O cenário de 2018 não se repete, nem como farsa

"É possível imaginar os pobres esquecendo que Bolsonaro os tornou miseráveis, e que os miseráveis não sabem mais o que são?", escreve o colunista Moisés Mendes

Moisés Mendes
Publicada em 11 de março de 2022 às 17:41

www.brasil247.com - (Foto: Reuters)

Por Moisés Mendes, do Jornalistas pela Democracia

São fantasiosas as especulações em torno da hipótese de que Bolsonaro possa se manter com o apoio de um terço da população e chegar ao segundo turno contra Lula nas mesmas condições de 2018.

E aí, informam os formuladores desses delírios, tudo poderia acontecer. É a ‘análise’ que mais circula hoje, porque adivinhos do bolsonarismo vivem de adivinhar.

Mas tudo hoje é diferente. Bolsonaro enfrentou Fernando Haddad em 2018. A vice de Haddad era Manuela D’Ávila. As esquerdas conseguiram cometer o atrevimento de juntar dois nomes de esquerda numa tentativa de vencer a eleição sem Lula.

O PT, com Lula preso, chamou uma vice do PCdoB para a chapa, para atrair mulheres e jovens e quem estivesse mais à esquerda, para enfim rejuvenescer e ganhar vitalidade. E deu no que deu: Haddad e Manuela lutaram bravamente e não perderam feio. E teve a facada.

A eleição deste ano é de Lula contra Bolsonaro. E com Lula tendo Geraldo Alckmin de vice. Só um acidente tira Alckmin da parceria com Lula.

Imagine-se então, na hipótese de considerar Bolsonaro num segundo turno (o que só não acontecerá se Eduardo Leite ressuscitar a terceira via), que se repitam as condições de 2018.

Que a classe média em desatino corra para os braços de Bolsonaro, ainda em surto pelo fim do PSDB, e que a maioria tape o nariz e aceite Bolsonaro como ele é, só para acabar de novo com o PT.

O eleitor de 2018 acreditou, ou cometeu o autoengano de que acreditava, que Bolsonaro era meio ogro, meio admirador de torturadores, meio imbecil, meio vagabundo e meio corrupto. E acreditou que ele poderia ser meio de centro, meio sensato e até meio liberal.

O eleitor de 2018 tentava se convencer de que Bolsonaro não seria no poder o sujeito que ameaçou matar os adversários naquele discurso por celular para uma aglomeração na Avenida Paulista, entre o primeiro e o segundo turno.

Mas Bolsonaro é isto que está aí. Ele não é meio em nada. É inteiro, é completamente ogro, completamente imbecil, completamente admirador de torturadores.

É completamente líder de uma família investigada por todos os lados por corrupção. E ainda é completamente vagabundo.

Bolsonaro não andou na direção do centro, como fazem quase todos os que chegam ao poder, não negociou, não fez concessões e não parou de liderar a extrema direita.

Ampliou sua índole fascista e agora não tem como camuflar suas intenções. É um Mamãe Falei aperfeiçoado, com a diferença de que o deputado predador de mulheres pobres sabe onde fica a Ucrânia.

Mas é possível acreditar que esse Bolsonaro destruidor da economia, da educação, da saúde e do meio ambiente terá, no segundo turno, sem facada, sem outras surpresas e sem o jogo sujo das fake news, as mesmas chances de 2018?

Alguém leva a sério a possiblidade de Bolsonaro agregar as mesmas forças e os mesmos desencantados de 2018, com a gasolina a R$ 10, o gás de cozinha a R$ 120 e um pé de alface a R$ 5?

É possível imaginar os pobres esquecendo que Bolsonaro os tornou miseráveis, e que os miseráveis não sabem mais o que são?

É grandioso o esforço dos que tentam ver Bolsonaro superando milagrosamente todos os problemas que não consegue enfrentar, para chegar forte à eleição. Os esforçados são da turma do eu avisei.

Mas Bolsonaro não manda em ninguém, não sabe nada do que acontece e é controlado sem dificuldade pelos militares, pelo centrão e pela diretoria da Petrobras.

Mesmo assim, algo grave e imprevisto pode acontecer, articulado ou não pela extrema direita, e alterar os rumos da eleição? Pode.

O imponderável talvez nem seja um golpe. Nem a tentativa de esculhambar com a eleição. Mas com Bolsonaro, tudo pode.

Bolsonaro pode até desistir, e aí muda tudo. Mas Bolsonaro não terá a repetição do que teve em 2018, nem como farsa.

Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

Comentários

  • 1
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    damião 14/03/2022

    Sou Patriota, sou Bolsonaro, #Lulaladrão vai voltar p/cadeia

  • 2
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    OBSERVADOR 13/03/2022

    O jornazista esquerdeopata esquizofrênico vai continuar chorando e relinchando por muitos anos a fios pois o mestre dele e chefe da ORCRIM PTralha uma das mais peeigosas do mundo pois só saqueam dinheiros públicos, da saúde, educação, infraestrutura, segurança pública, Petrobras, Banco do Brasil, Correios, Casa da Moeda, Caixa Econômica Federal, BNDES entre outras estatais que foram surrupiadas pela ORCRIM PTralha desse Jornazista nunca mais voltará ao poder e seu chefe-mor, chefe da maior ORCRIM das Américas e uma das mais altas periculosidade do mundo Luladrão jamais voltará a desgovernar este país. Portanto, jornazista guarde seu chororô para chorar sentado no colo do seu bandido de estimação, o ex-presidiário e ladrão em abstinência de recursos públicos para roubar com companheiros como vc. O chororô é livre, é 0800 para as viúvas da ORCRIM PTralha como vc jornazista em abstinência junto com sua ORCRIM PTralha... Relincha mais discípulo de ladrão, do pai de todos bandidos brasileiros e jumento a soldos como vc... Chora mais....

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