O governo da bagunça

Seja qual for a explicação verdadeira, ou ainda que várias das alternativas acima possam ser assinaladas, independentemente de seu desfecho a crise do BB mostra que o governo é uma bagunça

Helena Chagas
Publicada em 14 de janeiro de 2021 às 19:54
O governo da bagunça

Jair Bolsonaro pediu a cabeça do presidente do Banco do Brasil, André Brandão, porque ele anunciou na segunda-feira um drástico plano de enxugamento, com a extinção de mais de 300 unidades Brasil e afora e um plano de demissão voluntária para cortar cinco mil funcionários. Mais do que confirmar que o liberalismo de Bolsonaro é de araque, o episódio mostra, acima de tudo, que a gestão do governo é uma bagunça. Afinal, embora seja uma empresa de capital aberto, o BB é um banco estatal, controlado administrativamente pelo  Executivo, que nomeia todos os seus principais dirigentes. 

Bolsonaro não sabia da reforma do BB? Impossível, pois no presidencialismo à brasileira esse tipo de ação tem que ser aprovada pelos escalões superiores, começando pelo ministro da Economia. Assessores do BB e da Economia contam que Paulo Guedes aprovou o plano, que este foi levado ao Planalto. Então, Bolsonaro sabia. Aliás, se não soubesse seria um caso mais grave ainda de desgoverno.

O mais provável é que o presidente da República não tenha lido, ou não tenha entendido bem o alcance das medidas que seriam anunciadas por Brandão: extinção de agências e dispensa de funcionários em meio à crise do desemprego, o que sempre tem impacto político. Também esta é uma possibilidade vexatória, por expor um presidente que não lê o que recebe ou não entende no que ouve. Um desastre.

Pior do que isso tudo é a hipótese de que Jair Bolsonaro conhecia, sim, as medidas de enxugamento do BB em detalhes, terá concordado com elas mas que, diante das reações, mudou de ideia.  Isso também é terrível para um gestor, seja ele responsável por uma carrocinha de cachorro-quente ou por um país. Concordar com decisões administrativas de subordinados, permitir que sejam tomadas e depois recuar, deixando a bomba estourar nas mãos de terceiros, é mais do que incompetência – é molecagem.   

Seja qual for a explicação verdadeira, ou ainda que várias das alternativas acima possam ser assinaladas, independentemente de seu desfecho a crise do BB mostra que o governo é uma bagunça. E que é em meio a esse desgoverno que começará a vacinação de milhões de  brasileiros para evitar que sejam mortos pela Covid-19.  

Comentários

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    Kleiton Ayala 15/01/2021

    A autora deste texto crítico não tem noção do volume de trabalho que deixa o Presidente Sr. Jair Messias Bolsonaro ocupado quase 24 horas por dia. Vocês pensam que o presidente tem vida boa? Criticar é fácil. Vejamos: De manhã, ele acorda cedo, e se prepara para sua tarefa principal, que é dar um alô à turma de desocupados que, diariamente, lambe suas botas diante do Planalto. Jair precisa falar asneiras que faça a turba rir, e tripudiar dos desafetos do bolsonarismo. Tem que debochar dos milhares de mortos da Covid, fazer propaganda de remédios que só funcionam em sua cabeça oca, afagar aos milicianos, falar mal de quem não pensa igual a ele, enfim, retroalimentar aos milhões de insanos que, diariamente, precisam ter algo para fazer, pensar e prosseguir seguindo seu mito pelas redes sociais. E ainda tem os cansativos passeios a SC, pescarias, natação no mar com uma tropa de outros desocupados. Sem falar nos passeios ao litoral carioca e paulista, para se exibir aos eleitores. Enfim, a vida do JMB é uma verdadeira maratona de atividades. Governar o país? Besteira! Isso é coisa para os muitos militares estrategistas que ganham fortunas ocupando cargos para os quais não têm qualquer preparo. Deixem o homem trabalhar! Ah! Ainda tem o grande trabalho para evitar que a Justiça condene pessoas de sua honesta família, acusada da prática das rachadinhas.

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