"O problema não é o precatório, mas a má gestão dele", afirma presidente da Comissão de Precatórios do IASP

Especialista critica ministro da Economia que falou em destruição do país pelo pagamento das obrigações. Para Innocenti, Paulo Guedes ignora o que acontece quando uma dívida não é paga por décadas

Assessoria
Publicada em 09 de dezembro de 2020 às 16:44

Protelar indefinidamente o pagamento dos precatórios é um mau negócio para o país. A afirmação é de Marco Antonio Innocenti, sócio-diretor da Innocenti Advogados e presidente da Comissão de Estudos de Precatórios do IASP (Instituto dos Advogados de São Paulo).

Nesta terça-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse, durante participação no Seminário “Diálogo entre os Poderes”, promovido pelo Ieja (Instituto de Estudos Jurídicos Aplicados), que o país estaria sendo “destruído” pela “indústria de precatórios” e que talvez fosse preciso revisar as regras para reduzir esse custo.

“O precatório nada mais é do que o título de uma dívida decorrente de uma ação que o Estado perdeu na Justiça. Repito: é uma dívida do governo para com um cidadão ou uma empresa, que precisa ser paga, assim como se pagam fornecedores e os investidores que compram títulos públicos”, afirma Innocenti.

Innocenti destaca, ainda, que não é o precatório que é um problema para o país, mas a gestão ineficiente dessa dívida. “Se um cidadão tinha uma conta de luz e fica 20 anos sem pagar essa conta, o valor se multiplica de forma exponencial, porque incidem multa e juros de mora sobre aquele valor. No fim, a dívida é muito maior do que se ele tivesse pago a conta em dia. É por isso que qualquer planejador financeiro recomenda às pessoas que primeiro quitem suas dívidas. Com os precatórios é a mesma coisa, mas o ministro parece ignorar esse fato”, explica.

O advogado reforça que pagar a dívida em dia, além de ser dever do Estado e direito do credor, é também a forma mais racional de gerenciar essa dívida e aponta caminhos que podem ser mais vantajosos para o poder público. “Os governos precisam incentivar a composição de litígios e a conciliação de conflitos, em vez de deixar que eles perdurem por décadas no Judiciário, o que faz com que a dívida cresça de forma assustadora”, completa.

Innocenti lembra que a Constituição prevê o pagamento de obrigação e que há normas que podem ajudar o gestor públicos a garantir que o cidadão receba seus direitos.

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