Cabine de votação na eleição municipal neste domingo, 6 de outubro. Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE |
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Se em algum momento os ventos à esquerda sopraram pelas capitais da Amazônia, eles definitivamente viraram à direita nesta eleição municipal. Vamos começar pelos quatro prefeitos já eleitos no primeiro turno entre as nove capitais da Amazônia Legal: Tião Bocalom, do PL, em Rio Branco; Dr. Furlan, do MDB, em Macapá; Arthur Henrique, do MDB, em Boa Vista; e Eduardo Braide, do PSD, em São Luís.
Capitais com prefeitos eleitos no primeiro turno:
RIO BRANCO
Tião Bocalom (PL)
MACAPÁ
Dr Furlan (MDB)
BOA VISTA
Arthur Henrique (MDB)
SÃO LUÍS
Eduardo Braide (PSD)
Capitais com decisão apenas no segundo turno:
MANAUS
David Almeida (Avante)
Capitão Alberto Neto (PL)
PALMAS
Janad Valcari (PL)
Eduardo Siqueira Campos (Podemos)
PORTO VELHO
Mariana Carvalho (União Brasil)
Léo (Podemos)
BELÉM
Igor (MDB)
Delegado Eder Mauro (PL)
CUIABÁ
Abilio (PL)
Lúdio (PT)
O MDB, representante tradicional do centrão, já começou elegendo dois candidatos às capitais (Macapá e Boa Vista), além de outros 160 prefeitos pela Amazônia. É o segundo partido com o maior número de prefeitos eleitos no primeiro turno, atrás apenas do União Brasil, que conquistou 188. O MDB ainda tem um nome forte no segundo turno em Belém: Igor Normando, apoiado por Helder Barbalho, governador do estado. A expectativa é que os eleitores progressistas da capital paraense passem a apoiar Igor em um movimento contra o outro candidato, o delegado Éder Mauro, do PL, bolsonarista declarado que se define como um político “antiesquerda” e defensor da bancada da bala.
Inclusive, o Partido Liberal (PL), o atual de Jair Bolsonaro, é o que mais se destaca entre as capitais, com quatro candidatos no segundo turno e a reeleição garantida neste domingo de Tião Bocalom, em Rio Branco, que destinou apenas 1,3% da receita à gestão ambiental durante seu mandato. Tião Bocalom é um forte defensor da agropecuária e da mineração na Amazônia. Em seu plano de governo, ele destaca que investiu R$ 250 milhões na agropecuária nos últimos quatro anos, valor quase cinco vezes maior do que o destinado ao meio ambiente. Apesar desse destaque entre as capitais, o PL ficou atrás do MDB nos municípios da Amazônia Legal, com 81 candidatos eleitos no primeiro turno para as prefeituras.
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Em Manaus, a disputa segue em aberto. No segundo turno, o eleitor deverá escolher entre o atual prefeito David Almeida, do Avante, e o capitão Alberto Neto, do PL. Como já explicou o Vocativo, esse resultado contrariou as pesquisas de opinião pública, que apontavam como favorito para o segundo turno o candidato Roberto Cidade, do União Brasil, aliado do atual governador Wilson Lima e presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).
Almeida conseguiu investir em Manaus uma porcentagem menor do orçamento para o meio ambiente do que Tião Bocalom investiu em Rio Branco. Ele destinou apenas 0,25% da receita (R$ 74,6 milhões) para a área ambiental desde o início do mandato, em janeiro de 2021. Ao mesmo tempo, liberou R$ 93 milhões somente neste ano para o Programa Mais Agro, voltado ao agronegócio.
A outra opção para o eleitor de Manaus que deseja votar em prol do meio ambiente também não é fácil. O bolsonarista capitão Alberto Neto, do PL, é deputado federal pelo Amazonas desde 2019 e, segundo o Ruralômetro, ferramenta da Repórter Brasil que avalia a posição dos congressistas em questões ligadas à pauta ambiental e de trabalhadores rurais, ele tem “febre ruralista”. Entre 20 projetos de lei votados no mandato de 2019 a 2022, ele se posicionou contra o meio ambiente em 15 e a favor em apenas 5.
E a esquerda? Até agora, a situação está difícil. O PT elegeu apenas nove prefeitos no primeiro turno na Amazônia Legal. Vale lembrar que mais de 80% dos municípios da região têm menos de 50 mil eleitores, ou seja, a maioria das eleições já foi decidida. O PSOL tinha a chance de reeleger Edmilson Rodrigues como prefeito de Belém, mas ele recebeu menos de 10% dos votos. Entre as capitais dos nove estados, apenas Cuiabá terá um segundo turno com um partido originalmente de esquerda: Lúdio, do PT, recebeu 28,3% dos votos e enfrentará Abílio, do PL, que foi o líder no primeiro turno, com 39,6%.
Como eu disse, os ventos sopram fortemente à direita.
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