Nos tempos da palmatória e do carroço de milho
Muitos país simplesmente deixam seus filhos na escola e exigem que o professor assuma a responsabilidade de educá-los visando sua formação moral, ética, espiritual, de cidadania, autoestima, entre outros valores, uma tarefa única e exclusivamente deles
Se você tem sessenta anos ou mais sabe do que eu estou falando. Antigamente, o professor era uma figura admirada e respeitada pelos alunos, pelos país dos alunos e pelas autoridades. Hoje, o professor é desrespeitado por quase todo mundo, mas, principalmente, por governantes, que o veem como um coitadinho, que é obrigado a fazer bicos em várias escolas para completar a renda do mês, alguém que só é lembrado às vésperas e durante as eleições por caçadores de votos. Essa figura extraordinária, cuja palavra, no passado, tinha força e poder, já foi chamada de mestre-escola, o mestre de primeiras letras, ou, então, o mestre de meninos, até chegarmos aos professores universitários e doutores de hoje, não importa o nome que se lhe dê, a missão é uma só: garantir a conservação das artes e o progresso das ciências pelo ensino e pela pesquisa, preparando os jovens de hoje para serem os homens e as mulheres de amanhã.
Sou do tempo em que a palmatória e o carroço de milho eram usados como ferramentas pedagógicas. Quem não sabia a lição recebia uma quantidade de bolos. Primeiro na mão direita. Depois na esquerda. Quando a aluno chegava em casa, com as mãos inchadas, tinha que explicar o motivo aos país ou responsáveis e, de quebra, ainda pegava uma surra. Os valentões, do tipo faço e arrebento, que ficavam bagunçando, não prestavam atenção a aula, e ainda atrapalhava os colegas, ficavam de joelho em carroço de milho, de frente para a parede. Nem por isso ninguém morria. E não me venha com essa história de que isso é desumano, uma crueldade. Crueldade é um moleque entrar em uma escola, matar o professor, colegas e ferir outros tantos. Isso sim é que é desumano. Depois, é mandado para um desses centros de recuperação, cuja maioria não recupera ninguém, passa uma temporada e, quando sai, geralmente sai pior do que entrou. Os exemplos estão aí para quem quiser vê-los.
O resultado disso é o que acompanhamos nas mídias e redes sociais. Deus é o grande ausente de muitos lares. A educação familiar praticamente desapareceu. Muitos país simplesmente deixam seus filhos na escola e exigem que o professor assuma a responsabilidade de educá-los visando sua formação moral, ética, espiritual, de cidadania, autoestima, entre outros valores, uma tarefa única e exclusivamente deles. Depois, ficam procurando bodes expiatório na tentativa de justificar o injustificável. Bons tempos eram aqueles da palmatória e do carroço de milho.
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