Não deixem Porto Velho jogada ao Léo, ajudem-no a governar
É o que se espera e o que se tem para dizer até o momento
Ao longo da história, em especial a de Rondônia, muitos governantes, tanto estaduais como municipais, já tiveram sua gestão arruinada não por seus adversários ou mesmo inimigos políticos, mas pela corte de aduladores que permitiram formar-se em torno deles. Citar nomes seria abusar da crueldade. Que fique, pois, por conta de cada leitor tal anamnese.
Detenhamos no caso atual, na estrela que sobe neste momento: o prefeito eleito Léo Moraes. A primeira reflexão que cabe a ele fazer é quanto à diferença entre o cargo de chefe do Poder Executivo Municipal e os cargos parlamentares que exerceu nas três esferas da Federação, como vereador, deputado estadual e federal. E a segunda é quanto à diversidade de competências e atribuições a serem assumidas pelos integrantes da equipe que chefiará, diferentemente do que ocorre em um órgão de atuação específica, como o Detran, por onde ele teve bem avaliada passagem.
Desejando-se – mais do que presumindo-se – que tenha já se ocupado de tais reflexões, há um outro ponto muito importante a ser trabalhado: a manutenção do diálogo com o povo. Não se trata de viralizar em redes sociais, nem de manter ao longo de sua gestão aparições em concentrações populares; ou de tornar o pastel de feira base de sua dieta. Haverá, doravante, de agir com alguma observância do que ficou imortalizado por José Sarney, quando presidente da República, sob o conceito de “liturgia do cargo”, obviamente guardadas as proporções entre o Palácio do Planalto e o Prédio do Relógio.
Porto Velho passa por um momento delicado: o Conselho Municipal da Cidade (ConCidade), colegiado de política pública responsável por fiscalizar e acompanhar a implementação do Plano Diretor, se encontra há três anos desprovido de uma lei que o defina e estruture. E seu regimento interno, que é o que restou de normatização desde que o prefeito e os vereadores revogaram a lei específica, se encontra cheio de brechas e distorções. Euma Tourinho, registre-se, foi a única candidata a prefeita que em campanha prestigiou com sua presença uma reunião do Conselho.
E é o tal Conselho da Cidade a mais adequada instância institucional para que se promova, de forma sistêmica e inteligente, o diálogo efetivo entre a gestão municipal e a sociedade civil. É necessário que o novo prefeito se disponha a dar a tal colegiado a atenção que, até mesmo por força de lei, ele merece: dotando-o de uma lei que o defina e estruture, dando-lhe efetivas condições estruturais e orçamentárias para seu funcionamento e sendo criterioso na nomeação dos representantes da Administração Pública para o compor. É o que se espera e o que se tem para dizer até o momento.
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