como principal dever propiciar o bem-estar da sociedade pela qual foi eleito”, acrescentou Siviero.
APEDIÁ
Primavera surgiu com esse nome, a partir do Núcleo Urbano de Apoio Rural do Projeto de Colonização Abaitará, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Em 2020, conforme o IBGE, circulavam em Primavera: 510 veículos, 71 caminhões, 272 caminhonetes, 105 motonetas, 16 ônibus, 16 reboques, 15 camionetas, e 11 utilitários mas a predominância é de motos: 753.
O projeto de emancipação tramitou na Assembleia Legislativa, somando-se aos municípios que também ganhariam autonomia, pela Constituição de 1989. No item X, do Parágrafo Único, do Artigo 42º, constava o nome de Apediá, referente a um povo indígena situado na região onde mais tarde foi criado o município de Pimenta Bueno.
Mais 170 mil mudas de café foram entregues em janeiro deste ano
O falecido jornalista e historiador Emanuel Pontes Pinto escreveu em seu livro Caiari: lendas, proto-história e história, em 1986, que Rondon batizou esse rio em homenagem a José Antônio Pimenta Bueno, Marquês de São Vicente, presidente da Província de Mato Grosso (1835 a 1836), nomeado pelo Imperador D. Pedro I em 5 de novembro de 1835.
Alertado pelo então delegado do IBGE, Gerino Alves, da existência de homônimos em municípios do Pernambuco e do Pará, o então presidente da Assembleia, deputado Amizael Gomes da Silva propôs o plebiscito, no qual não fora alcançado o número mínimo de eleitores para referendo da proposta de emancipação.
Assim, Apediá deixou de ser município junto com os outros 17 que obtiveram suas autonomias administrativas no dia 13 de fevereiro de 1992. Lideranças do lugar se reuniram, decidindo que se mantivesse no projeto de emancipação o nome de Primavera, acrescentando-se a expressão “de Rondônia” para diferenciá-lo dos municípios já existentes.
E assim ocorreu: a Lei nº 569, de 22 de junho de 1994 criou Primavera de Rondônia, desmembrada de Pimenta Bueno, sancionada pelo governador Oswaldo Piana Filho.
ESTATÍSTICA
PIB: R$ 40,9 milhões
PER CAPITA: R$ 10,7 mil
IDH: 0,691 (médio)
* Em 2018, entre os critérios exigidos pela Câmara dos Deputado para a criação de novos municípios, estava a necessidade de a população do novo município [e do que foi desmembrado] ser de, pelo menos, 6 mil habitantes nas regiões Norte e Centro-Oeste; 12 mil habitantes no Nordeste; e 20 mil no Sul e no Sudeste. O texto fora vetado pela então presidente Dilma Rousseff porque “causaria desequilíbrio de recursos dentro do estado e acarretaria dificuldades financeiras não gerenciáveis para os municípios já existentes. Além disso, a criação de municípios implicaria redivisão de recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Hoje, o Brasil tem 5.570 municípios.
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