Onde está o dinheiro?
A competente Policia Federal entrou no caso e já sentiu o cheiro desagradável de irregularidades no ar
O título da Coluna tem tudo que ver com a composição de Francisco Mattoso e José Maria de Abreu, interpretada pela cantora Gal Costa, que diz assim: “Onde está o dinheiro? O gato comeu, o gato comeu. E ninguém viu? O gato fugiu, o gato fugiu. O seu paradeiro está no estrangeiro. Onde está o dinheiro?” É exatamente isso que a opinião pública quer saber, ou seja, onde foi parar a dinheirama que o governo federal, por meio do Ministério da Saúde, destinou aos vinte e seis estados e o Distrito Federal para combate à pandemia do coronavírus. A competente Policia Federal entrou no caso e já sentiu o cheiro desagradável de irregularidades no ar.
Calcula-se que mais de setenta bilhões de reais teriam sido repassados a estados e municípios para auxiliá-los no combate à covid-19. Agora imagine quantas vidas poderiam ter sido polpadas se esse dinheiro tivesse sido usado adequadamente. Na hora do vamos ver, isto é, de comparecer à CPI da Pandemia para prestar sua versão dos fatos, houve quem preferisse enveredar pelo conhecido caminho de outras autoridades, quando pipocaram denúncias em suas áreas de atuação. Houve, ainda, quem enxergasse nas denúncias um suposto complô para prejudicá-lo politicamente, colocando-o contra a população.
Por enquanto, ninguém chegou às lagrimas, como aconteceu com aquele Ministro da Saúde, nos idos de 1991, quando irregularidades foram apontadas em sua pasta. No máximo, o que se viu e ouviu, até agora, foram desculpadas esfarrapas, que só convencem mesmo os néscios e bobos da corte. Antes não havia dinheiro para combater o vírus, que avançava rápido pelo país. O governo federal escancarou a porta do cofre e liberou os bilhões de reais. Agora, a suspeita de que os recursos não teriam sido aplicados corretamente. Aquisição de testes fajutos, kits e equipamentos que jamais foram entregues, compra de tendas de atendimento à população superfaturadas, além de aparelhos adquiridos ao arrepio das mais elementares exigências. Em todos os casos, indícios de malversação estariam presentes.
A reação dos responsáveis, longe de caracterizar-se pelo empenho em apurar tudo com o maior rigor. Em vez disso, muitos resolveram silenciar, indiferentes as lágrimas que rolaram dos olhos de tantas famílias que perderam seus entes queridos para esse vírus maldito. Como quase tudo que acontece no Brasil envolvendo o desvio de recursos públicos, essa parece ser mais uma experiência (triste experiência, por sinal!) que acabará em pizza.
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